Distribuição

Internacionalização precisa-se

Por a 7 de Setembro de 2007 as 12:30

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Os principais grupos de retalhos portugueses têm de se internacionalizar para manter os actuais níveis de crescimento. Esta é a conclusão a que chegou a A. T. Kearney na sua análise do Desenvolvimento do Retalho (GRDI).

A breve prazo, a expansão internacional vai ser a única forma dos grupos manterem o crescimento que está limitado no território nacional, revela a consultora estratégica A.T Kearney na sua análise do Desenvolvimento do Retalho (GRDI), estudo que serve de apoio à gestão das empresas portuguesas e internacionais de retalho para definição da sua estratégia de crescimento. Para isso, a A. T. Kearney classificou os principais países emergentes, tendo por base os riscos económicos e políticos, o atractivo do mercado, o nível de saturação do mercado de retalho, bem como o nível de crescimento da superfície comercial de cada país, com o objectivo de estabelecer quais os países prioritários para uma possível expansão.

Na principal conclusão deste estudo, a A.T. Kearney refere que «à medida que as principais cidades de países como Índia, China e Rússia se aproximam da saturação no mercado de retalho, cada vez mais as empresas de distribuição do sector apostam em investir nestes mercados, implementando-se em cidades de menor dimensão (de segundo ou terceiro nível), nas quais, graças à influência da televisão, cinema e internet, a sua população está preparada para o consumo de produtos ocidentais».

A caminho do Oriente…
No índice de 2007, Índia e Rússia continuam a ocupar os dois primeiros lugares, tal como aconteceu nos três últimos anos. Por outro lado, a China subiu duas posições, ocupando agora o terceiro posto – superando o Vietname e a Ucrânia – graças ao crescimento contínuo do consumo e ao interesse que, cidades mais pequenas, despertaram entre as empresas do sector. No último ano, as cadeias de retalho cresceram entre 25 e 30% na Índia e cerca de 13% na China e Rússia.

Até ao momento, o crescimento retalhista concentrava-se nas principais cidades de cada país. No entanto, a crescente competência que foi surgindo nessas cidades está a forçar as empresas, locais e internacionais, a introduzirem-se em cidades de menor dimensão para conseguirem crescer. Na China, investidores estrangeiros como a Wal-Mart e Tesco, estão a interessar-se por cidades como Yuxi, Weifan, Nanchang e Wuhu. Na Rússia, o Carrefour já anunciou o seu interesse em introduzir-se no país com a inauguração de centros em cidades de segundo nível. Na Índia, o promotor dos centros comerciais Propone, também está a centrar o seu desenvolvimento em cidades pequenas.

No entanto, há que ter em conta que nem todas as cidades se comportam da mesma forma. «As empresas de retalho não deveriam introduzir-se em cidades de segundo nível da mesma forma mediante estratégias delineadas para cidades de primeiro nível. É necessária uma cuidadosa identificação destas cidades para seleccionar apenas aquelas onde existem consumidores preparados para adoptar formatos de retalho modernos. Além disso, os saldos são mais baixos e os produtos têm que adaptar-se a mercados distintos», assegura José Ignacio Nieto, director do sector de distribuição da A.T.Kearney em Espanha e Portugal. O mesmo refere que, «com uma estratégia adequada, cidades mais pequenas podem ter objectivos atractivos para as empresas que perderam as oportunidades de entrarem em cidades maiores, conseguindo depois crescer».

«Por outro lado há que ter em conta que, apesar das oportunidades que na Índia, Rússia e China estão a esgotar-se, as grandes cidades dos outros 20 países situados nos primeiros postos do ranking possam ter um forte potencial de crescimento», assegura José Ignacio Nieto. Assim, países do Médio Oriente e do Norte de África possuem avanços significativos no índice deste ano promovidos, principalmente, pela grande expansão que o mercado de retalho tem sofrido, o crescimento do PIB e o alheamento dos consumidores para seguir o estilo de vida ocidental. Arábia Saudita, Tunisia, Turquia, Egipto, Marrocos e os Emirados Árabes Unidos estão entre os primeiros postos do índice.

… e do Leste
Seis países da Europa Central e de Leste também se posicionaram entre os 20 primeiros lugares: Rússia, Ucrânia, Letónia, Bulgária, Eslovénia e Croácia. No entanto, para esta região, apesar de atractiva, estima-se que as oportunidades para hipermercados e lojas de conveniência se esgotem nos próximos dois anos. Não obstante, todavia, existem muitas oportunidades para as cadeias de bricolage, electrónica e téxtil. Também se espera que os centros comerciais dedicados à moda ou centros de usos misto, que estão a crescer na Europa de Leste, tenham êxito.

Também à que ter em conta que o atractivo da Ásia não está limitado apenas à Índia e China. Países como o Vietname, Malásia e Tailândia também estão entre os 20 primeiros postos do índice. Por outro lado, os países latino-americanos têm-se tornado cada vez mais atractivos, tal e qual como se referia no índice do ano passado: México subiu 10 postos, ocupando a nona posição, e Chile e Brasil também ocupam o top 20.

«Grande parte do êxito na expansão internacional depende de saber eleger de forma correcta o momento. O segredo está em identificar os mercados no momento em que se preparam para adoptar os conceitos modernos de distribuição de retalho antes da concorrência», comenta José Ignacio Nieto. «Mas as empresas de retalho também podem apreender as estratégias do sector de produtos de luxo, que mostraram paciência na hora de investir nos mercados prematuros, muito antes dos consumidores estarem preparados. Agora este sector está a desfrutar de um elevado crescimento dos mercados emergentes. Assim, as empresas poderiam aprender com este êxito criando “espaços de luxo” destinados a atrair consumidores que se tenham familiarizado com o conceito de bens de luxo; por exemplo, uma secção para gourmets nos hipermercados», refere o mesmo.

Para além destes factores, a A.T. Kearney recomenda que se tenha em consideração a importância de contar com uma equipa bem formada. Neste sentido, o índice deste ano assinala a Malásia e o Chile como os países com menos trabalhadores. «Serem capazes de criar uma equipa estável e com habilidade é tão importante para a expansão internacional como qualquer um dos outros factores que se mencionaram anteriormente. A rápida expansão que têm sofrido mercados como os da Índia, China e Rússia, criaram riscos significativos para as empresas investidoras como inflação de salários ou até o fim do negócio», salienta Nieto.

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