Editorial

Cartel… qual cartel?

Por a 17 de Junho de 2008 as 17:30

No momento em que este editorial é redigido, o Presidente da Autoridade da Concorrência (AdC), Manuel Sebastião, encontra-se na Assembleia da República a explicar aos grupos parlamentares se existem ou não casos de cartelização nos combustíveis, concluindo não ter encontrado ilícito na formação de preços.

Neste mesmo dia, a Associação Nacional de Revendedores de Combustíveis (ANAREC), pela voz do seu presidente, Augusto Cymbron, estima que o preço médio do barril de crude está nos 54 euros e que é a refinaria nacional que inflaciona os preços dos produtos derivados de petróleo.

Na memória de todos estão ainda as declarações curiosas do ministro da Economia, Manuel Pinho, que admitiu que “o preço da gasolina em Portugal está na média do que se passa na Europa e que em Espanha o ISP é ‘anormalmente baixo'”. Para espanto de todos, o responsável pela pasta da Economia conclui que “não é verdade que o preço da gasolina e do gasóleo sejam mais baixos em Espanha”. Uma viagem a Badajoz talvez, mas só talvez, pudesse elucidar melhor o nosso ministro em relação a esta realidade.

Portanto, investigou-se para tudo ficar na mesma. É este o País que temos.

José Sócrates já veio admitir que a actual conjuntura é uma “injustiça” para o Governo e que as políticas que tinham vindo a ser adoptadas poderiam levar os portugueses, já a partir de meados deste Verão, a desapertar um pouco um cinto que tem estado apertado há muito.

O ‘balão de oxigénio’ para o Executivo parece agora vir do último relatório do Eurostat que revela que os consumidores portugueses são os que menos têm razões para se queixar do aumento dos preços dos produtos alimentares. Será que vamos ouvir o Primeiro-Ministro congratular-se com o facto de, afinal, os portugueses não estarem a ser os mais penalizados pelas constantes subidas dos preços?

A ver vamos…

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