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“Desempenho em inovação é sobrevalorizado em Portugal”, diz Daniel Bessa, líder da COTEC

Por a 13 de Maio de 2011 as 12:00

Apesar de nos consideramos o terceiro país mais inovador da Europa ocupamos o quinto lugar do ranking… a contar do fim… nos indicadores relacionados com a competitividade. Daniel Bessa, director-geral da COTEC, considera que é preciso adoptar “atitude mais profissional”.

 

“O nosso desempenho no domínio da inovação é sobrevalorizado”, sublinha Daniel Bessa, director-geral da COTEC (Associação Empresarial para a Inovação).

“A inovação mede-se. Uma das métricas mais conhecidas é o European Innovation Scoreboard. Analisando o nosso País há variáveis que não batem certo. Quando foi perguntado às PME (Pequenas e Médias Empresas) portuguesas se eram inovadoras o resultado foi surpreendente: apenas a Alemanha e o Luxemburgo responderam que são mais inovadores do que nós. É assim que nos vemos. Mas, ser inovador não passa apenas por aumentar o número de mestres e doutores. São importantes variáveis como o emprego qualificado, a remuneração, o lançamento de novos produtos, a aplicação de conhecimento, a competitividade, entre outros. E naqueles indicadores os nossos resultados são os piores. Atrás de nós estão apenas a Polónia, a Lituânia e a Letónia”, explica o ex-ministro da Economia no Governo de António Guterres, por ocasião da conferência sobre Inovação e Competitividade, organizada em conjunto pela COTEC e IAPMEI (Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação).

“Há um problema de percepção. Em rigor, somos o quinto pior da Europa, mas estamos convencidos que somos o terceiro melhor”, acrescentando que “é preciso adoptar uma atitude mais entusiasta, profissionalizada e alinhada, discutindo e partilhando boas práticas e processos. É esta a guerra da COTEC”.

A conferência intitulada “Inovação e Competitividade – Gerir com Futuro”, que teve lugar recentemente em Lisboa no âmbito da rede Enterprise Europe Network, é a primeira de 10 que vão decorrer de Norte a Sul do País ao abrigo da semana europeia das PME.

“O objectivo deste ciclo de conferências que decorre em paralelo em vários estados-membro é a promoção de uma política mais empreendedora e competitiva nas empresas e na economia”, explica Luís Filipe Costa, presidente do conselho directivo do IAPMEI. O principal calcanhar de Aquiles das empresas portuguesas são as competências de gestão, refere Luís Filipe Costa. “É neste capítulo que decorrem as maiores falhas das PME”. Mas também “é preciso reforçar a fiscalização que tem sido excessivamente neutral”, alerta.

 

Medir a inovação

Isabel Caetano, directora de Projectos da COTEC, salienta os requisitos essenciais à construção de um sistema de gestão de inovação “sistemático e sustentado”. Em primeiro lugar é preciso “passar do querer fazer para o fazer acontecer. Transformar a vontade em resultados (criação de valor económico e social) a partir de uma estratégia de desenvolvimento”.

Mas, por onde devem as empresas começar? Conhecer bem a realidade dentro da nossa casa, é o primeiro passo. Para isso, a COTEC desenvolveu o Innovation Scoring (innovationscoring.pt), um instrumento de diagnóstico, disponível online (pode ser feito internamente pelas empresas) e utilizado já por mais de 300 empresas portuguesas.

Inspirada nas melhores práticas, esta ferramenta permite “conhecer de forma aprofundada as diferentes dimensões que sustentam os processos de inovação e identificar áreas de potencial melhoria. Diagnosticar, medir e questionar de forma adequada o desempenho e o potencial de inovação da empresa de forma a reforçar as vantagens competitivas”.

O sistema de Innovation Scoring segue uma estrutura com quatro dimensões principais – Condições (cultura, estratégia e liderança), Recursos (capital humano, relações com o exterior), Processos (organização) e Resultados (gestão de ideias, conhecimento e capacidade intelectual) – , num total de quarenta e três questões.

Entre as vantagens deste sistema de diagnóstico saltam à vista a “orientação para os resultados e medição dos mesmos, a sistematização e agregação de informação muitas vezes dispersa e a caracterização fiel da situação da empresa”.

 

 

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