Emprego & Formação

Logística – Carreiras de Abastecimento?

Por a 16 de Maio de 2008 as 9:30

Ao longo dos anos, temos presenciado diversas alterações nas cadeias de distribuição, potenciadas pela necessidade de optimizar e responder a crescentes exigências das mesmas. A presença da logística nesta actividade – como elo entre fornecedor e distribuidor – tem acompanhando a sua sofisticação e estado, amiúde, na sua génese.Ora a logística em Portugal tem estado, ao nível dos Recursos Humanos, bastante atrasada em termos de conceitos e boas práticas verificadas noutros países.

Apesar dos profissionais que, nos anos 80 e 90, de uma forma empírica abriram caminho em Portugal para conceitos de logística e distribuição dedicados às grandes superfícies comerciais, apenas na última década surgiram instituições vocacionadas para formar quadros no sector.

Novas ideias, Novas tecnologias
Desde então e com maior incidência nos últimos 4 a 5 anos, temos assistido a uma “injecção de sangue novo” no sector logístico, visível em todos os planos deste sector, desde o operador ao fornecedor.

Com o acesso crescente a recursos de formação, a actualidade mostra-nos que não só o mercado da distribuição e logística está rejuvenescido ao nível de background académico e de novos conceitos nas operações, como também existe uma reciclagem de gerações que complementam a experiência adquirida com novas ferramentas de formação.

Comparativamente com a realidade de há 10 anos, o sector logístico em Portugal evoluiu de uma forma sustentada e acelerada, no que às qualificações dos seus recursos humanos diz respeito. Da mesma forma assistimos à implementação de novos conceitos de gestão relacionados com a logística, factor correlacionado com esta tendência.

Paralelamente, os prestadores deste sector – na grande maioria multinacionais que já operam em Portugal há vários anos – puderam, com a entrada de massa crítica, desenvolver novos processos, actualizar métodos de trabalho e nivelar boas práticas em paridade com outros países.

Prova desta conjuntura é a utilização, cada vez mais ampla, de tecnologia ao serviço das tarefas de operadores e cadeias de distribuição. A utilização de ferramentas electrónicas, leitores de códigos de barras, conferências virtuais de stocks, entre outros, são exemplos do que já existem no mercado há vários anos e que já ameaçam tornar-se banais.

Carreira ou Cadeia (de Abastecimento)?
Mas voltemos aos Recursos Humanos. A formação crescente no sector continuará a fomentar carreiras ou limitar expectativas?

O mercado de trabalho na área de logística encontra-se numa situação de quase equilíbrio, pelo que gradualmente, e à semelhança do cenário de outros sectores, começará a existir excedente de licenciados e qualificados na área, face ao que o mercado possa estar preparado para absorver.

Qual é então a solução para este premente problema?

A solução passará por se pensar uma carreira pelo início e não limitar expectativas fundadas em graus académicos.

Nem todos os licenciados se tornarão Directores de Operações ou de Logística, muitas vezes pelo simples facto de as empresas não terem a devida dimensão, outras vezes porque os próprios não desenvolverão as competências pessoais necessárias para o efeito. Os mesmos licenciados não deverão aspirar a uma carreira com início em gabinete, principalmente numa área dependente da correcta gestão de pessoas.

A solução passará por uma reestruturação sistémica e cultural entre organização e candidato. Existem ainda linhas de chefia, mais operacionais, que teriam muito a ganhar com a integração de quadros com maior formação a trabalhar em parceria consigo.

A integração massificada de licenciados em posições de acompanhamento destas chefias permitirá assim uma maior eficiência destas áreas, facilitando a interpretação e introdução de procedimentos e novas tecnologias. Paralelamente, com este investimento mútuo (das empresas na integração de profissionais mais qualificados e dos candidatos no início de uma carreira um pouco abaixo das expectativas), ambos sairiam a ganhar.

Um recém-licenciado que integre a área de logística, ao iniciar-se em funções próximas das operações, conhecerá a fundo a realidade da mesma.

Na tomada de decisão futura como eventual gestor, terá à partida visão de helicóptero e savoir-faire. Irá certamente prever mais riscos, obstáculos e ineficiências que não “vêm nos livros”.

As empresas, neste contexto, só terão a ganhar. E os licenciados agradecerão seguramente, ou não estarão na carreira de abastecimento certa.

João Maia, Section Manager Hays Engineering & Construction, [email protected]

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