Distribuição

Distribuição resiste à crise

Por a 10 de Julho de 2009 as 5:01

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Apesar de não ter ficado completamente imune à actual conjuntura económica, o sector da Distribuição Moderna em Portugal, mais concretamente, o universo da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) resistiu bem aos tempo difíceis e mostrou, em 2008, um aumento no volume de negócios.

O ano 2008 foi bastante bom para o comércio em Portugal”. Foi com estas palavras que Luís Vicente Dias, presidente da Associação Portuguesa e Empresas de Distribuição (APED), classificou a performance dos quase 98 associados no final de 2008 durante o encontro com jornalista para apresentação do Ranking da Distribuição 2008. Afinal, se há coisa que o português – ou qualquer pessoa de outra nacionalidade – não pode deixar de fazer é comer, verificando-se uma clara transferência do consumo de fora para dentro do lar.

Aliás, esta realidade já fora avançada por um estudo da TNS Worldpanel, durante a realização da Alimentaria Lisboa 2009, ao analisar a globalidade do exercício transacto e o primeiro trimestre de 2009 em Portugal, mostrando que o peso FMCG no Total Ticket passara de 69,5%, em 2007, para 72,6%, em 2008, e que nos primeiros três meses de 2009 já chegara aos 73,7%, com 61% das categorias de alimentação básica a crescerem.

Distribuição vale 8,4% do PIB
Centrando-nos, contudo, na performance do sector da Distribuição Moderna em Portugal durante 2008, Vicente Dias não deixou de revelar-se “surpreendido pela positiva”. Até porque, “sabíamos que o ano tinha corrido bem para os nossos associados”.

Salientando que o gasto das famílias em alimentação fora de casa tem estado em regressão, considerando isso “benéfico” para o sector, o responsável da APED considerou na conferência de imprensa que “o consumo alimentar é muito estável. Quando a retoma chegar, não haverá grandes alterações”.

Assim, em 2008, o volume de negócios total da Distribuição registou um aumento de 12% face ao exercício anterior, totalizando 14,036 mil milhões de euros, ou seja, mais 1,471 mil milhões de euros que em 2007, representando, no final do ano, 8,4% do Produto Interno Bruto (PIB), admitindo Vicente Dias que “este número deverá crescer, quer por adesão de novos associados, quer por crescimento dos actuais”.

Com o retalho alimentar a ser responsável por 69% do volume de negócios global – a grande distancia do segundo (Electrónica de consumo com 10%) – estes números mostram bem o peso do comércio de produtos alimentares no universo da APED.

Isso mesmo é possível verificar no Top 25 do Ranking 2008 da APED, constatando-se que entre estas 25 empresas, somente sete registaram decréscimo no volume de negócios, pertencendo todas ao retalho não alimentar.

Sonae mais líder
Em termos de posições cimeiras no Top 25 do Ranking da APED não houve grandes alterações, sendo necessário irmos até ao 8.º lugar para termos a primeira troca de posições entre Staples e Ikea.

Assim, a Sonae Distribuição (Continente, Modelo, Worten, Sport Zone) mantém a liderança do sector da Distribuição Moderna em Portugal, tendo registado, em 2008, um crescimento de 23% face a 2007, totalizando 4,755 mil milhões de euros, de resto a maior subida entre os grupos que compõem o retalho alimentar da APED.

O segundo lugar é ocupado pelo grupo Jerónimo Martins (Pingo Doce, Feira Nova), com um volume de negócios de 2,665 mil milhões de euros, correspondendo a uma subida de 18% face ao exercício anterior.

O pódio é finalizado pelo grupo Auchan (Jumbo, Pão de Açúcar) que, mercê da subida em 12% do volume de negócios, atingiu os 1,434 mil milhões de euros.

Destaque ainda para o Ikea que, além de ultrapassar a Staples no Ranking da APED, foi o grupo que maior crescimento registou em 2008 (+51%) finalizando o exercício transacto com um volume de negócios de 312 milhões de euros.

No conceito alimentar, o ranking é liderado pela Continente/Modelo, registando um crescimento de 21%, totalizando 3,222 mil milhões de euros, seguido da Jerónimo Martins e Auchan com os mesmos valores acima referidos. Destaque para a diferença existente a partir do 5.º lugar neste ranking, já que se a 5.ª posição é ocupada pelo Minipreço com um volume de negócios de 904 milhões de euros, o 6.º lugar pertence ao Ponto Fresco com 47 milhões de euros. (ver quadro) No ramo não alimentar, a liderança também pertence a uma insígnia da Sonae Distribuição – Worten – com um volume de negócios de 648 milhões de euros e um crescimento de 16% face a 2007. As posições seguintes são ocupadas pelo El Corte Inglés e Fnac.

Apesar de o ramo não alimentar ter sido o que mais sofreu com conjuntura de crise económica e poupança dos consumidores, é possível verificar que foi nas insígnias de retalho especializado que aconteceram as maiores subidas do Ranking (Ikea +51%, Moviflor +22%, Media Markt +33% ou Leroy Merlin +34%).
Minipreço com + lojas
Pingo Doce com + área

O universo de lojas APED registou novo aumento em 2008, aumentando em 266 pontos de venda, sendo que 47 pertencem a novos associados, totalizando 2.437 lojas. Para Luís Vicente Dias “Portugal está muito bem servido ao nível da conveniência e proximidade, existindo muita escolha no que diz respeito à variedade de formatos”.

Em termos de lojas, a liderança também não sofreu mudança, mantendo-se o Minipreço à frente do Ranking com um total de 478 lojas (+9%), seguido do Pingo Doce que, mercê da incorporação das lojas Plus e da reconversão de algumas unidades Feira Nova, aumento o parque de lojas em 50%, finalizando o ano de 2008 com um total de 334 unidades. O pódio é finalizado por outra insígnia do ramo alimentar – Lidl – que ao crescer 9% detinha 215 lojas no final do ano passado.

O maior crescimento em termos de números de pontos de venda (+73%) pertence ao Continente, em grande parte devido à incorporação do Carrefour.

Já quanto o Ranking da área de venda, os associados da APED totalizavam cerca de 2,4 milhões de metros quadrados, tendo aumentado mais em 2008 (+247 mil m2) que em 2007 (+231 mil m2).

Neste capítulo deu-se a maior alteração, com a chegada do Pingo Doce à liderança, destronando o Modelo, tendo a insígnia da Sonae Distribuição sido ultrapassado também pelo Continente e Lidl. Assim, o Pingo Doce aumentou a área de venda em 62%, totalizando 315 mil m2, enquanto o Continente passou de 174 para 275 mil m2 (+58%), finalizando o Lidl o ano de 2008 com 215 mil m2 de área de venda (+11%).

Destaque para o facto de nenhuma insígnia ter reduzido área de venda, com excepção do Feira Nova, mas que, neste caso tal como no número de lojas, significa a transferência dos metros quadros para o Pingo Doce.

Para o ano 2009, Luís Vicente Dias avançou que “quer por geografias, quer por cadeia, as aberturas planeadas estão a manter-se”, garantindo que o sector “continuará a investir. Estamos a cumprir a nossa parte. Há um conjunto enorme de projectos em carteira, mas, de uma forma geral, há espaço para crescimento”, admitiu o presidente da APED.

+Emprego
Ponto destacado pelo responsável da associação foi o aumento do número de trabalhadores no sector da Distribuição Moderna em Portugal, empregando os associados da APED, no final de 2008, 81.267 funcionários, ou seja, mais 5.473 postos de trabalho que em 2007 e mais 31.758 que em 2004, correspondendo a um aumento de 65% em quatro anos.

Quanto ao emprego criado, o presidente da APED deixou claro que “quando falamos de emprego criado pelos associados da APED, falamos igualmente de emprego de qualidade, como provam as três milhões de formação ministrada em 2007, bem como o facto de 67% do emprego estar enquadrado por contratos de trabalho sem termo”.

Aliás, Vicente Dias salientou que “este número não é maior porque é um sector com muito rotatividade, por opção dos próprios colaboradores”.

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