CE passa a vigiar influência das cadeias de distribuição no preço dos alimentos
A Comissão Europeia (CE) vai passar a vigiar a influência das cadeias de distribuição e de pequeno comércio de alimentos, assim como a especulação existente nos mercados financeiros, de acordo com uma série de medidas de forma a moderar o encarecimento alimentar a nível mundial.
O Governo Comunitário aprovou um conjunto de propostas, com o objectivo de contrapor a actual situação mundial de escassez de alimentos e consequente aumento de preços, dirigida tanto à UE como aos países mais necessitados.
No meio das actuações previstas pela CE destaca-se a vigilância ao pequeno comércio, refere a comissária europeia da Agricultura, Mariann Fischer Boel, em conferência de imprensa. Com este fim, a CE prevê a criação de um grupo de trabalho que examinará o desempenho das cadeias de abastecimento alimentar, incluindo a “concentração e segmentação do mercado”, dentro dos sectores da distribuição e do comércio tradicional da UE. A CE apresentará no fim deste ano um relatório sobre a investigação feita.
No entanto, Bruxelas continuará a trabalhar neste contexto com as autoridades nacionais a respeito da concorrência, assim como estimulará os Governos a continuar os seus esforços, caso tenham intenções de ajustar as regulações restritas dentro do pequeno comércio, segundo a proposta.
Outra das medidas previstas pela CE é “vigiar de perto” as actividades de investidores “especuladores” em mercados de matéria-prima, assim como o seu impacto nas alterações dos preços.
As propostas aprovadas, na passada quinta-feira, pela CE para diminuir a carência e o encarecimento dos alimentos coincidiu com a apresentação, também pelo Executivo da UE, do projecto legal para rever a Política Agrícola Comum (PAC).
Segundo explicou a comissária europeia da Agricultura, a CE quer fornecer uma maior oferta de alimentos aos países em desenvolvimento, mais necessitados e onde se acentuam mais as carências.
Dentro da UE, a comissária referiu que as propostas incluem o documento sobre o exame feito à PAC, como a subida das quotas leiteiras, até à sua supressão em 2015, como à eliminação definitiva de a obrigatoriedade de que o agricultor não semeie 10% das suas terras.
Quanto aos países em desenvolvimento a CE quer impulsionar mais ajuda humanitária e assistência técnica para que possam recuperar a sua agricultura.
Neste sentido, Fischer Boel demonstrou-se partidária que o dinheiro que se reúna da PAC anualmente não volte aos países comunitários, mas sim, que se aplique em “micro-créditos” em países de terceiro mundo.
As propostas apresentadas serão ainda discutidas pelos chefes de Estado e de Governo da UE em Junho. Bruxelas pretende ainda promover medidas para aumentar a oferta alimenta em fóruns como a Organização das Nações Unidas (ONU) e G8.
No entanto, Fischer Boel, garante que os preços dos alimentos atingiram o nível máximo e que, agora, o ritmo de crescimento vai estabilizar, ainda que continue em alta.