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Luís Teodoro, Administrador da MegaRede

Por a 27 de Agosto de 2007 as 15:00

megarede

«Queremos credibilizar o comércio online»

Pagar facturas domésticas, adquirir bilhetes para espectáculos ou viagens, liquidar impostos ou marcar consultas. Estes são alguns serviços da Megarede, o maior catálogo electrónico do País, disponível na sua loja de sempre e ao alcance de um clique

Cafés, minimercados, cabeleireiros, postos de combustível, papelarias, livrarias são apenas alguns exemplos de lojas que aderiram à MegaRede. A oportunidade de gerar fluxo no estabelecimento comercial, assim como fidelizar os clientes, sem custos nem stock. O projecto conheceu a luz do dia há um ano mas já movimentou 1,7 milhões de euros. As 421 lojas aderentes geram em média mais de quatro mil transacções todos os meses.

Hipersuper (H.): Em que circunstâncias nasceu o projecto MegaRede?
Luís Teodoro (L.T.): O projecto da MegaRede nasceu em 2005 por iniciativa da Confederação do Comércio (CC) numa tentativa de dinamizar o comércio de proximidade e adoptar uma estratégia pró activa de resolução dos problemas.

H: O comércio de proximidade resume-se ao retalho tradicional?
L.T: Não forçosamente. São todos os estabelecimentos que encontramos no dia-a-dia, nos percursos que fazemos, nas localidades em que nos encontramos. Uma padaria, uma café, um pronto a vestir, todos os estabelecimentos quer de carácter urbano quer do interior, mas de média dimensão.

H: A CC foi a mentora do projecto?
L.T: A CC decidiu repensar a sua estratégia nesta matéria e lançou um convite à PT (Portugal Telecom) para amadurecer o projecto do ponto de vista da consistência (Business Plan).

Em Agosto de 2005, foi decidido em Comissão Executiva da PT a constituição da sociedade para gerir o projecto.

Em Dezembro, por sua vez, foi constituída a sociedade já com uma parte significativa dos actuais accionistas.

Em Julho de 2007 iniciámos a instalação das primeiras máquinas em modo piloto.

H: O que oferece a Mega Rede de novo?
L.T: O projecto MegaRede tem como objectivo dinamizar, gerar tráfego, e fornecer ao comércio de proximidade mecanismos de fidelização. Permite que as pessoas desenvolvam um conjunto de interacções que fazem falta no dia-a-dia, como carregar um telemóvel, pagar uma factura, comprar um bilhete para um espectáculo, carregar um bilhete de transporte, pedir uma certidão de nascimento, entre outros serviços. Nesta perspectiva, a comodidade de fazer isto no estabelecimento comercial mais próximo, sem necessidade de deslocação, e com ajuda de uma pessoa de confiança que nos orienta, o lojista que já estamos habituados a ter relações no dia-a-dia, é uma mais-
-valia.

H: A presença de um orientador é a grande vantagem face à Internet?
L.T: Sim, porque só pode fazer tudo isto em casa se não for infoexcluída. Este conceito abrange as pessoas que, por numerosas razões, não têm computador, acesso à Internet, ou à vontade com o PC. A infoexclusão é bastante significativa.

H: É possível quantificar?
L.T: Os números aqui são pouco relevantes, porque há pessoas que se consideram infoexcluídas, mas reconhecem a utilidade da Internet. Apenas não têm confiança para colocar, por exemplo, o código do cartão de crédito na Internet. Estas pessoas até são capazes de ir à Internet recolher informação mas não finalizam o processo de aquisição. O conceito da infoexclusão no negócio é superior ao conceito do ponto de vista da cobertura técnica.

O projecto vai ajudar a credibilizar este meio, porque o processo é seguro e simples. A ideia é que estes hábitos de consumo se enraízem e promovam a credibilidade do comércio electrónico. Embora o nosso projecto implique comércio electrónico assistido, porque tem como interlocutor não a máquina mas o lojista.

H: As máquinas MegaRede também vendem produtos?
L.T: São mais de mil produtos, entre artigos de perfumaria, relógios, jogos electrónicos, seguros, telemóveis, cursos de formação, viagens, entre outros.

H: Como se processa a compra?
L.T: Através do display toutch screen incorporado na máquina, ou mesmo através da Corporate TV, ou seja um canal de TV em circuito fechado que passa informação sobre os produtos e serviços disponíveis, que se encontra junto da máquina a, o consumidor pode obter informações detalhadas sobre a oferta disponível no portal, assim como fazer comparações entre vários produtos ou serviços. Efectua a compra, liquida-a, e em 48 horas pode levantar na loja.

H: Quais são os meios de pagamento?
L.T: Aqueles que o lojista disponibiliza. O pagamento não é feito no equipamento mas sim na caixa de saída. É mais um meio de informação e de negócio, porque gera compra.

H: O produto pode já estar disponível na loja?
L.T: Por norma, não. É um projecto que não implica stocks. 48 horas depois o produto é entregue na morada designada.

H: Quais são os requisitos para aderir à MegaRede?
L.T: O lojista terá de estar localizado em zonas onde faça sentido, porque neste momento já temos grande cobertura, por exemplo no Algarve. Pode candidatar-se através do site da MegaRede ou através das associações empresariais da área onde está inserido. De seguida, é feita a análise da candidatura, operacionalizado um contacto, e colocada a máquina.

H: O retalhista só precisa de se dotar de uma máquina?
L.T: Sim, e somos nós que fornecemos, o lojista não tem quaisquer custos. Inicialmente, é feita a instalação física dos circuitos de comunicação, colocada a máquina e dada a formação ao lojista. A aplicação é intuitiva, por isso o processo de formação é curto.

H: Há limitação no número de equipamentos por loja?
L.T: Depende do tráfego da loja, mas no máximo dois por estabelecimento.

H: Quantos equipamentos já instalaram?
L.T: 421.

H: Quantas transacções já foram realizadas nas máquinas MegaRede?
L.T: Atingimos meio milhão em Junho último.

H: Quanto representa em volume de negócios?
L.T: Em Junho atingimos 1,7 milhões de euros. Em média, cada loja gera mensalmente mais de quatro mil transacções.

H.: Como estão identificadas as lojas aderentes?
L.T: Têm no exterior electrostáticos, colocados nas montras, e no interior decoração com sinalética própria, além da identificação do terminal.

H.: Existem projectos semelhantes no estrangeiro?
L.T: Sim. Os projectos mais avançados, com maior adesão, estão na África do Sul, Canadá e Inglaterra.

H: Quem são os accionistas da MegaRede?
L.T: CC, PT, Açoriana e BPN, Millenium BCP, CAP e Unimark.

H: Qual é o capital social?
L.T: Vai aumentar agora para 1,160 milhões.

H: Que investimento exigiu o projecto?
L.T: Em cinco anos, com cinco lojas, terá globalmente um investimento de 54 milhões de euros.

H: O balanço do primeiro ano de MegaRede é positivo?
L.T: Sim, apesar de não termos atingido totalmente os objectivos. Pretendíamos ter avançado já com a Corporate TV, mas ainda está em fase de teste. O objectivo é estar disponível na maioria das lojas aderentes. Neste momento, estamos a trabalhar na segunda componente do projecto, a área de utilidade pública. Já temos um conjunto de interfaces em processo de desenvolvimento com vários entidades do Estado, que vão permitir, por exemplo, comprar o selo automóvel.

H: Que outras ambições tem a MegaRede?
L.T: Continuar a crescer em termos de cobertura geográfica. Neste momento, temos duas mil candidaturas para apreciação. Há muita procura por parte de papelarias, livrarias, minimercados e cafés.

H: Como comunicam com os aderentes?
L.T: Através de newsletters disponíveis numa área de comunicação intranet que está no portal.

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