Editorial

O rebentar da bolha

Por a 16 de Maio de 2008 as 9:30

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Ficou célebre a frase de John Fitzgerald Kennedy, 35.º Presidente dos Estados Unidos da América, no discurso de tomada de posse: “Não perguntem o que o país pode fazer por vocês. Perguntem o que vocês podem fazer pelo país”.

Ora, em Portugal, os sucessivos governos e, de certa forma, toda a classe política tem vindo a esquecer-se que, durante décadas, foram os consumidores a fazer algo pelo País, com sucessivos apertos de cinto (chegando ao ponto de andarmos de tanga), preocupações com um tal de um “deficit”, de outra coisa chamada despesa pública e interrogações referentes à construção e localização de um futuro aeroporto, além do famoso TGV.

Porventura, chegou agora a hora de perguntar quando é que alguém “do lado de lá” faz algo pelo País, já que depois de várias crises financeiras, económicas, subprimes e afins, estamos perante, talvez, a maior das crises: a Alimentar.

De acordo com dados da consultora Nielsen, durante 2007, os preços do leite aumentaram 74%, o arroz 71%, os óleos 36%, as massas e farinhas 34% e os ovos 24%. E isto ainda não estávamos perante a actual crise alimentar.

O ministro da Agricultura referiu recentemente que Portugal está muito exposto a uma bolha no mercado alimentar, sabendo-se que somente no leite Portugal é auto-suficiente, admitindo mesmo que muitos dos políticos não sabem quanto custa uma carcaça.

Quem visitou os hiper e supermercados durante os últimos dias, foi confrontado com diversos apelos de várias Organizações Não Governamentais (ONG´s), com o intuito de auxiliar os mais necessitados, ou seja, os pobres.

Não admira assim que os grandes grupos do retalho alimentar, internacionais ou nacionais, vejam no relançamento das suas marcas próprias a grande oportunidade de negócio.

Tal como referiu Alexandre Soares dos Santos, presidente do Conselho de Administração do grupo Jerónimo Martins, durante a apresentação dos resultados de 2007, “o tempo da comida barata já acabou”.

Os próximos tempos não se antevêem fáceis, não se vislumbrando grandes alterações na escalada de preços dos combustíveis, contínua desvalorização do dólar ou aumento da procura de alimentos por parte das economias emergentes.

No nosso cantinho não será de estranhar se no principio do próximo ano apareça uma miraculosa redução dos impostos e outras benesses próprias de ano de eleições.

O problema é que até lá, a bolha pode rebentar e aí não há redução de impostos que nos valha.

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