Feiras

Carla Maia, Directora do Grupo Alimentação

Por a 18 de Abril de 2008 as 17:00

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“Queremos projectar a feira em termos qualitativos”

2008 marcará a estreia do Grupo Alimentação, evento a realizar de 7 a 10 de Maio na Exponor, no Porto. Durante anos, na cidade Invicta, as feiras para o sector agro-alimentar, bebidas e equipamentos sofreram de má organização. O sector espera agora um evento que justifique a ida ao Porto.

Desenhar um produto apetecível, com a criação de uma série de actividades, de forma a criar uma interacção entre o expositor e o visitante». Este é um dos pontos-chave da organização do Grupo Alimentação que tem como difícil tarefa fazer com que o sector volte a acreditar na feira do Porto. Vontade parece não faltar. Esperemos todos pelos quatro dias de Maio para comprovarmos isso mesmo.

Hipersuper (H.): Estamos perto do início do Grupo Alimentação 2008. Que desafios foram colocados à organização do evento?
Carla Maia (C.M.):
Temos sentido um grande número de feiras no sector e portanto existe a necessidade de transmitir a credibilidade do nosso produto, bem como alguma sustentabilidade para que ele tenha algum retorno para o expositor. Não tem sido tarefa fácil, porque em tempos anteriores a feira do Porto sofreu um grande abalo em termos de qualidade expositiva e de visitação, sabendo-se que este trabalho tem de ser contínuo, que não pode ser efectuado numa única edição. Por isso, em termos de comunicação, procuramos melhorar em termos de visitação para que na próxima edição já estejamos a falar de uma feira mais consistente.

H: No fundo trata-se de um ano zero?
C.M.:
Sim, no fundo trata-se de um ano zero. Há uma necessidade de reformulação da estratégia da feira, ir ao encontro dos expositores. O que estamos a tentar e queremos implementar, é um compromisso e um envolvimento do expositor de forma a podermos ir ao encontro das necessidades do mercado.

Acredito que cada vez menos as feiras são um local de exposição pura e simples, mas um encontro do sector, em que o expositor, em parceria com a organização, terá de desenvolver actividades que atraiam visitantes.

No fundo, os visitantes estão cansados de feiras, porque as feiras não apresentam novidades. Os visitantes vão fazer 200 ou 300 quilómetros para ir visitar uma feira e por isso essa feira tem de oferecer uma mais-valia.

Além disso, as actividades paralelas não podem ser somente do interesse da organização, porque aí não iremos ao encontro do visitante e expositor da feira.

H: E quem é o expositor tipo do Grupo Alimentação?
C.M.:
Gostaríamos que a nossa feira fosse um evento representativo de vários sectores. Aquilo que se passa em termos de percurso do Grupo Alimentação é que, neste momento, já temos um pavilhão muito interessantes no que toca a máquinas, equipamentos e embalagem. Contudo, em termos de “Alimentação” gostaríamos que fosse melhor e é preciso conquistar as grandes e pequenas marcas para participar na feira.

Como estas marcas estão a direccionar a sua comunicação para outro canal, é preciso revertermos esta estratégia de modo a irmos ao encontro do que querem.

H: Colocando-me do lado do expositor, o que é que me poderá levar a participar nesta feira?
C.M.:
Tentámos desenhar um produto que fosse apetecível e foram criadas uma série de actividades, de forma a criar uma interacção entre o expositor e o visitante. Outro ponto baseia-se na forte comunicação que estamos a desenvolver, muito direccionada e acreditamos que através dela consigamos fazer com que os profissionais se sintam impelidos a participar na feira.

No que toca às actividades paralelas, além do “Provar Portugal”, vamos ainda ter um espaço que acreditamos que seja um espaço de sucesso – Alimentação de Futuro – onde iremos tentar recriar alguns exemplos que possam servir de plataforma para os nossos visitantes.

Além disso, teremos seminários, workshops informativos para os visitantes. Como já referida, pretendemos criar uma interacção entre todos os intervenientes da feira.

H: O Grupo Alimentação 2008 é uma feira de cariz nacional ou internacional?
C.M.:
Não gostaríamos de entrar em promessas que não conseguimos cumprir e, portanto, queremos encarar como uma feira nacional, mas com uma vertente de visitação internacional, nomeadamente provenientes de Espanha e mais concretamente da Galiza.

H: Até porque a proximidade à Galiza poderá ser uma mais-valia.
C.M.:
Sem dúvida. Nós estamos a efectuar uma campanha de rádio e nos meios mais profissionais, de forma a podermos atrair visitantes, até porque para muito expositores o mercado da Galiza é visto como muito relevante.

Como disse, queremos dar passos seguros, até porque, anteriormente, a feira fez uma tentativa de ser internacional que não correu muito bem.

H: E o timing (de 7 a 10 de Maio) escolhido para a feira? Estamos em ano de Alimentaria de Barcelona, feira da Batalha, Horexpo, Essência do Vinho e Essência Gourmet e como sabemos, as empresas não têm capacidade de ir a todas.
C.M.
: A proliferação de feiras é uma desvantagem. Não nos podemos iludir e dizer que somos melhor que a concorrência.

Nós estamos a começar agora e existe uma dificuldade grande, mas queremos vencer pela qualidade. Este é um conceito chave do Grupo Alimentação do Porto. Este ano vamos tentar vincar isso mesmo. Queremos, em primeiro lugar, projectar a feira em termos qualitativos.

Em termos de timing é muito difícil nós dizermos se esta é uma boa ou má altura. Geralmente, o primeiro semestre é melhor, mas realizar a feira em ano de Alimentaria em Lisboa também não era uma boa opção.

H: Mas reconhecem que a vossa tarefa não é fácil?
C.M.
: Naturalmente que reconhecemos, mas para o ano a tarefa ainda estava mais dificultada.

H: Porque é mais fácil criar uma nova feira do que reconquistar as empresas para uma feira que até aqui não estava a correr bem?
C.M.:
Sem dúvida. Em nosso entender, vamos ter uma grande visitação, de profissionais, de interesse para os expositores e ao conquistar este ano estes expositores, a tarefa está facilitada e vamos conseguindo uma consistência em termos de oferta de produto.

H: Qual a razão para esta segmentação em sete salões: Alimentação, Gourmet, Alitec, Hotelmaq, Embalagem, Vinipor e Enotécnica?
C.M.:
Gostaríamos de ser visitados por um simples café, a uma loja gourmet, talho, hotel, restaurante, supermercado ou hipermercado e que encontre as soluções que necessita. No fundo, é ir ao encontro das exigências do próprio mercado e oferecer os equipamentos e soluções necessários.

H: O Grupo Alimentação 2008 não se destina ao consumidor final, mas aos profissionais. No entanto, nas diversas feiras que são realizadas apercebemo-nos de que, não atingidos o número de visitantes pretendidos, existe um abrir de portas para chegar ao tal “número mágico”, desvirtuando um pouco o perfil do evento.
C.M.:
No nosso caso, assumo que isso não acontecerá. Um expositor que investe numa feira cujo perfil é profissional, confrontado com a abertura ao público, dificilmente voltará a participar na feira. É precisamente isso que queremos evitar e a organização da Exponor aprendeu com esse erro.

A certeza que posso deixar é que, assumindo que a feira é profissional, será profissional.

Estamos a efectuar uma restrição ao nível da distribuição de convites para evitar isso mesmo, não considerando, inclusivamente, a base de dados que tínhamos da anterior organização.

H: Que importância possuem as actividades paralelas para os expositores e visitantes do evento?
C.M.:
Teremos dois tipos de actividades paralelas: uma onde queremos envolver o expositor e o visitante, que ocorre dentro do espaço da feira, e onde o expositor fica a conhecer melhor o seu cliente, conseguindo fazer uma acção sem estar a vender, enquanto do lado do visitante poderá experimentar o que poderá proporcionar um maior interesse; por outro lado, temos os seminários e os workshops que são realizados no nosso centro de Congressos e que constituem um momento de informação importante para que nos visita.

H: A nível de participação internacional, que peso terá ela na globalidade do evento?
C.M.:
Temos, fundamentalmente, a participação de empresas espanholas e o peso da participação internacional deverá rondar os 30%.

H: Qual o número de expositores e visitantes do Grupo Alimentação?
C.M.:
Nós queremos atingir os 200 expositores, enquanto em termos de visitação, e querendo nós uma feira exclusivamente profissional, estamos a apontar para os 20 mil visitantes.

H: Quanto ao perfil da feira, será um evento de exposição de produtos ou de mostra de inovação?
C.M.:
Isso dependerá muito de sector para sector. O que estamos a tentar transmitir e negociar com o próprio expositor é que ele seja um transmissor de propostas inovadoras. O espaço “Alimentação do Futuro” é isso mesmo, tentar que os expositores participem naquele projecto de forma inovadora.

Naturalmente que não podemos interferir no espaço de exposição do próprio expositor, mas nos espaço que pertencem à Exponor, pretendemos que transmitam algum tipo de solução inovadora. Para mostrar o que o visitante já conhece, não vale a pena. O visitante já sabe que nas cervejas existem a Sagres e a Super Bock, que no café estão no mercado a Delta e a Nicola.

H: É caro expor no Grupo Alimentação do Porto?
C.M.:
Essa é sempre uma velha guerra. Acredito que participar numa feira tem mais custos associados do que o próprio espaço, este é muitas vezes residual, gastando-se mais na logística, construção do stand, no alojamento, nas refeições, nas deslocações, entre outros.

O que pedimos aos expositores é que pensem nos contactos que poderão ou irão fazer. Falamos basicamente no preço por contacto e ao fazer esse preço, ele é baixo.

Mas esse preço contacto, não somos nós que o fazemos, é o próprio expositor. Este não pode estar à espera, sentado no seu stand, que o visitante vá ter com ele. O expositor tem de criar uma dinâmica que leve, que atraia o visitante até ao seu espaço.

As empresas, por exemplo, não estão habituadas a realizar promoções de feira e tem de haver uma atitude pró-activa por parte do expositor.

H: Qual a área da feira?
C.M.:
O Grupo Alimentação terá uma área bruta de 10 mil m2, com uma área de exposição de 5.000 m2.

H: Como é que o Grupo Alimentação medirá o sucesso do evento a realizar de 7 a 10 de Maio próximo?
C.M.:
Esta avaliação vai ser realizada em conjunto com os expositores. Não é que algum expositor nos diga que a feira deu um retorno enorme, mas conseguimos ter uma relação suficientemente franca para saber se a feira correu bem ou não.

A segunda mediação é, de facto, pelo número de visitantes, já que não adianta somente conquistar o expositor. Um feira com muitos expositores, mas sem visitantes não tem sucesso. Até porque, um visitante ao sentir-se defraudado numa feira dificilmente regressa.

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