Distribuição

Expansão brasileira da Wal-Mart

Por a 2 de Outubro de 2006 as 17:22

Wal-Mart aproxima-se do mercado gay

Depois de desembolsar mil milhões de dólares (790 milhões de euros) na aquisição das lojas da Bompreço e Sonae nos dois últimos anos, o presidente do Wal-Mart, Vicente Trius, irá acelerar também a expansão orgânica do grupo. O responsável pelo líder mundial do retalho anunciou recentemente, que o gigante americano irá investir mais de 300 milhões de euros na construção de 28 lojas, em 2007, correspondendo ao maior número de inaugurações e valor já investido em novas unidades desde a entrada do grupo no Brasil, em 1995.

O orçamento para 2006 prevê a construção de 14 unidades, que devem corresponder a cerca de 210 milhões de euros. Outros 70 milhões de euros estão a ser investidos em 2006 nas renovações das lojas, valor que inclui a transformação das 15 lojas das insígnias Balaio e Mini Bompreço, do Nordeste, que passaram ter a denominação “Todo Dia”.

Até o fim do ano, a Wal-Mart deve chegar às 304 lojas no Brasil, atingindo o terceiro lugar no ranking nacional de supermercados. «O mercado de discount oferece oportunidades enormes», afirmou Trius, ao justificar a maior ênfase da empresa neste segmento para o futuro. Das 28 unidades previstas para 2007, dez terão foco na população de menor poder aquisitivo. Serão abertas, por exemplo, duas lojas do Todo Dia e duas com a bandeira Maxxi, “herdada” da Sonae em 2005.

A aposta da Wal-Mart neste segmento reflecte o maior interesse das grandes multinacionais num formato que ficou conhecido no país com ”atacarejo”, mistura de “atacado” (grossista) com “varejo” (retlaho). Apesar de vender para pequenos comerciantes, essas lojas também atraem pessoas físicas de menor poder de compra. O Carrefour também acredita que o “atacarejo“ é um modelo de negócio promissor no Brasil. Segundo afirmaram alguns responsáveis do sector ao “Valor online”, as duas multinacionais, assim como o Pão de Açúcar, têm interesse na compra do Atacadão, maior cadeia de “atacarejo” do país que foi colocada à venda.

Sobre as negociações envolvendo a compra da empresa, Trius preferiu o silêncio. «As lojas do Atacadão são boas, mas não vou fazer comentários em cima de especulações». No Nordeste, em especial os formatos de discount apresentam maior potencial de crescimento. Na região, 89% dos consumidores são das classes C, D e E, enquanto, no Sudeste, esse percentual é de 72%.

Analistas do sector lembram, porém, que o mercado de discount pode parecer tentador pelas altas quantidades vendidas, mas há casos de experiências mal-sucedidas no país. Neste mercado, vende-se muito, mas as margens de lucro são muito reduzidas, o que requer uma gestão igualmente rígida de custos. «Não entraríamos neste segmento se os resultados obtidos até agora não mostrassem que esse seria um bom investimento», respondeu Trius, sobre as insígnias Maxxi e Todo Dia.

Segundo o presidente da Wal-Mart, nas lojas Todo Dia renovadas, houve um aumento de 16% no número de clientes, sendo que, de forma geral, o comércio a retalho registou um crescimento de 3 a 4%. «Este tem sido um ano difícil para os supermercados devido à deflação dos preços dos alimentos, mas a Wal-Mart continua a apresentar crescimentos reais nas vendas em lojas comparáveis», disse Trius. «Já percebemos que as pessoas estão a comprar mais alimentos e bens de consumo diários em vez de adquirir tantos bens duráveis, como aparelhos electrónicos», concluiu o presidente da Wal-Mart.