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Retalho massifica depilação

Por a 1 de Junho de 2006 as 14:00

Retalho massifica depilação

O mercado de grande consumo massificou a utilização dos depilatórios em Portugal, como o confirma os crescimentos de duplo dígito na maioria dos subsegmentos. A oferta é elevada, os preços acessíveis e trata-se de uma tarefa rápida e segura que pode ser feita facilmente em casa. Quando têm pouco tempo, as portuguesas preferem aplicar creme depilatório, quando se pretende um efeito mais duradouro, optam pelas bandas de cera fria.

“A Moderna Distribuição promoveu o boom do mercado dos depilatórios e a alteração dos hábitos de consumo em Portugal, graças à facilidade no acesso a este tipo de produtos, a uma oferta vasta e apelativa e preços mais acessíveis. Tal como o desodorizante ou a espuma de banho, estes produtos fazem parte da lista de compras mensal das portuguesas, que são feitas, regra geral, na Grande Distribuição”. É desta forma que Filipa Remígio, gestora de produto da marca Lycia (da Farsana), descreve a evolução de mercado.

A transformação da depilação “numa tarefa rotineira que pode ser executada em casa, de forma rápida e fácil e com resultados perfeitos”, foi, segundo a responsável, a maior evolução registada neste mercado. No que diz respeito à oferta, esta é cada vez mais ampla e adapta-se a todos os gostos e situações. “As marcas sugerem produtos para a maioria das situações: depilação mais rápida, eficiente, duradoura, para o duche, peles sensíveis, corpo, rosto, sobrancelhas e axilas”.

Quanto ao consumidor, Filipa Remígio garante que este “procura sempre um método fácil, rápido e seguro e é através destas três premissas que faz a sua escolha. Apesar de as tendências de consumo apontarem preferência por uma depilação duradoura, que implica a utilização de cera, muitas vezes, tendo em conta a urgência ou qualquer outro factor, o consumidor opta por métodos mais rápidos, como os cremes”.

O factor emocional também exerce influência na escolha do consumidor, como lembra Ana Mota, responsável pela marca Veet (comercializada pela Reckitt Benckiser). “Como na maior parte dos mercados de cuidado pessoal, o factor emocional é muito forte, pois o consumidor é relativamente leal à marca. Para além disso, está sempre à espera das últimas novidades introduzidas pelas marcas dos fabricantes. Estes factores fazem com que as marcas próprias representem menos de 5% do mercado da depilação cosmética (exclui lâminas)”, conclui.

Creme é a aplicação favorita

O mercado depilatório em Portugal cresceu a ritmo de duplo digito na maioria dos segmentos. As lâminas descartáveis femininas, o maior segmento deste mercado, registaram vendas em volume de 2,4 milhões de unidades, mais 16 por cento face ao exercício anterior, segundo o ano móvel JF da consultora Nielsen. Este segmento cresceu 27 por cento em valor para 1,3 milhões de euros. A análise Nielsen separa as aplicações espuma e gel das restantes (creme, aerosol, cera, bandas cera fria e outras). Tendo em conta o desempenho do conjunto destas últimas, as vendas em volume subiram 15 pontos em relação ao ano anterior, o que representa 2,2 milhões de unidades comercializadas. Em valor, as cinco aplicações representam mais de 10 milhões de euros, o que traduz uma subida de 11% face ao exercício transacto.

A aplicação preferida dos portugueses é o creme. Passaram pelas caixas de saída da Grande Distribuição 849 mil unidades destes depilatórios, o que significa que o subsegmento cresceu 22 por cento em volume. Em valor, subiu 13 pontos percentuais para 3,6 milhões de euros. Logo de seguida, a forma de aplicação mais vendida são as bandas de cera fria. Este mercado vale 3,1 milhões de euros, o que significa uma subida de 23 pontos neste indicador face ao exercício anterior. Foram comercializados 798 mil unidades destes produtos, mais 26 por cento do que no período homólogo.

Aerossol a descer

A cera cresceu 12 pontos percentuais em volume e 17% em valor, registando vendas de 2,3 milhões de euros para 350 mil unidades vendidas. A descer encontra-se a aplicação aerossol, que caiu 27 pontos em cada um dos indicadores em análise. As portuguesas levaram para casa 217 mil unidades destes produtos, o que cifra as vendas em valor perto dos 1,2 milhões de euros.

Entre espuma e gel, os portugueses preferem a segunda hipótese, embora ambas as aplicações tenham registado variações negativas nos dois indicadores. No que diz respeito à espuma depilatória, foram vendidas 289 mil unidades, ou seja, uma queda de 63% face ao exercício anterior. Em valor, este mercado representa mais de 5 mil euros, o que situa a descida nos 60 por cento face ao exercício homólogo. Quanto ao gel, passaram pelas caixas automáticas dos supermercados nacionais 17 mil unidades desta forma de depilação, menos 19% que no ano anterior, o que significa vendas de 400 mil euros e traduz uma quebra de 6 por cento face ao exercício homólogo.

Ainda existe um número significativo de consumidores que prefere descolorar os pêlos a depilá-los. Este segmento subiu 10 pontos em volume e quatro em valor. Foram transaccionadas 12 mil unidades, o que representa 780 mil euros. Por sua vez, as lâminas sistemas femininas desceram 25 pontos percentuais em cada um dos indicadores. Este segmento vale 1,7 milhões de euros para 770 mil unidades vendidas.

Novo nicho

Mesmo que continue a constituir um nicho para o qual não existem ainda dados estatísticos de análise concretos, merece especial relevo o facto de este mercado estar agora a atingir uma nova faixa de consumidores. Trata-se do segmento masculino, que define uma recente tendência de consumo. A marca Veet, por exemplo, lançou dois produtos especificamente dirigidos a este segmento. O gel creme depilatório de 200 ml, que promete retirar os pêlos em quatro minutos, e a cera depilatória, que os remove a partir da raiz.

“Veet é líder do mercado de depilação em Portugal e em todos os segmentos nos quais opera. No ano móvel JF 2006, atingiu cerca de 60% da quota em valor (Grande Distribuição+farmácias). Cerca de 2/3 das consumidoras portuguesas usam produtos Veet”, garante Ana Mota. Quanto aos hábitos de consumo em Portugal face aos restantes países europeus, a responsável da Reckitt Benckiser adianta que “a taxa de penetração dos produtos de depilação no mercado nacional está abaixo da média da UE, mas acima de países como a Áustria e a Alemanha.

O futuro do sector será certamente decidido através da inovação que as marcas conseguirem apresentar, tendo como pano de fundo o facto de a vertente cosmética e também a facilidade de utilização constituírem os principais eixos de desenvolvimento tecnológico.