Bebidas

APCV teme recomendações europeias

Por a 19 de Setembro de 2006 as 17:56

APCV teme recomendações europeias

A Associação Portuguesa de Produtores de Cerveja (APCV) rejeita qualquer política de âmbito europeu sobre o consumo de bebidas alcoólicas. Antecipando-se ao anúncio de uma política legislativa comum sobre a matéria, agendado para este mês, a associação convocou os jornalistas para defender a necessidade de medidas adaptadas aos diferentes padrões de consumo de álcool existentes na Europa. Os resultados de um estudo sobre o consumo alcoólico a nível europeu – relatório Weinberg –, recentemente avaliado por um quadro de especialistas europeus, servem de fundamento à posição dos cervejeiros associados.

«Não são necessárias estratégias pan-europeias, o correcto seria cada país estabelecer as suas políticas», defende Alberto da Ponte, presidente da APCV. Uma política europeia de consumo de bebidas alcoólicas poderia ser «perigosa» para a indústria portuguesa, principalmente porque «pode ser modelada pelos hábitos dos países nórdicos, até porque a próxima presidência da Comissão Europeia é da Finlândia», afirma. Tal política seria prejudicial para Portugal, em que os hábitos de consumo são substancialmente diferentes, com 60% das bebidas alcoólicas a ser consumidas à refeição, e uma contribuição de 1,5% da indústria de cerveja para o PIB nacional, sublinhou.

De facto, uma das conclusões do relatório da consultora científica internacional Weinberg chama a atenção para o desconhecimento que existe quanto aos padrões de consumo nos países do Sul da Europa e os efeitos sociais e na saúde que eles provocam, referiu Pedro Marques Vidal. Professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, Marques Vidal integrou o quadro de especialistas europeus que avaliou, de forma independente, o dito relatório. «O estudo não defende o consumo do álcool, só duvida da eficácia de uma política pan-europeia, tendo em conta a diversidade de padrões de consumo existentes nos diversos países membros», sublinhou.

Escudando-se neste argumento, a APCV considera «desnecessárias» as propostas da Direcção Geral da Saúde e da Protecção do Consumidor da União Europeia (DG SANCO), cuja divulgação está agendada para este mês, e enviou hoje a Bruxelas um representante que dará conta à Comissão Europeia das preocupações dos cervejeiros portugueses. Embora não conheça exactamente as propostas em causa, a APCV teme medidas como a harmonização dos preços e regulamentação da publicidade a nível europeu, e a interdição do consumo a menores de 18 anos e jovens condutores: «Uma política de 0,0 gramas de álcool por litro de sangue para jovens condutores impede o crescimento da cerveja como tem sido até agora», confessa Alberto da Ponte.

Como alternativa, a APCV defende o reforço da eficácia da legislação já existente e a continuação de campanhas de sensibilização rodoviária e direccionadas ao consumo responsável nas discotecas. Além disso, a APCV acaba de elaborar um Código de Ética e Auto-Regulação para o sector da cerveja, que está neste momento a ser estudado pela APED e ARESP. «Captar estas associações é importante porque são os actos em que se consome bebidas alcoólicas em Portugal», defende Alberto da Ponte.