FMCG Vinhos

Reforma no mercado penaliza Ribatejo

Por a 30 de Março de 2007 as 16:42

ASAE apreende 26 milhões de litros de vinho

Cerca de meia centena de vitivinicultores associados à Viticartaxo (Associação de Vitivinicultores da região do Cartaxo e da Azambuja) receberam com descontentamento os regulamentos da reforma da Organização Comum do Mercado do Vinho, a propor pela Comissão Europeia.

Ao que consta, a nova reforma será penalizadora para Portugal e em particular para o Ribatejo. Para esta região estão previstos cortes nos apoios à destilação de crise, ao armazenamento privado de vinhos e mostos (sumo de uva antes de se completar a fermentação) para fabricação de sumo de uva e concentrado para enriquecimento.

Ana Frazão, do Departamento Técnico da Vinha e do Vinho da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), no Cartaxo, afirmou com preocupação que «Estes regulamentos ainda não estão definidos pela CE mas são linhas gerais que representam uma situação grave. Principalmente devido à possibilidade de importação de mostos de países terceiros que pode desvirtuar a produção de vinho na Europa e no nosso país. Podemos ter um vinho português feito com base em matéria da Argentina».

O Ribatejo é a região que recebe um maior número de ajudas ao enriquecimento (59%), assim como apoios à destilação (33%) e armazenamento privado de vinhos e mostos (20%), revelando uma soma de preço médio por hectare de 511 euros. Com o corte nestas ajudas, o orçamento será orientado para envelopes nacionais, pelo que serão os produtores de vinho e as adegas cooperativas da região os mais ressentidos.

A preocupação alarga-se ainda à esperada intervenção da ASAE (Autoridade da Segurança Alimentar e Económica) no sector do vinho, temendo-se o encerramento de várias adegas que não reúnam as condições exigidas a nível de higiene e equipamentos.

Segundo Ana Frazão, a actual situação do vinho na União Europeia é de excedentes (15,4 milhões de hectolitros), com o aumento das importações e fraca subida das exportações, apontando para uma diminuição da competitividade na Europa.

De referir que, a reforma da Organização Comum do Mercado, prevê que até 2013 sejam arrancados 400 mil hectares de vinha com um preço médio de seis mil euros por hectare e a proibição de novas plantações. A partir desse ano o mercado da plantação de vinha deverá ser totalmente liberalizado.