Bordéus corta nos Chateaux

Numa tentativa de simplificar os vinhos da região de Bordeaux para o consumidor, as entidades responsáveis pela regulação do vinho em França estão a incutir nos produtores a necessidade de deixarem de usar diferentes nomes de Chateau no mesmo vinho, engarrafado na mesma propriedade.

Actualmente, é usual – indo contra um decreto oficial de 1921 – utilizar distintos nomes para diferentes canais de venda, nomeadamente, supermercados, restaurantes e mesmo países. Embora existam cerca de 7.000 produtores de vinho na região, existem mais de 12.000 designações de Chateaux.

A União de Vinhos de Bordeaux, a Federação dos Sindicatos dos Grandes Vinhos de Bordeaux (FGVB), deram até ontem, dia 31 de Janeiro, para os produtores decidirem qual dos actuais nomes desejam manter. Estes foram autorizados a utilizar o máximo de dois nomes, pretendendo as autoridades oficiais que o número de designações de Chateaux baixe dos 10.000.

«Um Chateau só poderá utilizar um nome», referiu um porta-voz da FGVB ao decanter.com, salientando que «o produtor terá a possibilidade de pedir um segundo nome, caso consiga provar que está em utilização antes de 1983. Dois produtores poderão também vinificar os seus vinhos na mesma adega, desde que a vinificação sejam realizadas em separado».

O decreto oficial de 1921 impõe que só possa ser utilizado um nome de Chateau por propriedade. Ao longo dos anos, o decreto foi sendo menos restrito. Em 1993, um novo decreto veio reforçar o decreto de 1921, mas só com a crise de 2001/2002 esta “regra” se tornou prioritária.

A decisão irá afectar inúmeros produtores da região, incluindo nomes como Chateau Falfas em Cotes de Bourg, que actualmente engarrafa vinho sob três nomes diferentes.

«Queremos que os consumidores ao comprar um Chateau de Bordeaux, confiem no produto que estão a adquirir e tenham a certeza da sua proveniência», concluiu Thomas Jullien, marketing manager do CIVB (Conseil Interprofessionnel du Vin de Bordeaux).