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ANIL questiona posição de Jaime Silva

Por a 19 de Março de 2008 as 2:00

Agricultura vende herdades por 20 milhões

Num comunicado emitido ontem, a Associação Nacional dos Industriais de Lacticínios (ANIL) revela não entender as afirmações do ministro da Agricultura, Jaime Silva, afirmando que as declarações do responsável pela pasta da agricultura são «demonstrativas da atitude da tutela para com um sector que, quando lhes parece conveniente, elogiam como o melhor “exemplo” da evolução da agricultura e agro-indústria nacional».

A ANIL não entende a posição de Jaime Silva, que ora «é a defesa dos interesses do sector leiteiro nacional», ora «é o regresso a uma posição “digna” no seio da Comissão Europeia, donde umas vezes não parece ter regressado, enquanto noutras ocasiões parece pretender regressar tão rapidamente quanto possível».

Em sete pontos, a ANIL manifesta os erros cometidos pelo ministro da Agricultura português, admitindo que «ao contrário do que se verifica em diversos outros países, há uma quase unanimidade em Portugal em relação à defesa do prolongamento do sistema de quotas para além de 2015».

Assim e de acordo com a entidade que congrega as mais importantes empresas de transformação do leite e seus derivados a operar em Portugal, «apoiar este aumento de 2% é conceder que se entrou no período de transição para o respectivo desmantelamento e aumentar, ainda mais, as desigualdades competitivas existentes no espaço europeu».

E a ANIL deixa a seguinte questão: «no “lançamento” deste Conselho de Ministros, as informações vindas de Bruxelas eram unânimes em colocar Portugal na oposição à proposta da Comissão, informações coerentes aliás com o que os representantes portugueses vinham defendendo nas diversas reuniões e documentos preparatórios. Porquê mudar então de posição, ainda mais antes do início do próprio Conselho? Que pressões estiveram por trás desta mudança de atitude? E a defesa dos interesses nacionais em que plano se colocam?».

No quinto ponto do comunicado, a ANIL revela que o ministro referiu que «estes 2% poderão ajudar a estabilizar os preços mas não há que ter ilusões sobre descidas substanciais de preços». Além disso, diz a ANIL, o ministro afirmou que «os produtores estiveram nove anos sem actualizar os preços, o que não é normal», propondo ao ministro que «recordasse que os preços no sector do leite não são controlados administrativamente, que nos nove anos referidos os preços do leite (e os rendimentos dos produtores) sofreram diversas oscilações e que há muitos outros factores – para além do aumento de quotas agora aprovado – que contribuirão (ou não) para a estabilização dos preços, seja no espaço europeu, seja no território nacional».

O comunicado termina salientando para o facto do ministro, antes da reunião, referir que Portugal iria aceitar a proposta da Comissão, mas advertindo o executivo comunitário e os restantes Estados-membro que não aceitaria ser prejudicado após 2015, data da liberalização completa do mercado. À saída, soube-se, Portugal ficou-se por uma declaração genérica, que remete para os próprios estudos desenvolvidos pela Comissão.

A conclusão da ANIL é simples: «além de se condescender uma vez mais com o desmantelamento das quotas, qual foi então a “contrapartida” obtida? Parece estarmos uma vez mais perante a velha história das entradas de leão e saídas de sendeiro…»

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