Editorial

Um exemplo a seguir?

Por a 6 de Fevereiro de 2009 as 9:51

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Na última semana publicámos na nossa newsletter – www.hipersuper.pt – uma notícia relativamente à decisão da Mercadona, um dos maiores players da distribuição moderna do país vizinho, de “expulsar” diversas marcas de fabricante dos seus lineares, apostando fortemente na marca própria Hacendado. Entre as “escolhidas” e referidas na imprensa espanhola estão Nutrexpa, Vileda, Nestlé, Bimbo, Calvo, Sara Lee e/ou Pascual, não se sabendo ainda o número total de marcas afectadas.

A medida, refere o distribuidor, faz parte de um plano de redução dos preços de venda ao público, bem como fazer reverter as poupanças directamente para benefício do consumidor, levando ao desaparecimento, desde de Outubro de 2008, de quase 800 referências – de um total de 9.000 – dos lineares do retalhista, ou seja, 10% dos produtos à venda.

As medidas incluem até a substituição de rótulos, referindo o retalhista que só com a passagem de rótulos plastificados para rótulos de papel nas latas de tomate, a companhia poderá poupar 450 mil euros/ano, ou a não utilização de bandejas nas frutas, vendendo-as a granel, podendo as reduções no preço final chegar aos 15%.
O receio dos fabricantes é, naturalmente, uma possível imitação desta medida por parte de outros retalhistas e a consequente retirada dos seus produtos dos diversos lineares de hiper e supermercados. Mas isto é em Espanha.

E em Portugal? A questão que se poderá colocar é a de saber se isto é ou seria possível em Portugal e com que consequências ou se já aconteceu, mas de forma mais silenciosa?

Naturalmente que do ponto de vista do consumidor, quanto mais barato melhor, tendo em conta as actuais dificuldades. Para o retalhista, a “receita” é comprar o mais barato possível, obter margens grandes e fazer crescer as marcas próprias através de acordos exclusivos com alguns fornecedores. Para as marcas, a opção é conseguir negociar as melhores condições possíveis ou ver-se “excluída” de alguns lineares.

A tendência internacional chegou a Portugal com algum atraso, mas quando chegou foi visível ver os grandes grupos do retalho a reverem as suas políticas, muito devido ao sucesso do conceito discount. Mas se, por exemplo, no caso do Lidl foi possível ver a entrada de cada vez mais marcas de fabricante, insígnias como Modelo, Continente, Jumbo, Intermarché, Leclerc ou Pingo Doce trabalharam na substituição dessas mesmas marcas por marcas próprias.

Seria possível a uma insígnia do retalho alimentar “expulsar” marcas como a Mimosa, Coca-Cola, Sagres, Super Bock, Gazela, Nesquik, Delta, Skip, Danone, Nestlé, Gallo, Aveleda, Fairy, El Pozo, entre outras?
Será que o consumidor gostaria de ir a um hiper ou supermercado e ver-se confrontado com marcas que não conhece, tendo à sua disposição somente marcas da distribuição?

As mais recentes acusações entre a APED e a Centromarca fizeram a primeira, pela voz do seu presidente, José Silva Ferreira, apontar o dedo à indústria, acusando-a de pressionar a Grande Distribuição para aumentar o preço de venda dos produtos. O seu congénere da Centromarca admitiu, por sua vez, que a contribuição para o aumento dos preços foi praticamente dois terços nos produtos de marca branca e um terço nos dos produtores.

Olhando para o que os principais players do retalho mundial planeiam fazer, a “guerra” entre a distribuição e produção está para durar a nível global.

Vamos ver quem beneficia e como!

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