Especialistas rejeitam rolhas de rosca nos vinhos

O jornalista Paul White, editor e crítico de vinhos, rejeita a utilização das rolhas de rosca em detrimento das tradicionais rolhas de cortiça no engarrafamento dos vinhos.
White reside actualmente na Nova Zelândia, país que tem vindo a adoptar rolhas de rosca em engarrafamentos vinícolas.

«O efeito anti-terroir da baixa permeabilidade das roscas, em vinho, suscita grande controvérsia desde há alguns anos, aquando da introdução das roscas, na Austrália e Nova Zelândia, entraram em competição com as de cortiça».

O Americano considera o impacto dos fenómenos de redução provocados por este vedante no pós-engarrafamento, em condições próximas da anaerobiose (ocorrência das reacções químicas na ausência de oxigénio que desenvolvem aromas estranhos nos vinhos). Referiu que «naqueles países, para tornar os vinhos seguros para o engarrafamento com rolhas de rosca, colocou-se uma enorme confiança no sulfato de cobre como tratamento preventivo antes do engarrafamento e como tratamento curativo no pós-engarrafamento.»

O jornalista deu como exemplo, um vinho Pinot Noir, originário da Nova Zelândia e vedado com rolha de rosca, recentemente rejeitado pela União Europeia devido ao elevado teor de sulfato de cobre (2,6 miligramas por litro), «corroborando as suspeitas de que níveis ilegais de resíduos são regra em vez de excepção», conclui-o.

Também presente no evento, o enólogo Mário Andrade considera «os níveis excessivos de cobre encontrados no vinho neozelandês, directamente relacionados com más práticas enológicas». «Não estou satisfeito com nenhum dos estudos até agora em termos de vedantes alternativos, pelo que optei por uma rolha de cortiça natural nos meus vinhos», salientou à Agência Lusa.

White e Andrade, foram dois dos principais oradores do InfoWine, evento que ocorreu em Vila Real, organizado pela Vinideias.