Marcas próprias roubam espaço a fabricantes nos lineares

Os portugueses estão a mudar as suas opções de compra. Quando estão perante o linear são cada vez mais os consumidores que preferem as marcas próprias em vez das de fabricante. Razão que leva a Centromarca a acusar as empresas de distribuição de concorrência desleal, de acordo com a Agência Financeira.

Só no último semestre de 2008, as marcas próprias aumentaram 30%. Duarte Raposo, presidente da Centromarca, acredita que “esta inversão repentina de tendência é um pouco artificial. Admito que estes produtos possam ser uma opção válida para os consumidores que, neste tempo de crise, procuram preços mais baixos, mas isto não é espontâneo, trata-se de um crescimento que é influenciado por uma atitude pensada por parte da distribuição”.

Isto porque a Distribuição, diz o responsável da associação, retira as marcas dos lineares, colocando-as em lugares pouco visíveis. Os hiper e supermercados alugam “espaços nas suas prateleiras e os seus produtos próprios concorrem com os de marca. Parece-nos que há aqui um problema de concorrência. Estamos a ser extremamente maltratados, pressionados, comprimidos a nível de localização”, diz à Agência Financeira.

José António Barreto, secretário-geral da Associação Portuguesa de Empresas da Distribuição (APED), diz que “isso só acontece com os pequenos produtores”, que devem organizar-se para ter mais poder negocial. Quanto às comissões cobradas às marcas para colocar os produtos nos lineares, este garante que são apenas cobrados “aos produtos novos”, não referindo valores.

A Centromarca acusa ainda as empresas de Distribuição de causarem o desemprego, uma vez que 75% dos produtos de marca própria são importados. Ao que José António Rosseau responde garantindo que é “impossível saber que percentagem de produtos de marca própria está a ser produzida no estrangeiro. As empresas não revelam a quem entregam a produção dos seus produtos, até por questões de concorrência entre elas”.