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Eu conto com o Consumidor!, por Carlos Liz, Partner da Ipsos Apeme

Por a 2 de Julho de 2012 as 17:52

Eu conto com o Consumidor!

 

Se os gestores tivessem que fazer uma campanha de publicidade sobre a sua actividade bem podiam pedir emprestada a assinatura do Continente para explicar o que verdadeiramente é decisivo na definição actual da proposta de valor das marcas e das empresas.

Visto do lado dos estudos de mercado dir-se-ia que está em pleno processamento uma reformulação significativa das relações entre oferta e procura, em que o que surge de mais interessante e novo vem muito mais do lado do consumidor do que do lado do fornecedor. Visto deste lado, as marcas inteligentes vão ter que se mexer, sair da casa dos pais e fazer-se à vida cá fora, sem muitas garantias de emprego fixo nem remunerações automaticamente adequadas ao nível social que imaginam para si próprias.

Inteligência

O consumidor desta assinatura publicitária ao contrário tem mostrado competências adaptativas notáveis, lendo em tempo útil as modificações de contexto, ensaiando soluções multi dimensionais, fazendo uma verdadeira formação em exercício acerca do que precisa saber e fazer para manter a sua agenda estrutural: a qualidade e dignidade da sua vida e a vida das suas famílias, que, obviamente não pode parar e pela qual desde sempre lutou e vai continuar, pragmaticamente, a lutar. Há um nome para estas competências adaptativas orientadas para a acção: Inteligência. Tendo frequentado e sido aprovado com distinção na escola da sociedade de consumo portuguesa, o consumidor detém um conhecimento lúcido sobre os mercados e a sociedade e perfila-se como um potencial consultor sénior das marcas e das empresas em tempos de crise e perturbações associadas.

Contabilidade

Quais são as suas credenciais? No plano económico este consumidor olha cada vez com maior lucidez para a relação entre receitas e despesas ao nível do orçamento familiar, procurando intervir nos dois lados desta contabilidade quotidiana – torna-se consumidor fazedor, gerando rendimento suplementar (directamente ou por optimização e transferência de recursos) e refaz habilmente a sua lista de compras, sem regressos a um básico que não lhe interessa. Não há nenhum back to the basics em curso, nem nenhum ataque de racionalidade aguda no consumidor português de 2009 e seguintes. Em vez de cortes aritméticos, o consumidor refaz as contas e define critérios qualitativos. Áreas fundamentais destes reajustamentos inteligentes: o alimentar, a mobilidade, o entretenimento. Estes anos de crise estão a proporcionar para segmentos significativos das classes médias urbanas revelações fundamentais sobre si próprios, evidenciando um corpo de activos (expresso em equipamentos, nomeadamente em casa) que até agora existiam quase automaticamente, como se de uma acumulação natural se tratasse.

Valor

O consumidor-valor, inteligente, está disponível para trabalhar com as marcas que estejam alinhadas com uma agenda de reconfiguração da vida, que pensem e pratiquem sustentabilidade nas relações e que saibam, humildemente, redesenhar propostas de valor relevantes. Marcas que possam dizer, seriamente, que contam com o consumidor, isto é que o têm em conta nas duas decisões, que demonstram capacidade de o escutar em tempo útil e que se mostrem empenhadas em ir ao seu encontro.

 

 

Clique duas vezes na imagem para visualizar o gráfico – Agregados com os principais equipamentos domésticos – na dimensão real

 

Nota: Os portugueses têm vindo a equipar as suas casas de forma rápida, dispondo de uma base instalada positiva e criando um sentimento de consumidor vencedor, com casas ligadas digitalmente e confortáveis.

 

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