Distribuição

Quebra no consumo desencadeia guerra no retalho espanhol

Por a 3 de Março de 2009 as 2:00

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Três pelo preço de dois, descontos até 40% na compra de mais de três ou quatro unidades do mesmo produto, saldos de 20, 30 e 40% em determinados produtos alimentares de primeira necessidade.

Este é o actual cenário no retalho espanhol, levando os operadores à prática de uma política de descontos agressiva com o objectivo de impulsionar as vendas que registaram uma quebra significativa nos últimos meses.

Segundo alguns analistas, o sector da distribuição moderna espanhola enfrenta a maior revolução desde os anos 1970, aquando do surgimentos dos novos formatos comerciais.

A Mercadona, como é sabido, foi a primeira a anunciar a retirada de 800 referências, com o objectivo de reduzir o preço do carrinho de compras, influenciando todo o restante sector.

O próprio El Corte Inglés viu-se “obrigado” a entrar nesta guerra de preços, lançando no passado mês de Outubro do ano passado a sua própria marca low cost – Aliada – incluindo uma ampla gama de produtos alimentares, drogaria e perfumaria

No recente congresso da Aecoc – associação que, com cerca de 24.000 associados, é uma das maiores em Espanha e em que fabricantes e distribuidores trabalham conjuntamente para melhorar o sector com o objectivo de dar maior valor ao consumidor – o presidente da Eroski, Constan Dacosta, avisou contra os perigos de entrar numa guerra de preços.

“Se entrarmos numa dinâmica de baixar preços para impulsionar vendas, sairemos todos perdedores”, admitiu. No entanto, por ocasião dos 40.º aniversário, a própria Eroski lançou uma grande promoção de descontos de 40% numa vasta gama de produtos à vendas nas lojas.

Com a actual situação, surgiram rapidamente as primeiras vozes discordantes. A União de Pequenos Agricultores (UPA) de Jaén apresentará uma denuncia contra o Carrefour e Dia, junto da Agência Andaluza da Concorrência, acusando o grupo de vender azeite de marca própria abaixo do preço de custo.

O Carrefour está sendo, aliás, um dos grupos de distribuição mais agressivos na sua política de baixa de preços, fundamentando a estratégia em lançamentos de de produtos – principalmente de primeira necessidade como azeite, leite, iogurtes e arroz – com preços muito baixos. Actualmente, refere a imprensa espanhola, é possível comprar um pack de quatro unidade de iogurtes por 50 cêntimos, correspondendo a uma baixa de 41,2%.

Na mesma linha, os alemães do Lidl estão a reforçar a imagem de qualidade das suas marcas, tendo já lançado uma campanha publicitária com o slogan “Não se engane, a qualidade não é cara”.

No entanto, os operadores do retalho não utilizam somente as baixas de preços. O Carrefour, por exemplo, utilizou a publicidade comparativa, colocando há vários meses cartazes à entrada das suas lojas onde é possível ler “Somos mais baratos que Mercadona”. Além disso, o grupo gaulês exibe junto às portas das suas lojas espanholas (pelo menos as que ficam mais próximas da Mercadona) grandes painéis com a mesma mensagem e uma tabela comparativa de preços.

Na imprensa espanhola, fontes de vários operadores admitem que “os grupos de distribuição estão, neste momento, muito mais atentos ao que faz a concorrência. Todas as semanas recebem uma listagem de preços elaborada por empresas de estudos de mercado de grande consumo que são estudadas minuciosamente para saber que estratégias a concorrência possui e como reagir”.

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