Entrevista Mark Wender (Jungheinrich): “Chegou a era das baterias de iões de lítio”

“Há uma mudança clara no transporte de movimentação de carga ao nível dos recursos de energia. Longe vão os tempos das baterias tradicionais de chumbo-ácido, agora é a era das baterias de iões de lítio”, revela em entrevista ao HIPERSUPER Mark D. Wender, gerente Jungheinrich Portugal

Em 2014, o mercado nacional de equipamentos de movimentação de carga cresceu acima da média europeia. Que balanço faz do desempenho deste setor no acumulado do ano passado e nos primeiros meses de 2016?

Até ao último trimestre de 2015, o mercado português esteve muito estável e ao mesmo nível do ano anterior. No entanto, a forte procura de empilhadores no último trimestre, influenciou o volume de mercado apresentando um crescimento positivo no final do ano de quase 6%, ainda assim abaixo do crescimento europeu. Até julho, Portugal foi um mercado em estagnação, enquanto o volume de mercado europeu aumentou fortemente em dois dígitos no primeiro semestre. A atividade da Jungheinrich desenvolveu-se de forma muito satisfatória e ganhou quota de mercado importante tanto a nível europeu como, sobretudo, a nível nacional.

A evolução do mercado dá-se mais pela necessidade de substituição de máquinas antigas ou para fazer face a novas necessidades?

Deve-se a vários fatores. Alguns casos surgiram de novas necessidades, por exemplo, pela criação de novas atividades de negócios, tais como a criação de empresas ou expansão de negócio atualmente existentes. Outra parte da procura deve-se muito claramente à substituição de frotas antigas, quer seja para se adaptar às novas tecnologias quer seja para reduzir os custos de manutenção.

Qual o contributo das exportações para a evolução deste setor?

Enquanto as exportações ainda pareciam desempenhar um papel de maior significado no início de 2015, a exportação de empilhadores de Portugal não são consideradas cruciais para o ano em curso.

Quais as principais tendências deste mercado quer em Portugal quer na Europa?

A digitalização e automação são, juntamente com as ligações em rede as tendências claras da intralogística. Mais e mais empresas visam a interligação dos fluxos de materiais e processos de trabalho na área de logística como meta para otimização de soluções tecnológicas. Neste caso, a Jungheinrich desenvolveu toda uma gama de soluções de rede e sistemas de assistência inteligentes. Entre aqueles, destacamos o novo sistema remoto easyPilot para apoio no processamento de pedidos manual em conjunto com o nosso preparador de encomendas horizontal ECE (order picker). O sistema remoto permite uma melhoria significativa no desempenho da recolha ao mesmo tempo que facilita o trabalho do condutor. Além disso, a otimização de soluções digitais para a rede possibilita maior flexibilidade na ligação a gestão de frotas de equipamentos, incluindo a nova aplicação de serviço de assistência “Call4Service”.

O que as empresas portuguesas privilegiam na hora de escolher um equipamento?

Cada cliente tem, em princípio, as suas próprias necessidades. No entanto, existem alguns fatores que são cruciais a nível mundial. Além do custo total do equipamento, que inclui o custo de aquisição e a manutenção ao longo do ciclo de vida, existem outras necessidades essenciais aliadas ao armazenamento de energia. Ou seja, a tecnologia mais otimizada para se atingir o mais elevado nível de produtividade, mas também amiga do ambiente. A garantia “2Shifts 1Charge” faz jus a esta necessidade. Entre outras vantagens, são alcançadas taxas de manuseio mais elevadas, pois não há necessidade de substituição de bateria. Igualmente importantes são os aspetos e equipamentos que visam a segurança do empilhador e da proteção associada a pessoas e bens.

Quais os equipamentos e tecnologias mais procuradas pelas empresas portuguesas?

Em Portugal, há uma tendência muito clara para empilhadores com motor elétrico. Há quatro anos atrás, mais de 22% dos empilhadores estavam equipados com motores de combustão, hoje estes são pouco mais de 15% em Portugal. Enquanto mais de um quarto do volume do mercado total português é representado por empilhadores elétricos contrabalançados. Este ano, no entanto, foram os empilhadores de tecnologia de armazenagem que ganharam importância.

Que novidades lançaram para conquistar as empresas portuguesas?

Este ano, a Jungheinrich voltou a apresentar muitos novos produtos e soluções. Desde produtos como o selecionador de encomendas vertical EKS 110 (com um novo design e maior produtividade), até soluções de logística, tais como o Sistema de Gestão de Armazém WMS 2.0. Pela primeira vez, a empresa aventura-se na incursão em novas dimensões com o sistema próprio de baterias de iões de lítio para 48 V. Assim, a tecnologia completamente livre de manutenção, pode agora também ser usada, por exemplo, em empilhadores de mastro retráctil. Na Cemat foi também apresentado um novo equipamento de série com a tecnologia de iões de lítio: o stacker de dupla carga EMD115i /118. Devido à sua bateria de iões de lítio compacta e leve, é um conceito de design avançado. O resultado: o stacker mais compacto do mundo na sua classe.

Que últimas tecnologias e inovações incorporam as máquinas?

Digitalização e automatização são tendências claras da intralogística, e estas incluem os “Auto paletes Movers”, como o EKS210a da Jungheinrich. Especialmente em tarefas de rotina padronizadas vai economizar tempo e custos e reduz ainda os danos no transporte. Além disso, os clientes beneficiam ainda mais quando utilizam um sistema de equipamento automático, nos processos e procedimentos de otimização do uso dos recursos de transporte de forma mais eficiente e segura. Além disso, a curto prazo e, atualmente, a questão do armazenamento de energia é cada vez mais de grande importância. Por isso, verifica-se uma mudança clara nos transportes de movimentação de carga ao nível dos recursos de energia, longe vão os tempos das baterias tradicionais de chumbo-ácido, agora é a era das baterias de iões de lítio. Os benefícios desta tecnologia incluem os longos ciclos de vida, bem como a alta densidade de energia e assim períodos de uso mais elevados.

Quais os principais desafios deste setor a prazo?

O setor de equipamentos de movimentação de carga enfrenta vários desafios. Além de temas como disponibilidades cada vez mais imediatas e tempos de resposta cada vez mais rápidos, há também o aumento da concorrência no meio da logística que impulsionam as empresas continuamente a se tornarem mais eficientes. O desafio é encontrar a solução certa para otimizar o espaço de armazenamento e melhorar a produtividade no armazém para essas empresas. Além de um layout de armazenamento ideal, é necessário, por exemplo, que os equipamentos e os sistemas de armazenamento possam ser integrados no sistema de gestão de armazém através de um interface logístico. Além disso, também faz parte dos desafios da intralogística todo o trabalho em torno da sustentabilidade. Como um fornecedor completo de soluções de logística a Jungheinrich está bem preparada para estes desafios.