Emprego & Formação

Supply Chain “Uma Realidade Premente”

Por a 25 de Janeiro de 2008 as 15:00

alexandra costa

Num mercado cada vez mais competitivo torna-se óbvia a necessidade de investimento, optimização e controlo da cadeia de abastecimento, algo passível de alterar o preço apresentado ao consumidor final e tornar um componente ou produto mais atractivo.

Apesar de todo o discurso estratégico se basear na redução de custos e satisfação do cliente, deparamo-nos com outra realidade: a falta de profissionais com formação adequada em Supply Chain Management.

Os Desafios da Formação
A grande maioria dos profissionais que operam em Supply Chain Management não possui formação específica na área. Os profissionais costumam desenvolver as suas competências ad hoc, depois de terem integrado o Departamento de Logística – quando existe – e começado a desenvolver tarefas inerentes às necessidades do momento. Apesar de serem candidatos de valor para qualquer organização, com conhecimentos práticos sustentados por anos de experiência, a componente teórica é, quase sempre, uma grande lacuna.

O curso de Engenharia e Gestão Industrial é assim um dos mais procurados e com uma maior taxa de empregabilidade exactamente por abordar temáticas orientadas para Logística e Supply Chain Management. Se a esta formação académica se aliar a frequência de cursos de formação complementar em um ou vários componentes da Cadeia de Abastecimento, estes profissionais acrescentam a si grande valor por integrarem ao Saber-Fazer um Saber-Saber, tornando-se mais completos e sendo reconhecidos como dinamizadores de um Departamento de Logística de toda uma empresa.

Uma das formações complementares mais valorizadas pertence à APICS que, dando um conhecimento em todas as áreas de Supply Chain, ajuda a promover a interligação entre funções e a fomentar a polivalência. Os novos mestrados criados com especialização em logística têm taxas de frequência por parte dos alunos e de pedidos por parte das entidades patronais muito elevadas.

A verdade é que o dinamismo e a polivalência são características sine qua non para que um profissional possa vingar. Um bom gestor de stocks tem de compreender o planeamento, a produção, o funcionamento dos armazéns, as condicionantes e vicissitudes das compras, as dificuldades de gestão de frotas ou subcontratação, entre outros. Um colaborador que exerça funções numa qualquer das actividades alocadas à Supply Chain tem, quase obrigatoriamente, uma visão alargada do core business da empresa e do quão importante é a ligação e abertura das redes de comunicação internas da mesma.

Paridade Entre Formação e Retribuição
Os profissionais que se dedicam à logística têm uma outra condicionante para a progressão profissional. Apesar de se verificar que cada vez se dá uma maior importância a este tipos de cargos, quando um profissional se forma para a excelência, os valores salariais não acompanham as capacidades e conhecimentos adquiridos.

É grande o número de bons profissionais que muda de emprego por não ver uma compensação salarial equivalente à sua formação e experiência. Tendo em conta a importância destes colaboradores para a organização em que actuam é de facto difícil compreender o porquê desta falta de compensação monetária adequada ao valor acrescentado que estes colaboradores dão à sua organização.

Uma questão fundamental desponta dos factos atrás enumerados. Como se pode valorizar, por um lado, a formação e experiência e, por outro, recusar o pagamento da remuneração adequada a esse mesmo conhecimento?

Todos temos a correcta noção de que, por maior identidade que uma empresa ofereça aos seus colaboradores, se as condições de trabalho e salariais não forem adequadas ao perfil dos mesmos, eles serão perdidos para uma outra. Conhecimento de core business, equipas renovadas e novos procedimentos de melhoria contínua vão assim para outras organizações. Novos colaboradores, com o mesmo valor, partirão também para melhores condições enquanto não se verificar vontade por parte das entidades patronais de adequar as condições salariais e de trabalho à experiência e conhecimentos académicos dos seus colaboradores.

Infra-estruturas e Futuro
Num país com um crescente investimento em infra-estruturas logísticas – quer a nível de parques, quer a nível de entrepostos – que servirão de apoio directo ou indirecto ao Supply Chain de qualquer empresa e numa área profissional onde a formação é escassa mas valorizada, para quando um maior investimento na paridade entre quem investe na formação e respectivo salário? Não serão rápidas as mais-valias de retenção e redução de custos?

Alexandra Costa, Consultant, Hays Engineering & Construction, [email protected]

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