Emprego & Formação

Marcas Próprias, Indústria e Pessoas

Por a 25 de Julho de 2008 as 9:30

ricardo simoes

Já passaram mais de 20 anos desde que em Portugal se lançaram as primeiras marcas próprias mas apenas recentemente temos assistido a um crescimento sustentado e perceptível para o consumidor. A falta de parceiros que forneçam o devido know-how em termos de certificação dos produtos, cumprimento de prazos de produção, parâmetros de qualidade e coordenação logística com os requisitos do sector trouxe uma emergência na busca de soluções para a satisfação desta necessidade.

Mesmo em tempos de crise, o consumidor português não comprará facilmente a marca própria sem esta satisfazer os requisitos de qualidade a que está habituado em larga medida nas marcas clássicas. Veja-se, a título de exemplo, a retirada das prateleiras de alguns produtos de higiene pessoal, área na qual ainda poucas marcas próprias alcançaram o seu espaço no leque de escolhas dos consumidores. Mas este é um problema a resolver pelos Marketeers. Em primeiro lugar, há que analisar o processo que antecede o lancamento de novos produtos neste segmento.

Novos players
Na Indústria, como na economia em geral, temos assistido, em diversos sectores, à especialização do negócio e ao complemento na oferta agregada de serviços e/ou produtos pela celebração de parcerias tendo em vista a complementariedade na oferta. Muitas marcas clássicas optaram por se concentrar naquilo que sabem fazer, actividades que sustentem e fortaleçam as suas marcas: Investigação & Desenvolvimento e todas as actividades de Marketing na colocação dos seus produtos com sucesso no mercado. A produção, em alguns casos, caiu fora da sua actividade. As indústrias que têm a seu cargo a responsabilidade de produzir para as grandes marcas detêm todas as competências necessárias à produção de marcas brancas, desde que o cliente lhes entregue todos os requisitos necessários para o efeito. Ora, é neste campo que surgem novos players no mercado e, nestes, novas valências nos profissionais que as integram. São empresas que apresentam soluções “chave na mão”: atestam a qualidade dos ingredientes e fórmulas sugeridas, procedem a todo o processo de licenciamento dos produtos junto dos organismos públicos, apresentam capacidade para a sua industrialização e ainda os mecanismos logísticos para o abastecimento da cadeia de distribuição.

Novas competências
Atente-se ao fosso existente entre a Grande Distribuição e a Indústria e as diversas categorias de produtos onde ainda não existe oferta correspondente em termos de marcas próprias. A partir deste cenário, é fácil imaginar as oportunidades de negócio que possam colmatar esta lacuna mas o mesmo não é verdade no que toca à selecção de quadros para o desempenho destas novas funções. Seja qual for a natureza original do parceiro de negócio da Grande Distribuição, o interlocutor terá de compreender e avaliar a capacidade produtiva que oferece ou subcontrata, terá de accionar os mecanismos legais (nacionais e comunitários) no licenciamento dos produtos e detectar no mercado novas marcas próprias emergentes, de modo a complementar o seu leque de oferta.

Carreiras & Recrutamento
Perante o cenário acima referido, será interessante verificar que profissionais vão assumir este papel. Cada vez mais, iremos assistir à migração de quadros técnicos para funções que não seriam à partida condizentes com a sua formação académica; quadros que transportem o seu saber industrial para a Grande Distribuição; profissionais que juntem, às competências de Engenharia, competências comerciais e de negociação. As oportunidades adivinham-se e os empresários mais audazes procuram estes profissionais. Pessoas que juntem ao seu background profissional e académico a motivação e adequação à assumpção destas responsabilidades, pessoas que tenham acumulado experiência no lado do cliente e do fornecedor.

Tenho-me deparado diariamente com profissionais que julgam ter visto esgotada a sua margem de progressão nos seus sectores de especialização. Dizem-se realizados nas responsabilidades que assumem mas estagnados na carreira que delinearam para si mesmos. Há que olhar em redor, saber quem valoriza o seu know-how e experiência adquirida e as oportunidades que lhes podem proporcionar, assumir o risco da mudança e integrar / liderar novos projectos empresariais.

A Indústria e a Grande Distribuição agradecem. O consumidor sairá a ganhar.

Ricardo Simões, Consultant – General Industry Hays Engineering&Construction, [email protected]

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