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Retalho inicia guerra pelos melhores executivos no Brasil

Por a 24 de Janeiro de 2007 as 16:31

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O aumento da concorrência e o fraco desempenho do retalho em 2006 iniciaram a corrida aos altos executivos nas grandes redes brasileiras do sector. Somente o Pão de Açúcar, maior retalhista no país, ganhou recentemente dois novos nomes. Pedro Janot deixou a direcção da rede de moda Zara no Brasil para assumir a direcção não alimentar. Já Kelly Alves de Bezerra saiu da Livraria Siciliano para ficar responsável pela secção de livros dos hipermercados da rede. Outro supermercado que foi recrutar dentro do próprio retalho um executivo para uma posição estratégica foi o Carrefour. A rede retalhista de origem francesa tirou ao Wal-Mart, há seis meses, Eduardo Passos, o gerente para sua divisão de bazar.

Em declarações ao jornal brasileiro Diário Comércio, Indústria & Serviços, especialistas afirmam que nos próximos 30 dias novas contratações devem ser concretizadas. «De uma maneira geral, 2006 não foi um ano bom para o retalho. Quando as coisas estão boas, a tolerância é maior, mas se a situação complica a empresa quer resultado e vai em busca de novas pessoas», diz Eduardo de Almeida Salles Terra, especialista em gestão do retalho e coordenador institucional do Programa de Administração de Varejo (Provar), da Fundação Instituto de Administração (FIA).

Para Terra, essa disputa por executivos intensificou-se em áreas complementares com as quais estes retalhistas trabalham. «No caso dos supermercados, o foco está nas áreas não alimentares», afirma.

Riccardo Gambarotto, consultor da Spencer Stuart, explica, por sua vez, que o retalho nunca foi a favor de recrutar altos executivos à concorrência, mas que a feroz competição tem contribuído para esta tendência. «Agora inicia-se uma nova fase de desenvolvimento deste sector. Caiu totalmente o tabu de que não era bom ir recrutar executivos no mercado e foi parcialmente derrubado o medo de achar estes nomes na concorrência», diz Gambarotto.

O consultor afirma ainda que o sector do retalho se tem tornado mais competitivo e este facto exige pessoas mais capacitadas. Assim, surge um novo patamar de remuneração para estes executivos. «O retalho nunca foi reconhecido por pagar altos salários, mas isto está a mudar», afirma. O consultor diz que outra fonte de profissionais para as empresas retalhistas nos altos cargos têm sido as indústrias que fabricam o que esses retalhistas vendem. Exemplo disso mesmo foi a saída, há cerca de seis meses, de José Eduardo Cabral da Unilever para se tornar CMO do Wal-Mart. Outro caso recente foi de um director da Multibrás, fabricante das marcas Brastemp e Consul, que mudou para a Eletrodireto, grossista no mercado electrodoméstico.