A culpa, afinal, é dos media
O fim-de-semana passado foi escolhido pelo Governo português e pelos respectivos pares europeus para apresentar o plano anticrise. As 29 medidas anunciadas pelo Executivo de Sócrates terão um custo total de 2.180 milhões de euros, sendo que 1.300 milhões provêem do Orçamento de Estado e os restantes 880 milhões de fundos comunitários.
Do plano, destaque para as medidas que visam o apoio às exportações e PME. Tratando-se de uma das áreas onde as empresas portuguesas terão de apostar, é natural que as ajudas proporcionadas por este pacote são bem-vindas, até porque, com as economias globalmente em crise torna-se cada vez mais difícil vender para fora.
A crise, no entanto, também foi notícia esta semana, não pelas medidas que foram tomadas pelos diversos governos da União Europeia no combate à crise, mas pela forma como, supostamente, a imprensa tem acompanhado os acontecimentos. Ou seja, existem países que pretendem culpar a imprensa pela dimensão da crise, considerando que caberia à imprensa descobrir a tempo e horas aquilo que motivou a crise, admitindo que agora a imprensa limita-se a potenciar ainda mais o pânico dos mercados.
No Reino Unido, o Parlamento britânico já lançou, inclusive, uma investigação formal sobre o assunto, com a Comissão de Economia da Câmara dos Comuns a averiguar se não deveriam ser aplicadas regras aos jornalistas em tempos de crise.
Em Portugal, felizmente, o Executivo é da opinião que esta é uma matéria de auto-regulação, embora a CMVM já tenha elaborado um conjunto de recomendações para que os jornalistas sejam mais rigorosos na divulgação e informação económico-financeira.
No fundo, o que se pretende agora, é, de certa forma, desculpabilizar os que erraram, falharam, não investigaram, não detectaram, e transferir a culpa da crise não para a origem, mas para o mensageiro.
Talvez, mas só talvez, o melhor seria colocar alguns jornalistas em determinadas instituições ou entidades reguladoras, de modo a ser possível então aos media averiguar, descobrir e informar sobre determinados anomalias no mundo das finanças. Talvez, mas só talvez, ainda vemos imputadas responsabilidades aos media pelo mais recente escândalo Madoff.
Enfim, é o mundo em que vivemos!Para finalizar, quero em nome de toda a equipa do Jornal Hipersuper desejar a todos os nossos leitores um Feliz Natal e um Excelente 2009.
Até para o ano!