Emprego & Formação

Que mercado de trabalho? Empregado ou Empregador?

Por a 2 de Maio de 2008 as 9:30

O “Empregador”
De uma forma rudimentar poderíamos definir empresa com uma entidade que presta um serviço, visando o lucro, através da satisfação de clientes, trabalhadores e accionistas. Porém, o valor de uma empresa e a sua capacidade de produzir liquidez, só pode ser analisada à vista da concorrência. Ora, sendo a concorrência composta por entidades com capacidade de prestação de um serviço similar, o sucesso de cada uma destas entidades está directamente ligado à forma como cada uma utiliza e gere os seus recursos para criar o mesmo resultado.

Esta gestão pode ser vista numa perspectiva global e numa perspectiva local. A primeira explica grandemente a saída de algumas empresas do mercado Nacional pela capacidade de produzirem o mesmo noutro local com outro espectro de economias de escala interna; Aqui, os custos mais baixos determinam este movimento.

A segunda explica a forma como se mobilizam profissionais e se potenciam as suas valências, sendo o seu sucesso baseado na capacidade de captar talento numa dada região ou sector em detrimento dos menos produtivos ou menos bem sucedidos.

O “(Des)Empregado”
Não obstante existir uma taxa de desemprego na ordem dos 8%, a verdade é que grande parte deste número é constituído por mão-de-obra não qualificada e recém licenciados.

O primeiro grupo é constituído por pessoas que não acompanharam a modernização e exigências do mercado, não se actualizando nas suas habilitações literárias e formações especializadas. Poderemos também explicar este fenómeno pelo facto de o Empregador não ter tido necessidade de realizar este investimento. Isto pode ter sucedido numa análise local (em que a concorrência não constituísse uma ameaça) ou numa perspectiva global (em que a empresa tenha considerado que os custos estavam controlados face ao mercado global).

A verdade é que, no desemprego de longa duração, ambos os lados terão falhado nesta equação: Empresas que não anteciparam o fim das fronteiras económicas e profissionais que pautaram pelo pouco investimento em formação e um sentimento de segurança assente na pouca mobilidade e segurança imposta por um código de trabalho rígido.

Os recém-licenciados entram tarde no mercado de trabalho. Trata-se de um conjuntura cultural. Existe uma ideia de que o curso é um investimento que só será rentabilizado se se iniciar a vida profissional precisamente na mesma área académica, como se só essa reconhecesse o valor, estatuto e conhecimentos adquiridos na vida académica.

Parece-nos que se verifica precisamente o contrário. Quantos profissionais se subjugam a trabalhos pro bono apenas para entrarem na sua área de formação? E quantos esperam anos por esta oportunidade esbanjando outros caminhos profissionais que, sendo fora da sua área de eleição, lhes dariam ao menos preparação para o mercado de trabalho e maior poder negocial no mesmo?

Quem comanda o mercado?
As empresas que privilegiam a qualificação e satisfação dos seus quadros – através de acções de formação, condições de trabalho adequadas, vencimentos justos, possibilidades de progressão na carreira e consequentemente integração em círculos de decisão – têm geralmente um turn over reduzido e são geralmente reconhecidas como atractivas, facilitando-lhes a captação de talento. A sua capacidade de criar valor é superior e os seus resultados e solidez em períodos de instabilidade são superiores.

Quem está no mercado e continua a desenvolver-se ganhou e ganha valor. Seja numa perspectiva global seja numa perspectiva local, estes profissionais ajustaram-se ao seu sector e ganham um peso crescente no mercado. Existem mais empresas que os procuram que profissionais disponíveis para a mudança. Aqui quem lidera o mercado é o profissional com resultados e franco poder negocial.

Este grupo é muitas vezes composto por sujeitos que, mesmo após a licenciatura, integraram rapidamente o mercado de trabalho. Não há coincidências.

A paridade entre Empregado e Empregador é um Jogo de Equilíbrio. Em mercados monopolizados, pouco dinâmicos e tecnologicamente deficitários, assistimos a um poder excessivo das empresas perante um grupo de trabalhadores pouco móveis, capacitados e com uma visão dos números de desemprego como ameaça.

Em mercados dinâmicos, estruturas assentes em objectivos, com forte presença de concorrência, assistimos a empresas sedentas pelos melhores, que se tornam activos em valorização. Para estes, como para muitos Países, 7% a 8 % de desemprego é pleno emprego.

António Costa, Senior Consultant & Team Leader Hays Engineering & Construction, [email protected]

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