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ANCEVE reforça urgência em medidas extraordinárias para o sector do vinho

Por a 22 de Setembro de 2022 as 13:00

Pela segunda vez – o primeiro alerta foi em agosto –  a Associação Nacional dos Comerciantes e Exportadores de Vinhos e Bebidas Espirituosas (ANCEVE)  alerta para uma situação que entretanto se agravou e volta a pedir  ao Governo que este aceite “agilizar um plano extraordinário de apoio à fileira do vinho”

No mês passado a ANCEVE já tinha alertado para “o aumento continuado dos preços das matérias primas, dos materiais de engarrafamento, dos transportes e dos custos em geral”,  que está a “a levar inúmeros pequenos e médios produtores, que constituem o grosso do tecido empresarial da fileira vitivinícola, à beira da falência. Esta situação acontecia no preciso momento em que se avizinhava uma nova vindima”.

Em comunicado enviado sublinha a preocupação pelo fato dos preços terem disparado: “o gasóleo agrícola, um produto tão sensível para o agro-alimentar, subiu exponencialmente. Não faz sentido que o Estado cobre tantos impostos nesta área. Os adubos e outros materiais agrícolas essenciais subiram para mais do dobro. A electricidade subiu de forma brutal. As caixas de cartão subiram 125%, de €400,00 para mais de €900,00 o milheiro. As garrafas subiram já quatro vezes este ano, de €0,18 em 2021 para €0,27 em 2022, 50% de aumento para uma garrafa tipo. Os rótulos subiram também 50%. As rolhas 20%. As cápsulas 30%.”.

“Todos os fornecedores debitam agora aos produtores o transporte dos materiais, que antes estava incluído nos preços. E passaram a exigir aos pequenos e médios produtores o pagamento contra entrega, não concedendo prazos, como antes acontecia” pode ler-se. “Por outro lado, continuam a verificar-se enormes problemas no abastecimento dos materiais de engarrafamento, sobretudo do vidro e do cartão.” acrescenta.

“O custo dos transportes disparou : como exemplo, o custo de envio de uma palete de vinho de Lisboa para o Algarve era de €35,00 e agora está nos €65,00. Acresce que são debitadas ao produtor taxas-extra de combustível, que antes não existiam.
Por outro lado, escasseia a mão-de-obra, numa altura crucial de vindima. E a legislação continua a estar desadaptada à realidade, sem qualquer flexibilidade. Como exemplo, se um trabalhador com salário mínimo aceitar por hipótese trabalhar aos sábados, para tentar aumentar a sua remuneração, acaba por receber menos dinheiro no final do mês, pois a subida automática de escalão prejudica-o de forma drástica”  enumera.

“Os produtores apenas conseguiram subir os seus preços de venda em cerca de 10%, pelo que a esmagadora maioria irá apresentar enormes prejuízos no final do ano, se lá conseguirem chegar” sublinha a ANCEVE.

A associação lembra já ter ter pedido ao Governo  que agilizasse  “um plano extraordinário de apoio à fileira do vinho, um sector que leva longe o nome de Portugal mas está a ficar estrangulado pelo aumento brutal dos custos”.

A ANCEVE pede então apoio à tesouraria, sem juros, para que Adegas Cooperativas e compradores de uva possam pagar aos vitivinicultores as uvas logo após a vindima e devolver o apoio ao longo de 2023, reforço de apoio  no que toca ao gasóleo agrícola,  apoio ao investimento em barricas / tonéis de madeira para estágio de vinho (em 2021 existiu um apoio para inox),  apoio para a “stockagem” de garrafas de vidro (dada a escassez no mercado e o aumento continuado dos preços), a enquadrar legalmente, em diálogo com a União Europeia, ajuda na promoção  no âmbito dos programas de vinho, criar uma linha específica para pequenas / médias empresas, com candidaturas muito simples e apoios forfetários à imagem do Vitis, para realização de acções de promoção a partir de Janeiro de 2023, medida a enquadrar legalmente, também em diálogo com a União Europeia.

A associação refere que apenas o gasóleo agrícola mereceu alguma atenção, apesar de os preços em Portugal continuarem, mesmo assim, bem mais altos do que, por exemplo, na vizinha Espanha.

“O plano anunciado recentemente pela Ministra da Agricultura é uma medida no âmbito do FEADER, que abrangerá apenas uma parte da viticultura” refere também em comunicado.

“É urgente e imperioso que, neste momento tão dramático e excepcional, o Governo aceite, de uma vez por todas, agilizar um plano extraordinário e específico de apoio à fileira do vinho” finaliza.

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