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Global Wines investe na Real Companhia Velha através da Casa do Douro

Por a 15 de Janeiro de 2008 as 2:00

vinhoA Global Wines vai pagar 15,5 milhões de euros por 51% da participação da Caso do Douro na Real Companhia Velha. A instituição duriense perde o estatuto de associação pública, no entanto ganha possibilidade de abater passivos.

A Casa do Douro vai vender 51% dos 40% que sustenta na Real Companhia Velha à Global Wines, a recente holding estabelecida pela empresa Dão Sul para gerir os seus investimentos. O contrato foi aprovado, por maioria, pelo conselho regional da CD.

O recuo de Joe Berardo foi uma surpresa, visto que tudo indicava que Berardo seria o parceiro. No entanto o empresário madeirense poderá vir a entrar numa segunda fase através da compra de vinho do porto, caso obtenha o aval do ministro da Agricultura, Jaime Silva.

O acordo deu-se entre as três partes envolvidas, dado que se trata de um negócio que beneficia todos os grupos comprometidos. A Global vai ter a oportunidade de entrar no negócio de Vinho do Porto e reforçar a sua presença no douro enquanto a Real ganha parceiro importante. Por seu lado, a CD acumula algum dinheiro para abater o seu passivo, melhora a sua posição e passa a ter dois canais de escoamento para os seus stocks de Vinho do Porto.

De referir que a aquisição feita pela Global, por 15,5 milhões de euros, corresponde a uma desvalorização significativa do investimento feito pela CD. Em 1990 a Casa do Douro pagou pelos 40% da Real cerca de 47 milhões de euros, a que se adicionaram quase 20 milhões de euros em juros. Um valor acima dos 30 milhões de euros avaliados na altura pelo Estado.

Joaquim Coimbra, presidente e principal accionista da Global Wines declarou ao Público que considera este negócio «um investimento sério no sector do vinho do Porto e nos vinhos do Douro».

No seguimento da ameaça do Ministério da Agricultura (MA) a Casa do Douro deverá perder o estatuto de associação pública, uma vez que com este negócio, embora em posição minoritária, a instituição duriense passa a entrar em concorrência directa com as empresas do sector.

No entanto o MA não se deverá opor, visto que o contrato ajudará a CD a amortizar a sua dívida de 50 milhões de euros perante o Estado, tal como vai permitir que a mesma entre num novo ciclo, cada vez mais como empresa e não como associação de viticultores.

A CD fica contudo obrigada a entregar ao Estado 85% dos 15,5 milhões de euros que facturar com a venda, com o restante a associação vai voltar a comprar alguns vinhos próprios, anteriormente penhorados pelo Estado. Por sua vez a Global Wines assume a responsabilidade de entrar com a mesma quantidade de vinho, que irá comprar à CD. Feitas as contas o Estado poderá vir a somar 17 milhões com este negócio.

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