Distribuição

Retalho aumenta oferta no primeiro semestre de 2008

Por a 24 de Setembro de 2008 as 2:00

retalho.jpgO sector do retalho, que desde os anos 90 foi a “estrela” do mercado imobiliário em Portugal, acusou, desde o início do ano, os efeitos da crise económica e de uma oferta que ameaça atingir valores pouco sustentáveis em várias zonas do País. A estratégia de expansão dos retalhistas é agora menos agressiva e a tomada de decisão mais “delicada” e “criteriosa”. Estas são as conclusões da Chushman & Wakefield (C&W) que no estudo Markbeat Portugal Outono 2008 analisou, entre outros, o sector do retalho no primeiro semestre do ano.

O sector do retalho que habitualmente alberga a grande fatia de investimento, registou uma quebra, contando com apenas 22,3% do total de activos.

Apesar da actual crise económica e da quebra na procura, 2008 estabelece um máximo histórico em abertura de novas superfícies que, segundo a a C&W, “poderão sufocar o mercado”. Portugal “está em contra-ciclo com a situação precária do mercado” por isso, “é notória uma retracção nos planos de expansão dos retalhistas”, revela Marta Leote, research & consultora na C&W.

“A temida saturação do mercado, o vasto número de projectos em comercialização e a pouca diferenciação entre os mesmos, obrigam a uma criteriosa selecção das futuras localizações por parte dos retalhistas”, refere Eric Van Leuven, managing partner da consultora. Ainda assim, os operadores continuam atentos às oportunidades, dispostos a investir em situações pontuais, nomeadamente em localizações de prestígio, como por exemplo, no comércio de rua. “Esta é uma situação muito evidente no seio das marcas internacionais, que continuam a valorizar o comércio de rua quando estudam a entrada no mercado nacional”, garante Van Leuven.

O comércio de rua é, no entanto, condicionado por “rendas prime e pela procura”, remata Van Leuven, acrescentando: “É imperativo encontrar uma forma de agilizar a libertação de espaços no comércio de rua, criando condições de
negócio viáveis para todas as partes. Não é sustentável que os actuais inquilinos continuem na expectativa de negociar valores elevados de trespasses, pois, com o novo NRAU, esta figura perdeu o valor que detinha no passado.

A oferta de conjuntos comerciais atingiu os três milhões de metros quadrados no primeiro semestre de 2008. Face a 2007, apenas as regiões Centro e Sul registaram um crescimento da ABL (área bruta locável) instalada, com a abertura de três conjuntos comerciais com um total de 100.000 m2. Logo a seguir à Grande Lisboa, o Centro é a região com maior peso e em maior crescimento.

O volume de ABL proposta para os próximos três anos continua a crescer, somando cerca de 2 milhões de metros quadrados, o que representa cerca de 67% da oferta existente. As regiões da Grande Lisboa e do Grande Porto concentram uma parte significativa das intenções dos promotores, cerca de 48% do total da ABL prevista.

“Começa-se a questionar a sustentabilidade de tanta oferta nestas regiões do País. Provavelmente, o pipeline desses projectos irá alterar-se e muitos deles ficarão para trás, porque nem todos conseguirão vingar e os retalhistas começam a acreditar nisso”, conclui Luís Antunes, research na área de Investimento da C&W.

Mas nem tudo são más notícias. Luís Antunes acredita que a actual crise económica pode ser encarada como uma benção para o sector: “Com esta conjuntura, os retalhistas estão mais criteriosos por isso apenas apostam nos negócios que realmente têm futuro. Os bancos, por sua vez, estão mais cautelosos em dar crédito para bens comerciais por isso não vamos ter tantos espaços a abrir e a fechar de seguida, como tem acontecido nos últimos tempos. Os centros comerciais têm de se reinventarem e só os que o fizerem conseguirão subsistir. E, além de tudo existem muitos investidores, sobretudo alemães, prontos a agarrar grandes projectos arruinados, dar-lhes a volta e colocá-los novamente no mercado. Portugal, entre muitos países europeus, está em óptima posição porque a crise não nos atingiu, pelo menos para já, da mesma forma aos outros”.

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