Quotas leiteiras geram discórdia entre actual e antigo Ministro da Agricultura
O fim das quotas leiteiras em 2015, decidido pela União Europeia (UE), é o pomo da discórdia entre Jaime Silva, actual titular da pasta da Agricultura, e Armando Sevinate Pinto, seu antecessor e actual assessor da Presidência da República. Os dois responsáveis acusam-se mutuamente de terem avalizado a abolição das quotas no tempo em que eram Governo, sem acautelar a concessão de apoios aos agricultores após a data da liberalização.
Ao Expresso, Jaime Silva criticou a posição adoptada por Portugal em 2003 em sede de Conselho de Ministros da Agricultura e Pescas (CMAP) da UE, durante as negociações para a reforma da Política Agrícola Comum (PAC). Tal posição denuncia “falta de visão” do então Ministro Sevinate Pinto, o que teria redundado no “erro estratégico” de não assegurar apoio aos produtores de leite após 2015, considera o governante.
Em resposta, o actual assessor de Cavaco Silva defende que a liberalização foi decidida no ano de 1999, época em que a pasta da Agricultura estava entregue a Luís Capoulas Santos (actual eurodeputado e relator do “Exame de Saúde” da PAC), tendo Jaime Silva como seu assessor junto das instâncias comunitárias.
Sevinate Pinto aproveitou, em declarações ao Público, para criticar a exclusão do sector leiteiro do PRODER – Plano de Desenvolvimento Rural o que contrasta, segundo o responsável, com as proclamações verbais da tutela, em sentido exactamente oposto.