Salsicharia da Gardunha investe três milhões para aumentar produção
A produtora de enchidos do Fundão está a responder com inovação ao decréscimo do mercado de charcutaria. O investimento visa libertar espaço na atual fábrica, que se encontra lotada, para prosseguir com a aposta em novas áreas de negócios.
A Salsicharia da Gardunha está a realizar um investimento de cerca de três milhões de euros para aumentar a sua capacidade de produção. Num momento em que o setor da charcutaria enfrenta um difícil contexto de mercado, a produtora da Cova da Beira está a construir de raiz uma nova unidade, dedicada apenas à produção de presunto.
Posicionada na zona industrial do Fundão, mesmo ao lado da atual fábrica da empresa de enchidos tradicionais, que foi reconstruída após um incêndio que a destruiu por completo, em 2009, a nova unidade apresentará uma dimensão de 7.000 metros quadrados. A inauguração está prevista para “abril ou maio” revelou Miguel Dias ao Hipersuper, durante o evento sobre tendências para o setor agroalimentar, realizado em janeiro pela PortugalFoods, na Maia. O responsável serviu, na ocasião, de porta-voz da Salsicharia da Gardunha.
Segundo Cecília Carlos, diretora de operações da Salsicharia da Gardunha, o novo ativo terá uma capacidade de produção de 2.500 toneladas de presunto por ano. Com esta aposta, a produtora quer libertar espaço na atual unidade, que atingiu o limite da sua capacidade, dando azo à produção das gamas mais atuais.
“O valor total [do investimento de três milhões de euros] engloba também a melhoria de processos da fábrica já existente, de forma a facilitar os processos”, explica a responsável. Acrescenta ainda que a empresa “está empenhada em implementar técnicas que visem a sustentabilidade ambiental”. Pelo que, “na construção desta unidade, estão a ser utilizadas técnicas de redução de consumo de energia e serão implementadas medidas para diminuir o “uso de plástico nos seus processos de embalamento”.
Empresa lança novas marcas
Aos comandos de Cecília, filha dos proprietários, a Salsicharia da Gardunha tem levado a cabo nos últimos anos uma aposta em novas áreas de negócio para responder a novas tendências de consumo.
Neste sentido, a empresa tem vindo a desenvolver produtos com carne de aves. Este ano, anunciou já o lançamento de uma nova marca de “snacks”, designada Bica-Pica Oh! Snack, para entrar também no consumo entre refeições e com uma conotação de alimentação saudável. “O processo é o mesmo com que são produzidos os snacks de fruta desidratada, mas com carne”, explicou Miguel Dias, durante o evento da PortugalFoods.
O novo conceito ilustra a tentativa da empresa de responder a “consumidores mais exigentes nas áreas da alimentação e à sua preocupação com o impacto no ambiente e bem-estar”, apresentando um “alto teor de proteína e baixo teor de gordura e sendo isento de glúten e lactose”.
Além disso, a Salsicharia da Gardunha, que também produz para marcas da distribuição, tem vindo a diversificar o seu portefólio de enchidos tradicionais. Em dezembro de 2019, lançou a marca Fumeiros da Gardunha, com o objetivo de se “reposicionar como um dos principais players de enchidos e de presunto” em Portugal.
Decisões de compra baseiam-se no preço
Segundo Miguel Dias, o setor português de charcutaria tem enfrentado uma instabilidade de preços. Depois de “mais de um ano de aumentos constantes”, os preços das matérias-primas mantiveram-se estáveis em janeiro deste ano.
Miguel Dias garante que o setor está “a perder algum dinheiro”, atribuindo o prejuízo à falta de informação, ou à informação desfavorável, que existe no mercado sobre estes produtos, assim como à “falta de regulação do mercado de charcutaria”.
No segmento de charcutaria, 90% das decisões de compra prendem-se “com o preço e há uma pressão neste domínio a partir das marcas próprias”, observa, durante o evento realizado na Maia, ressalvando que a charcutaria tem uma penetração em 90% dos lares portugueses e 70% das vendas correspondem à distribuição.
São as categorias de carnes conotadas como mais saudáveis que “mais têm crescido”. O fiambre de peru, por exemplo, “apresenta aumentos de dois dígitos nas vendas”.
Também a peste suína e a guerra comercial entre a China e os Estados Unidos estão a afetar o setor, que se mostra ainda “muito dependente das importações espanholas”, conclui.