Feiras

Alimentaria inovadora

Por a 14 de Março de 2008 as 2:00

alimentaria

*Em Barcelona, Espanha

Considerado o evento mais importante da indústria agro-alimentar em 2008, a Alimentaria 2008, a decorrer entre 10 e 14 de Março em Barcelona, foi palco de inúmeras apresentações, colóquios, workshops, fóruns e iniciativas ao longo dos primeiros três dias de feira. Na realidade, e ao contrário do que acontece com a Alimentaria de Lisboa, a organização espanhola faz destes quatro dias de feira um espaço de debate relativamente às realidades actuais – e futuras – do sector agro-alimentar e retalhista, ao mesmo tempo que dinamiza o evento com inúmeras actividades paralelas.

Além da existência de um espaço próprio para a divulgação de inovações – Innoval – largas centenas de stands existentes nos mais de 130 mil metros quadrados de exposição – são mais de 5.000 empresas expositoras – são aproveitados pelos produtores/expositores para divulgar não só os produtos que já fazem parte do respectivo portfólio, mas também algumas novidades que brevemente o consumidor poderá adquirir nas lojas de qualquer hiper ou supermercado, constituindo esta a grande diferença entre a Alimentaria na capital da Catalunha e a de Lisboa.

Para quem não tem novidades para mostrar, a estratégia passa por dinamizar o respectivo espaço, fazendo com que o visitante note a presença de determinada marca ou produto, dando ao mesmo tempo uma dinâmica ao evento.

Entendido como um espaço para a divulgação de novidades, o Innoval foi, nesta edição da Alimentaria de Barcelona, decorado como uma verdadeira “Loja do Futuro”, possibilitando a quem o visite descobrir o que poderá não só ser o futuro espaço físico onde o consumidor virá a efectuar as suas compras, mas, também, algumas formas originais de dar a conhecer os diversos produtos ao consumidor. Para tal, as empresas entenderam bem que a tecnologia existe e está ao seu dispor, utilizando-a como forma de modernizar e promover os seus produtos, bem como atrair e despertar a curiosidade dos consumidores em experimentar algo novo.

Do lado da produção, foi possível descobrir produtos tão inovadores como o sal líquido, os hambúrgueres de atum ou mesmo um vinho com metade da graduação alcoólica.

Do lado das empresas ditas tecnológicas, foram várias as soluções e ferramentas apresentadas, tanto à produção como distribuição. Desde vários e novos packagings aos carrinhos de compras inteligentes com leitores ópticos e tecnologia que permite ao consumidor não perder tempo nas “aborrecidas” filas dos checkouts, passando por soluções que permitem ver o fluxo de consumidores na respectiva loja e diversas formas de expor e apresentar o produto na loja, até novos sistemas interactivos de publicidade. Foi possível descobrir no Innoval de que forma poderemos, como consumidores, ser surpreendidos num futuro muito próximo.

Em relação à participação portuguesa, esta pautou-se por uma grande discrição, não ultrapassando os 40 expositores. Numa breve entrevista ao director-geral da Mineraqua, empresa que detém a Água Castelo, Jorge Henriques, referiu que «para se estar na Alimentaria de Barcelona e ter retorno, é necessário trabalho, preparação e dinamismo e não são muitas as empresas que possuem essa capacidade. As que cá estão têm uma forte estratégia de exportação e consideram o mercado espanhol como prioritário».

Do lado dos produtores de vinho – no total estavam presentes cerca de dez produtores, alguns directamente outros representados pelos respectivos distribuidores espanhóis – a realização da Alimentaria a poucos dias do início da ProWein, feira de vinhos a realizar de 16 a 18 de Março na cidade alemã de Düsseldorf, impossibilita a muitas das empresas portuguesas a deslocação a Barcelona, apostando num evento dirigido especificamente ao vinho. Além disso, o facto de Espanha não constituir um mercado estratégico para os vinhos nacionais, não atrai os produtores portugueses a estarem na capital catalã.

Importante não deixa de ser, contudo, a importância que a organização da Alimentaria concede à fileira do vinho, constituindo o pavilhão dedicados aos néctares de Baco – Intervin – o maior pavilhão com os seus 35 mil metros quadrados (o tamanho da nossa Alimentaria em Lisboa).  

Como Jorge Henriques revelou: «o mercado espanhol é muito difícil e não se pode esperar vir a uma Alimentaria para começar a exportar para Espanha. É preciso um trabalho persistente e convencer que, de facto, o nosso produto é diferente e de qualidade».

Ontem foi ainda dia de uma breve apresentação da Alimentaria de Lisboa, cabendo a José António Rousseau, director-geral da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) ressaltar junto dos presentes que se trata da segunda maior feira na Península Ibérica. Considerando a Alimentaria de Barcelona com um evento «verdadeiramente esmagador», José António Rousseau salientou que  cabe à organização inovar em dois aspectos fundamentais: Loja Inteligente e Espaço Sabores Portugal.

Quanto ao primeiro, o responsável da APED referiu que esta iniciativa foi estreia mundial nos que diz respeito à divulgação das tecnologias ao serviço da distribuição, mas também dos produtores. No que diz respeito ao Espaço Sabores Portugal, «este será a iniciativa ideal para dar a conhecer os bons queijos, os excelentes vinhos, bem como os enchidos de primeira qualidade que, conjugados, são uma das mais-valias dos sabores nacionais».

No final, um apelo às empresas nacionais, mas também internacionais, para «apostarem na Alimentaria de Lisboa como forma de dar a conhecer os seus produtos».  

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