Bebidas

Oriente rende-se aos atributos de Macieira

Por a 17 de Outubro de 2008 as 9:30

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A estratégia comercial de Macieira está em vias de mudança. Em tempo de consumos tímidos no País, a marca portuguesa de brandy com mais de 120 anos virou as baterias para os mercados internacionais. Mais do que aumentar a penetração junto do ‘mercado da saudade’, que representa actualmente cerca de 20% do volume de vendas da marca, a nova estratégia privilegia novos mercados e ambiciona recrutar novos consumidores.

É no mercado chinês que se depositam grandes esperanças. “Temos indicadores que a breve trecho a China se tornará líder de vendas no exterior. Há muitos operadores interessados em trabalhar com Macieira. Além da dimensão do mercado. Há um bilião e 600 milhões de potenciais clientes”, revela José Salvação Barreto, responsável pelo desenvolvimento de novos negócios nos mercados internacionais da Pernod Ricard Portugal.

A mais recente investida da marca no mercado externo já tem números: em sete meses, as vendas de Macieira cresceram 45% em volume (49 mil caixas de nove litros) e 43% em valor. Venezuela, Brasil, Israel e Moçambique integram desde o ano passado o trajecto internacional de Macieira que tem na calha os mercados mexicano e filipino. “Nas Filipinas e no México a tarefa é mais difícil porque são talvez os dois maiores mercados de brandy, mais competitivos pela sua dimensão e onde o preço praticado é mais baixo”.

À conquista de jovens

As campanhas anti-álcool afectam de forma significativa a venda de bebidas alcoólicas em Portugal, assegura José Barreto. E, em particular, o desempenho de Macieira, cuja imagem está associada a uma forte graduação alcoólica. “A base de consumidores de Macieira são homens, com mais de 35 anos, e poder de compra relativamente limitado. Cerca de 80% do consumo faz-se em pequenos cafés e snack bares. Ou seja, o consumo é regular. Se estes homens conduzirem há uma grande barreira ao consumo”, exemplifica.

A marca insere-se na categoria de bebidas espirituosas e compete no segmento de brandy. Segundo José Salvação Barreto, a Macieira detém 55,5% da quota de mercado em volume e marca presença em mais de 90% dos pequenos cafés e snack bares de Norte a Sul do País.

A vendas de Macieira têm vindo a cair em média 5% ao ano. Por isso, conquistar consumidores mais jovens, homens e mulheres, é uma das estratégias delineadas pela marca para aumentar a penetração da bebida no mercado nacional. “Este trabalho está a ser estudado e tem de ser feito a longo prazo. Não é fácil criar um novo posicionamento sem tremer as fundações da marca. É preciso alterar a percepção que os locais de consumo onde não estamos presentes. É uma revolução e por isso tem de ser feita em movimentos lentos e cautelosos. É isto que vai assegurar a vitalidade da marca porque daqui a 20 anos os consumidores actuais de Macieira terão 60”.

História

Há 123 anos, José Maria Macieira visitou a região de Cognac, em França, para averiguar no terreno as técnicas de confecção da emblemática bebida. Em Portugal, aplicou os processos de produção que aprendeu para conceber a Macieira, técnica essa preservada até aos dias de hoje.

Com graduação alcoólica de 36, 40 ou 43º, a Macieira é obtida a partir de aguardente vínica com um envelhecimento mínimo de seis meses em cascos de carvalho. É produzida no Bombarral e resulta da destilação de uvas brancas das castas Arinto, Fernão Pires e Malvasia, e tintas das castas Periquita, Trincadeira, Touriga Nacional e Touriga Franca.

Degustação

Cor: Castanho dourado acentuado, notas verdes e laranja, aspecto brilhante e ligeiramente mais pronunciado que o whisky.

Aroma: Típico, complexo e ligeiramente frutado. A utilização de vinho abafado confere-lhe notas de anis e coentros.

Paladar: Bem estruturado e rico. Taninos subtis casam com baunilha, alperce, pêssego, mel e anis. Presença discreta de seiva de castanheiro.

Corpo: Ligeiramente licoroso, resultado da combinação entre a destilação dos vinhos e do processo de envelhecimento em pequenas barricas de carvalho.

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