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Investimento no retalho duplica em 2014

Por a 3 de Fevereiro de 2015 as 12:00

Em 2014, o investimento imobiliário comercial superou a média anual de 600 milhões de euros, dos últimos dez anos, situando-se nos 700 milhões, aproximadamente. Mais de metade do valor foi investido no retalho, o melhor ano de sempre para o sector, com destaque do comércio de rua

Os resultados são da Cushman & Wakefield que prevê que, em 2015, haja mais tolerância a investimentos de risco devido à “falta de produto prime”. Portugal está “mais atractivo” desde a saída “limpa” da troika, em Maio do ano passado. O País está a passar uma “imagem positiva” para o mercado externo, considera Eric van Leuven, Director-Geral da consultora, que aumentou o volume de facturação em 45%, face a 2013. Comparando com o ano transacto, os departamentos com melhores resultados em 2014 foram “o de escritórios, que triplicou o seu volume de negócios, e os de investimento a retalho, que duplicaram a facturação”.

A empresa deu a conhecer os resultados obtidos no ano anterior, além das perspectivas para as actividades a desenvolver em 2015. No último ano, a imobiliária conseguiu dar resposta à subida da procura no mercado português, que “está mais competitivo”. Em 2014, o departamento de investimento da C&W esteve envolvido em mais de 40% das transacções registadas em Portugal, com destaque para a compra de vários imóveis de retalho e logística, da Blackstone à ESAF, o envolvimento na venda do Freeport, a venda do edifício Chiado 12 em representação da JPMorgan/Imopólis, e a transacção de quatro edifícios para reabilitação urbana. “O último quadrimestre de 2014 viu as primeiras grandes aquisições por parte de alguns fundos de private equity, nomeadamente Blackstone e Meyer Bergman”.

Comércio de rua é o sector mais dinâmico

A taxa de desocupação no imobiliário reduziu 12,1% em 2014, com 80% do capital investido vindo do estrangeiro. EUA foi o país que mais apostou em Portugal, com o volume de investimento situado nos 330 milhões de euros, embora a China também tenha estado em destaque. Durante o último ano, Portugal também recuperou os investimentos institucionais, registando uma recuperação generalizada, ao nível de yields, entre os 100 e 175 pontos base (p.b.), face a 2012.

Depois de, em Dezembro de 2013, o retalho ter registado o valor mínimo no que concerne ao consumo imobiliário, 56% do capital investido em 2014 foi injectado dentro do sector, com destaque para os espaços de rua. O investimento no comércio de rua recuperou 100 p.b., o que equivale a um crescimento de 6%, principalmente nas zonas prime de Lisboa, nomeadamente, a Avenida da Liberdade e o Chiado. Pela mão da C&W, abriram a flagship store da Ermenegildo Zegna, Cos, Hackett, Hugo Boss, Juliana Herc, Hackett, Tricana, Lacoste e Fendi Collection na Avenida Liberdade, onde as transacções realizadas somaram mais de 4 000 metros quadrados. A Intimissimi, Skunkfunk, BenefitCosmetics, Parisienne, Desatino abriram no Chiado, onde a equipa foi também responsável por várias operações que incluíram a venda da Casa da Sorte, com cerca de 60 metros quadrados e mais 30/40 metros quadrados de cave, a um investidor privado, e consequente arrendamento à marca histórica portuguesa Confeitaria Alcoa. A consultora foi ainda responsável pelos espaços Seaside, Vitrine, Fred Perry, que se instalaram na baixa lisboeta, onde tem trabalhado sobretudo na reabilitação de edifícios.

Construção de centros comerciais em 2015

O valor médio por negócio foi de 20 milhões de euros, face à média de 15 milhões de euros, na última década. O peso do investimento estrangeiro foi superior ao verificado nos últimos anos, pesando 80% no volume e 70% no número de negócios.

Registou-se também um menor distanciamento entre o comércio alimentar e o não-alimentar, e os conjuntos comerciais “recuperaram visitantes e vendas”, com a procura por parte dos retalhistas a dar sinais de retoma, depois da construção ter estado praticamente parada no último ano. Apesar de não terem tido muito espaço para crescer, os centros comerciais registaram uma recuperação de investimento de 6,50%, na casa dos 125 p.b.. O Director-Geral anunciou a “construção de centros comerciais” para dar resposta à procura por parte de “grandes empresas”, que “não encontraram soluções no mercado”, mas escusou-se de revelar quais. Durante o ano que passou, em Portugal registou-se apenas a construção de um centro comercial. A partir da reconversão da galeria Jumbo, da Auchan, surgiu o Alegro Setúbal, no qual a equipa da C&W esteve envolvida na comercialização.

No entanto, as rendas “terão que subir para justificar as construções”, o que não deverá acontecer durante o ano, como a consultora prognóstica. “A representação de clientes internacionais continua em crescimento, sendo a Asics o mais recente cliente neste segmento, para a qual foram negociados dois importantes contratos em localizações prime nos centros Colombo e Vasco da Gama”.

Avaliações aumentaram 25% devido a turismo

A empresa foi responsável também pela operação de arrendamento do espaço para logística, com 11 100 metros quadrados, da antiga propriedade da Garcias, em Alverca. A equipa de gestão de imóveis regista 37 edifícios de escritórios, seis centros comerciais e quatro unidades logísticas sob gestão, totalizando cerca de 340 000 metros quadrados de área e um volume anual de rendas de 42 milhões de euros. A seguir ao retalho, o sector de escritórios foi o que registou mais investimento, com 18% do valor total a pesar nesta área, que deverá responder com uma “subida ligeira”, em parte devido à “escassez de oferta de qualidade para grandes ocupantes”. Em 2014, a consultora esteve ainda envolvida no arrendamento de 28 500 metros quadrados de novos escritórios, incluindo a conclusão do arrendamento da Torre Ocidente do Colombo, em Lisboa, a várias entidades. Neste momento, estão em comercialização cerca de 60 000 metros quadrados de escritórios, dos quais se destacam o Étoile 240, Avenida 252, Café Lisboa, Adamastor, Art’s Business Center e Parque Suécia, entre outros.

A equipa de avaliações da consultora registou uma actividade no valor global de mais de 20 mil milhões de euros, o que equivale a um aumento de 25%, relativamente a 2013.É de salientar o sector do turismo, que teve um incremento de 10% no período homólogo. Fora do País, a empresa realizou diversos estudos de mercado, um pouco por toda a América Latina, como no Chile e Equador, tanto para investidores como retalhistas.

Possibilidade de novos recordes em 2015

No que diz respeito a previsões para 2015, a consultora estima que o investimento siga a mesma linha, de forma contínua, as rendas mantêm-se e há a possibilidade de se conseguirem novos recordes, com a “retoma de projectos que têm sido adiados”. Novos projectos serão anunciados no final de Fevereiro, sendo expectável que se pretenda “comprar mais”, e que os activos sejam “seguidos por outros com perfil de investimento semelhante”. A C&W prevê ainda cinco transacções de escritórios, já no primeiro semestre do ano.

“Encaramos 2015 com renovada confiança embora ainda de forma prudente devido à fragilidade da recuperação económica em Portugal e na Europa, e às tensões geopolíticas. Pelo lado positivo, o excesso de liquidez em muitas geografias e a procura de rendibilidade irão continuar a beneficiar o mercado português que, embora pequeno, periférico, e em recuperação, é também percepcionado como sendo relativamente maduro, transparente e barato. Reabilitar continuará na ordem do dia, facilitado por um regime fiscal um pouco mais favorável e um processo de licenciamento um pouco mais flexível. Quanto aos escritórios, começam a escassear edifícios de qualidade e que ofereçam áreas amplas por piso, nomeadamente na zona do Parque das Nações. No entanto, a promoção de edifícios novos só se justificarão quando as rendas subirem pois ao nível actual a equação financeira não funcione. Prevemos ainda um continuado decréscimo das yields para produto prime, implicando ganho de valor”, conclui Eric van Leuven.

 

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