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Industrias apostam em bolachas saudáveis

Por a 7 de Setembro de 2007 as 12:30

bolachas

Apesar de ser um negócio em crescimento, o consumo de bolacha entre os portugueses é ainda bastante inferior ao registado na Europa. O serem consideradas como um “petisco” entre refeições, aliado ao fraco poder económico dos portugueses, são dois motivos apontados pelo director de vendas das bolachas Gullón, Firmino Reis, para o fraco consumo. O lançamento de produtos saudáveis e em embalagens práticas são as apostas dos fabricantes para aumentar as vendas.

A obesidade, ou o excesso de peso, é uma das maiores preocupações de saúde do novo século no mundo ocidental. A industria alimentar, atenta a estas pressões, segue a tendência lançando produtos saudáveis, light e dietéticos. E, claro, o mercado das bolachas não é a excepção à regra.

O segmento bolachas saudáveis ou funcionais surgiu no final dos anos 90, na sequência dos primeiros sinais de obesidade e da nova tendência para comer produtos benéficos para a saúde. Desde então têm registado «crescimentos anuais anormais, entre os 25% e 30% e com margem de evolução para o futuro», afirma Firmino Reis, director de vendas da Gullón. «Estas bolachas, caracterizam-se pela ausência ou baixo índice de sal, açúcar, lactose, frutose, amido e outros ingredientes menos nobres, assim como, o enriquecimento das fórmulas, pela inclusão de fibras (solúveis e insolúveis), soja, cálcio, aveia, cereais integrais, etc.».

Para além de lançarem bolachas saudáveis, os fabricantes apostam também em embalagens mais práticas, como por exemplo os pacotes que trazem doses individuais, de forma a preservar a qualidade dos produtos, assim como facilitar o seu transporte. Segundo o responsável da Gullón, isto acontece porque «o hábito de consumo de bolachas tem vindo a registar-se cada vez mais em horários intercalares das principais refeições».

Marcas próprias líderes
Apesar da evolução verificada no consumo de bolachas, Portugal continua a registar o menor consumo per capita da Europa Ocidental. No ultimo ano, os portugueses gastaram cerca de 157 milhões euros em bolachas, o que representa que mais de 40 mil toneladas destes artigos passaram pelas caixas registadoras dos supermercados nacionais, segundo dados Nielsen fornecidos pela Gullón.

«Nos últimos anos, o mercado português de bolachas teve variações muito significativas, quer ao nível das tendências de consumo, verificadas por targets etários e sócio/económicos, quer ao nível do posicionamento estratégico da Distribuição Moderna», explica Firmino Reis.

O crescimento do retalho alimentar em Portugal originou o desenvolvimento das marcas próprias deste negócio, que actualmente são líderes de mercado (cerca de 34% em volume e 20% em valor). No entanto, o negócio não deixou de merecer a atenção dos investidores, uma vez que tem registado um «crescimento contínuo», cerca de 5% em valor e 3% em volume, «facto que originou transacções consecutivas e consequentemente a aglutinação de várias marcas numa única companhia», afirma o responsável, referindo-se à recente aquisição das bolachas Danone pela Kraft Food.

Os portugueses consomem menos de metade das bolachas que os vizinhos espanhóis. Facto que está relacionado com divergências no comportamento do consumidor, «em Espanha, as bolachas são entendidas como um produto de pequeno-almoço», já em Portugal são vistas como um petisco entre as refeições mais importantes.

Outro factor a ter em consideração é a diferença do poder de compra, bastante superior em Espanha. «Não podemos ignorar que ainda vivemos num estado de crise económica, a qual originou ponderação no consumo, obrigando os consumidores do target médio/baixo e baixo a compras úteis numa perspectiva de preço baixo e consequentemente, menor exigência qualitativa».

De referir também a diferença entre as taxas de IVA que são aplicadas nos dois países: Portugal cobra 21%, contra os 7% espanhóis. De acordo com Jorge Batalha, tamanha divergência acontece devido a uma «avaliação equivocada», uma vez que estas fazem parte do cabaz de compra dos portugueses, além de que «as bolachas do segmento saudável participam activamente na redução da obesidade, podendo ser incluidas na dieta dos diabéticos e celíacos».

Bolacha Maria reina
As bolachas mais consumidas pelos portugueses são as pertencentes ao segmento tradicional/social, onde se incluem as bolachas Maria, que valem de cerca de 24% em volume e 10% em valor e «cujo volume de negócios por marca fazia, e ainda faz, oscilar quotas de mercado e lideranças». afirma o especialista.

A Gullón é a terceira marca mais vendida em Portugal, com 3,5% em volume e 3,2% em valor, o que representa um crescimento de 12,4% e 20,1%, respectivamente. «Estes valores, são sustentados pela prestação agressiva do segmento tradicional (Maria e Tostada), Recheadas de Chocolate e segmento Saudável», explica.

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