Emprego & Formação

O Indivíduo e a Empresa

Por a 3 de Outubro de 2008 as 9:30

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Com a dinamização do mercado global, assistimos hoje ao aparecimento, desenvolvimento e desaparecimento de empresas com uma rapidez nunca antes vista. Esta realidade sucede transversalmente em qualquer sector da cadeia de valor desde a Indústria, passando pelo Grande Consumo, até à Grande Distribuição/Retalho.

Assistimos assim ao desenvolvimento de empresas com visões orientadas para mercados de nicho, mercados de importação/exportação, desenvolvimento de grandes contas, especializadas ou não. Na constituição destas empresas encontram-se colaboradores que integram as mesmas, aculturando-se à sua cultura e estratégia, permitindo-lhes o desenvolvimento.

Duas Realidades
No mercado empresarial nacional verificam-se duas formas de organização consideradas viáveis e de desenvolvimento empresarial, cuja praxis funcional é significativamente diferente: empresas de índole multinacional ou corporativas e empresas de índole familiar. Estes diferentes formatos empresariais captam, mantêm e promovem os seus recursos de forma diferente e por conseguinte as expectativas tomadas por cada um e o rumo que impulsiona à carreira é significativamente diferente.

Associada a uma empresa de cultura multinacional poderemos referir uma estrutura uniforme e replicável, procedimentos standards e um plano de carreira e desenvolvimento profissional similar em qualquer ponto do globo, unidos por uma estratégia comum.

Já no contexto de uma empresa de índole familiar, não obstante o sucesso que as mesmas podem obter, assistimos a uma estrutura que dificilmente é replicável, metodologias e práticas não uniformes e plano de carreira diferenciado perante diferentes situações que se colocam no percurso natural da empresa. Actualmente, no contexto do mercado português da Grande Distribuição este entendimento não é diferente.

O Ciclo de Vida Profissional
Prestemo-nos à análise comparativa entre a etapa da vida profissional do colaborador e a sua integração numa das tipologias de empresa descritas, mediante uma óptica de participação na empresa em funções de Middle e Top Management no sector da Distribuição.

Fase Embrionária de Carreira
Quando um colaborador, tome-se o exemplo de um recém-licenciado, integra uma empresa, ele revê na estrutura da mesma uma imagem de si próprio e do seu desenvolvimento profissional.

Uma estrutura corporativa permite ao futuro colaborador a sua rápida localização num ambiente que é assumido como de alta competitividade, onde o erro é minimizado através da propagação de saber compilado nos rígidos procedimentos e regras da empresa.

Numa estrutura familiar, o colaborador tende a integrar uma esfera profissional onde, acima da aprendizagem de metodologias e padrões de desempenho, supõe-se que domine uma parte não palpável da empresa situada no campo relacional.

A opção de integração numa tipologia de empresa em detrimento de outra passa muitas vezes por uma questão de acessibilidade às mesmas dado as empresas de características corporativas predominarem sobretudo nas regiões mais desenvolvidas do país, nomeadamente no Litoral.

A captação de mais-valias passa muitas vezes pelo recrutamento directo de jovens recém-licenciados directos das Faculdades e Institutos Politécnicos em projectos de estágio que podem-se efectivar em projectos de carreira já que, começando por uma área operacional existe o melhor incorporar da natureza das empresas.

Meio de Carreira
Após os diversos períodos de integração na empresa e numa fase de desenvolvimento activo de funções, as necessidades individuais associadas a um projecto profissional conduzem a que muitos profissionais se desloquem dos seus projectos para outros. Nesta fase, pode-se assumir que um colaborador numa empresa corporativa muda porque, face à análise que faz do seu desenvolvimento, não revê a sua individualidade e possibilidade de progressão. Um colaborador da outra tipologia poder-se-á rever numa situação em que o seu saber acumulado vertical e horizontalmente é tão forte que poderá ponderar a criação da sua própria unidade de negócio ou investir numa estrutura corporativa, ganhando o melhor de dois mundos.

Face à necessidade de identificar novos recursos aqui também se denotam diferenças. Enquanto uma empresa corporativa fará aqui o seu investimento no reforço de know-how na estrutura, assumindo uma postura de estratégia a mais longo-prazo, as estruturas familiares ponderarão mais para substituições de topo dada a sua estratégia a mais curto prazo.

Topo de Carreira
Nos colaboradores de topo de carreira é mais fácil uma transição que permita o movimento de know-how de uma estrutura corporativa do que o contrário. Esta situação deve-se sobretudo a que a empresa corporativa não conseguirá tão facilmente quanto o contrário acomodar os novos elementos à sua estratégia.

Conclusão
No sector da Distribuição, o comportamento organizado e apreendido por cada um dos elementos da empresa reflectir-se-á no desenvolvimento da mesma. Diferentes culturas empresariais imprimem diferentes planos comerciais que, por sua vez, ditam o sucesso da empresa. Como elemento activo na construção da empresa, o colaborador individual deve assumir uma postura conscienciosa face à sua envolvente. Desta forma, poderá enriquecer a sua experiência individual, tomar decisões de mudança informadas e enquadradas nas suas expectativas e promover as empresas onde participa.
Pedro Nunes,Consultant Retail, Hays Sales & Marketing, [email protected]

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