Distribuição

E o Plus vai para…?

Por a 3 de Janeiro de 2008 as 12:00

plus

Se numa recente edição do Jornal Hipersuper a perda de quota do discount Lidl no mercado nacional mereceu uma análise quanto ao futuro da insígnia alemã no nosso mercado, desta vez analisamos vários cenários possíveis para o retalho Alimentar português com a compra do negócio do Plus por alguns dos players a operar em Portugal

A Tengelmann, à semelhança do que já efectuou noutros mercados europeus, colocou a operação do Plus em Portugal à venda, tendo informado já os principais players do retalho nacional das suas intenções. Num negócio que poderá atingir os 90 milhões de euros, as mais recentes notícias davam como praticamente certa a compra das 75 lojas Plus no nosso País pelo grupo Jerónimo Martins. A TNS Worldpanel, num recente relatório, faz um pouco de futurologia e lança vários cenários para o retalho nacional, colocando a Plus nas mãos de vários grupos retalhistas.

Cenário Intermarché

Caso o grupo Os Mosqueteiros avançasse com a compra das 75 lojas Plus em Portugal, a análise da TNS Worldpanel revela que esta aquisição representaria um aumento de 15% de compradores adicionais para a insígnia, ganhando 287 mil novos clientes, passando de 1,958 para 2,244 milhões de lares. Ou seja, em vez de chegar a 51,9% dos lares portugueses, o novo Intermarché (Plus) chegaria a 59,5% dos lares.

Distribuindo os novos compradores deste cenário Intermarché (+75 lojas Plus), a insígnia do grupo Os Mosqueteiros ganharia mais 64 mil novos compradores na região do Grande Porto, +83 mil na Faixa Litoral, +119 mil na Grande Lisboa, +16 mil no Interior Sul e, finalmente, +5 mil no Interior Norte.

De acordo com a análise realizada pela TNS, com uma hipotética compra do Plus, o Intermarché passaria a liderar o sector da Distribuição Moderna em Portugal, no que diz respeito ao Total Till Roll (Total Ticket) e FMCG (Total Alimentação + Limpeza Caseira + Higiene Pessoal). Se no Till Roll, a quota chegaria aos 10,6%, ultrapassando assim o Continente (10,5%) e distanciando-se do Modelo (8,7%) e Jumbo (8%), no Total FMCG o Intermarché reforçaria a sua posição com os 12,1% de quota, afastando-se ainda mais dos 10,6% do Continente, 9,9% do Modelo e 8% do Jumbo. Além disso, o Intermarché ainda sairia beneficiado noutro aspecto com a integração das 75 lojas Plus no seu portfólio, possibilitando um aumento de 29 para 33 milhões das ocasiões de compra.

Cenário Pingo Doce

No caso de uma possível compra da operação Plus no nosso País por parte da Jerónimo Martins (a mais comentada), o grupo liderado por Alexandre Soares dos Santos e Luís Palha aumentaria os mesmos 15% de compradores adicionais para o Pingo Doce. As contas da TNS revelam que um novo Pingo Doce ganharia mais 298 mil novos clientes com a compra da Plus, passando de 1,965 milhões de lares para 2,263 milhões de lares compradores, ou seja, passaria a chegar em vez dos 52,1% a 60% dos lares nacionais.

Ao contrário do Intermarché, o Pingo Doce não ganharia a maioria dos seus novos compradores na Grande Lisboa, mas sim na Faixa Litoral, aumentando aí em mais 113 mil o número de compradores. O Interior Sul (+70 mil novos compradores) e Grande Porto (+ 44 mil novos compradores) conseguiriam maior captação que a região da capital, que totalizaria um aumento de mais 30 mil compradores, totalizando o ganho no Interior Norte mais 32 mil novos compradores para o cenário Pingo Doce + Plus.

Já no que diz respeito às quotas de mercado no Total Till Roll e Total FMCG, o novo Pingo Doce chegaria, de acordo com as contas da TNS, ao 4.º lugar nos FMCG com 8,9% de quota de mercado em valor, ultrapassando Lidl (7,9%) e Minipreço (7,8%). No Till Roll, o Pingo Doce + Plus, subiria ao 5.º lugar, passando de 6,7% para 7,7%.

No entanto, quanto às ocasiões de compra, o Pingo Doce + Plus obtém melhor resultado que o Intermarché + Plus, passando neste item de 33 milhões para 38 milhões.

Cenário Minipreço

Por último, a TNS coloca “em cima da mesa” outro possível cenário, com a integração das 75 Plus no universo Minipreço. Apesar do administrador da insígnia pertencente ao universo Carrefour, Tiago Câmara Pestana, já ter admitido que «não prevê investimentos fora do âmbito da cadeia Minipreço», a verdade é que a integração das 75 lojas Plus no Minipreço aumentaria em 12% os compradores adicionais, ganhando mais 275 mil novos clientes. Um Minipreço + Plus passaria de 2,278 milhões para 2,554 milhões de lares, possibilitando, assim, chegar a 67,7% dos lares portugueses, em vez dos 60,4%.

À semelhança do Pingo Doce, também um Minipreço + Plus ganharia a maioria dos novos compradores na Faixa Litoral, avançando a TNS com mais 137 mil novo lares nesta região. A segunda região a sair mais beneficiada com este cenário, seria o Interior Sul (+ 63 mil novos lares compradores), seguido da Grande Lisboa (+ 39 mil lares compradores) e do Grande Porto (+ 34 mil lares compradores). A região menos beneficiada seria o Interior Norte, onde uma integração das 75 lojas Plus no universo Minipreço só traria mais 2 mil novos lares compradores.

Também no Total Till Roll e Total FMCG o Minipreço + Plus daria um salto no ranking, passando a assumir a 4.ª posição no mercado FMCG com 9,1% (em vez dos 7,8%), ultrapassando Lidl e Jumbo. Já no Till Roll, as contas da TNS dão o “novo” Minipreço a passar de 8.º (6,1%) para 6.º lugar (7,3%).

O Minipreço + Plus conseguiria ainda aumentar as ocasiões de compra de 36 milhões para 40 milhões.

Como ficam as contas

De acordo com o ranking 2006 da APED (Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição), o Plus facturou com as 64 lojas da altura, 154 milhões de euros.

Assim, as vendas do Intermarché/Ecomarché/Netto poderiam passar de 1,541 mil milhões para mais de 1,7 mil milhões, enquanto no caso do Pingo Doce a facturação poderia chegar aos 2 mil milhões. Já no caso do Minipreço, somados os 154 milhões de euros de 2006 do Plus aos 705 milhões de euros da insígnia pertencente ao universo Carrefour, o total facilmente poderia chegar aos mil milhões de euros.

Falta agora saber se são somente estes os três interessados nesta operação ou se ainda existem alguns players com máquina calculadora na mão. Certo parece estar a data para a finalização deste negócio, avançando diversos analistas do mercado a semana do Natal como a altura para a apresentação do negócio.

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