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Azeite recupera em volume

Por a 2 de Novembro de 2007 as 18:30

azeite

Depois da tempestade, a bonança. É este o lugar-comum que caracteriza as previsões referentes ao mercado do azeite. Após uma contracção, em termos de volume, que tem vindo a ocorrer nos últimos três anos, as expectativas apontam para uma dinâmica de crescimento.

Segundo dados fornecidos Casa do Azeite, o volume do mercado interno correspondia, em 2005, a 59 mil toneladas, tendo decrescido, em 2006, para as 55 mil – às quais se somaria o valor de 20 mil toneladas de azeite exportado, um valor relativamente equivalente ao de 2005. A razão para esta quebra de mercado em 2006 assenta no ciclo de preços muito elevados, o que explica que, nesse ano «o mercado tenha crescido cerca de 20% em valor (para cerca de 300 milhões de euros, incluindo o valor das exportações)», de acordo com os responsáveis da associação, que deixam antever «uma recuperação gradual do mercado, para valores acima das 60 mil toneladas, já para 2007».

Para Duarte Roquette, business manager azeites da Sovena, detentora da marca Oliveira da Serra, as previsões traçadas também correspondem a um crescimento do volume, na ordem dos 6%, face a 2007. A empresa baseia-se nos dados da consultora Nielsen, de acordo com os quais «o mercado valerá, em volume, no final de 2007, cerca de 30 milhões de litros e cerca de 115 milhões de euros» em valor.

Pedro Cruz, director da unidade de negócio de alimentação e de azeite, da Unilever Jerónimo Martins, que possui as marcas Gallo e Condestável, também declara que este mercado tem vindo a crescer, algo que se deve ao «aumento do seu consumo como substituição de outras gorduras». Para este responsável, «os avanços científicos, em matéria de nutrição, têm vindo a suportar os reais benefícios do azeite para a saúde, o que tem dinamizado bastante este mercado».

Na Casa do Azeite, as expectativas vão mesmo mais longe. «Após décadas em que foi necessário recorrer a importações mais ou menos significativas para fazer face às necessidades do mercado, somos da opinião que Portugal, a médio prazo, será auto-suficiente em termos produtivos», declaram os responsáveis, fazendo menção às novas plantações dos últimos anos, que permitirão ao país recuperar a importância como produtor de azeite.

As repercussões do azeite falsificado

Em Setembro deste ano, a Deco inspeccionou 19 marcas de azeite, tendo encontrado duas marcas que vendiam este produto falsificado no país, situação que classificou como «intolerável e ilegal». Para Roquette, esta ocorrência poderá ter duas vertentes. Por um lado, estes resultados poderão causar uma desconfiança dos clientes em relação ao azeite que é comercializado no geral, «pondo em causa os processos de produção» e toda a informação que consta nas embalagens, «inclusive em marcas nas quais estes processos são de intensa preocupação e avaliação constante».

Por outro lado, os consumidores irão dar mais importância às marcas, «informando-se melhor sobre o que existe no mercado há mais tempo e com uma história longa de qualidade, demonstrando, por isso mesmo, mais confiança no acto da compra». Igual opinião tem Pedro Cruz, que afirma que «esta situação fará com que o consumidor se fidelize ainda mais a marcas de confiança com tradição e expertise comprovado na categoria».

As tendências do mercado

De acordo com a Casa do Azeite, «nos últimos anos tem-se assistido a um crescimento significativo e sustentando de azeites da categoria comercial azeite virgem extra, em detrimento das restantes categorias comerciais». O segmento dos azeites virgens, que compreende o azeite virgem e o azeite virgem extra, ultrapassa, segundo a associação, 50% do total de vendas deste produto em Portugal. Esta análise é coadjuvada por Duarte Roquette da Sovena, que aponta o azeite Virgem Extra 0,7% como o produto mais vendido por parte da marca Oliveira da Serra.

Segundo o business manager azeites, isto reflecte o facto de se tratar de «um mercado mais vasto, visto os produtos não serem considerados especialidades e onde as acções promocionais, por serem mais frequentes, têm impacto no momento da escolha». Roquette afirma ser este o segmento com maior potencial de crescimento e desenvolvimento, tal como Pedro Cruz, que justifica isto com o facto de o azeite virgem extra permitir ao consumidor «uma escolha mais consonante com os seus critérios». As tendências que caracterizam o mercado consistem na «evolução positiva em termos de sofisticação e diversificação da oferta (gamas de azeites em função das suas características organolépticas, varietais, utilização culinária, azeites com ervas aromáticas, azeites de denominação de origem protegida, azeites de agricultura biológica, entre outros)», de acordo com as conclusões da Casa do Azeite.

Por outro lado, a esta vasta oferta, aliam-se o consumo crescente de azeites de maior qualidade e um maior investimento das empresas na imagem dos seus produtos. No âmbito privado. No que concerne à posição de mercado, Roquette declara que a Oliveira da Serra pesa 26% no mercado de azeite e igual percentagem no mercado correspondente ao virgem extra. Em termos do valor da marca, o business manager afirma que «as marcas próprias têm crescido no mercado de azeite, uma vez que, em quatro anos, aumentaram 8% no mercado (quota Nielsen em Volume)», acrescentando que, devido aos preços praticados no ano transacto, os consumidores passaram às marcas de distribuidor, muitos dos quais não voltaram para as marcas de fabricante, em 2007, aquando da estabilização dos preços.

No campo da distribuição, a Casa do Azeite aponta os supermercados como canal mais importante representando, em 2006, cerca de 58% das vendas e demonstrando «uma dinâmica de crescimento que não encontra paralelo nos restantes canais de distribuição», tendo os hipermercados representado, nesse mesmo ano, pouco menos de 30% e o comércio tradicional 12%.

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