FMCG Vinhos

Vinhos com 7 CVR´s

Por a 2 de Fevereiro de 2007 as 16:49

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A Associação Nacional dos Comerciantes e Exportadores de Vinhos e Bebidas Espirituosas (ANCEVE) organizou um debate para discutir as novas Entidades Certificadoras e as fusões das Comissões Vitivinícolas Regionais (CVR´s). Em discussão estavam o Decreto-Lei N.º 212/2004 e o Despacho N.º 22 522/2006 do Ministério da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas (MADRP), levando à colocação de questões como: que consequências trazem as novas regras para cada produtor e região?; a certificação será melhor?; a certificação custará mais?; há economias de escala nas fusões de CVR´s?; e como devem a produção e o comércio organizar-se?.

Apesar de toda a fileira ser da opinião que é necessária uma reestruturação do sector vitivinícola nacional, é também certo que nenhum dos actuais presidentes das Comissões Vitivinícolas Regionais pretende ver a sua região ficar sem CVR, isto através de fusão ou de qualquer outro processo. Assim, foi fácil perceber que durante os discursos/apresentações feitas por João Casaleiro Costa (CVR da Bairrada), Joaquim Madeira (CVR Alentejana), Manuel Pinheiro (CVR Vinhos Verdes), Nelson Heitor (CVR Península de Setúbal), Pedro Castro Rego (CVR Ribatejo) e Valdemar Freitas (CVR Dão), que a estratégia passa fundamentalmente pela candidatura das respectivas CVR´s a Entidades Certificadoras, mas nada foi avançado na questão das fusões das CVR´s.

Actualmente existem 15 CVR´s, revelando o ministro da Agricultura, Jaime Silva, durante a sua intervenção que «sete CVR´s seria o número ideal a resultar do processo de fusões e concentrações», adiantando que, «no entanto, será o próprio sector a ter a última palavra». Antes desta intervenção do responsável pela pasta da agricultura, os presidentes das CVR´s que participaram no debate, nunca se referiram a uma possível fusão ou concentração com outras CVR´s, existindo quem não saísse esclarecido se porventura poderá haver uma fusão entre a CVR do Alentejo e do Algarve, levantando-se aqui a questão da futura denominação da mesma. Será que permaneceria do Alentejo ou seria do Sul? Que vantagens traria esta situação aos produtores alentejanos que, durante tanto tempo, batalharam para a imagem dos vinhos do Alentejo e que de repente vêm essa mais-valia desaparecer para ter de refazer todo o trabalho? E a não acontecer essa fusão, o que acontecerá ao Algarve? Existirá uma fusão com outra região ou pura e simplesmente desaparecerá?

Questionado sobre esta questão, o presidente da CVR do Alentejo não revelou qual será a estratégia relativamente a esta questão, remetendo-se ao silêncio.

Mais aceso foi uma possível fusão entre as CVR´s da Bairrada e o Dão, depois da primeira ter recuado na sua intenção de se fundir com a CVR da Beira Interior, situação que ia contra a vontade do ministro da Agricultura que sempre desejou uma fusão entre a Bairrada e o Dão. «Por vezes, existem casamento de conveniência que têm mais sucesso e duram mais», referiu Jaime Silva, mostrando, desde logo, disponibilidade para agendar uma reunião entre os dois responsáveis das CVR´s, de modo a reunir consensos.

De fora deste debate ficaram os vinhos do Douro e Porto, sob alçada do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP), referindo o Decreto-Lei que «em nome da flexibilidade que, desde já, se admite a consagração de um regime diverso para a região vitivinícola do Douro, atendendo à sua especificidade».

Certo ficou, também, que é desejada uma fusão entre as CVR´s do Ribatejo e Estremadura, avançando Pedro Castro Rego que existem conversações, não adiantando com quem.

No final ficou claro que todo o processo já está atrasado, referindo o ministro que «a partir de Junho de 2007 vamos de nos ter adaptar a uma nova COM. O sector vitivinícola mundial já mudou e nós, se já estávamos atrasados, mas atrasados ainda iremos ficar se este processo não estiver concluído o mais rapidamente possível».