Distribuição

Como prevenir o furto

Por a 6 de Março de 2009 as 5:49

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A ocasião faz o ladrão. Os tempos de crise despertam o gatuno ocasional, que habitualmente viraria as costas a uma oportunidade de furto. Quais os danos para a distribuição e como pode proteger-se.

A história diz-nos que em tempos de crise a percentagem de roubo interno e externo tende a subir. O que, por sua vez, tem implicação directa no investimento e esforço que as cadeias de retalho têm que fazer para não verem as suas contas desfasadas, entre o que foram as vendas estimadas e o que são as vendas reais, ao mesmo tempo que a necessidade de reduzir custos é imperial.

Nesse sentido, os grandes desafios para a distribuição moderna são: reduzir custos, reduzir roubos e melhorar visibilidade e vendas. Foi este o cenário delineado por Paulo Borges, director-geral da Checkpoint Portugal, na abertura da conferência “Implementar boas práticas para diminuir perdas/quebras numa Rede de Retalho”.

As perdas normalmente associadas a roubo têm custos financeiros directos “que é o custo da organização ter pago algo pelo produto e que por perda não se vai traduzir num retorno para a organização” e que, por sua vez, se reflectirá na perda de lucros, como explicou Filipe Areosa, sócio da Filipe Areosa & Faria, SROC. O especialista identificou duas naturezas para as perdas: naturais e extraordinárias (onde se inclui o roubo). Porém, em termos fiscais o difícil é provar que um produto foi furtado e não vendido. “Grande parte das perdas são classificadas como normais, como parte do custo”, logo artigos de perda desconhecida são considerados como vendidos, pela administração fiscal, sujeitos a IVA. Assim, Filipe Areosa sublinha a importância da unidade de retalho se precaver com provas, fazendo um inventário permanente, assim como registos das quebras/perdas, que têm que ser provados.

Caso Auchan
De acordo como dados da Checkpoint, em 2007 o furto interno representou 24,7% da procedência da perda desconhecida, o que significou 88,673 milhões de euros que não entraram nos cofres das empresas de distribuição. Silvestre Machado, director nacional de segurança do Grupo Auchan, assume que a melhor forma de combater a fraude interna é a prevenção. A situação económica actual potencia o risco de fraude e para o responsável não existem “trabalhadores de confiança”, “um funcionário da empresa há vinte anos, que conhece todos as falhas do sistema, pode estar numa situação em que necessite de dinheiro e ache que se vai safar”.

Definir uma estratégia é imperativo, antecipação é a palavra-chave. Silvestre Machado traça umas linhas para a prevenção do roubo interno: delinear um perfil de potenciais infractores, que terá que ser actualizado periodicamente, estabelecer uma matriz com a informação e registo de ocorrências, testar e auditar as diferentes actividades de acordo com os diferentes níveis de risco, com o propósito de detectar fraudes e dissuadir, explicar aos trabalhadores que estão a ser supervisionados, ter cuidado na selecção de pessoal, não ignorar sinais de alerta, ter um canal para informação confidencial para colaboradores e realizar auditorias aleatórias.

Caso Fnac
O furto externo representa mais de metade da perda desconhecida (53,5%), o que significa 192 milhões que não foram facturados. Carlos Alves, coordenador de serviços gerais da Fnac, um dos alvos preferidos dos mal intencionados, devido à atractividade e preço dos produtos comercializados, explica que a melhor forma de combater o roubo é através da formação interna de todos os colaboradores/funcionários e equipa de segurança, da dissuasão, através de sistemas técnicos e humanos visíveis, e optimização permanente do todos os sistemas técnicos e humanos (Videovigilância, Antenas – rádio frequência e detecção metal – e equipa de segurança humana).

A insígnia trabalha com dois tipos de conceito: free touch, onde o cliente manuseia o artigo, este tem que estar protegido senão desaparece. A FNAC tem investido neste sistema, para que não fique demasiado defensivo. Porém, estes são artigos que nunca são roubados, uma vez que ao tentar levar, toca o alarme, mas não é o ideal para o cliente. O objectivo é tornar o espaço mais atractivo, através do design de mobiliário mais atractivo.
Nos produtos que estão em livre-serviço (sem protecção para além das etiquetas) reside o grande problema, que se deve à utilização de malas forradas com alumínio por parte dos ladrões e que nem sempre é detectável pelas antenas de detecção de metal. Por isso, o segredo reside no complemento entre os sistemas técnicos e serviço de vigilância.

Nota: o artigo continua na próxima edição.

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