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Mercado menos doce

Por a 11 de Maio de 2006 as 18:27

Doces

O mercado dos doces e similares registou um decréscimo no Ano Móvel Dezembro/Janeiro 2006. Apesar de deterem a maior quota de mercado em volume, as marmeladas perdem para os doces em valor, ficando as geleias a longa distância dos dois principais players.

De acordo com a consultora AC Nielsen, o mercado dos Doces e Similares decresceu em toda a linha. O Ano Móvel Dezembro/Janeiro 2006 apresenta uma descida de 4,5 pontos em volume, fixando a quantidade comercializada um pouco acima dos 4,6 milhões de quilos. Em valor, a quebra foi mais acentuada, registando-se uma diminuição de 6,7 por cento, colocando as vendas nos 16,5 milhões de euros.

Estes dados revelam que os portugueses estão cada vez menos adeptos dos doces e similares, existindo no mercado várias alternativas que estão a ganhar terreno. Lúcia de Freitas, gestora da marca Diese, revela que “está a haver uma deslocação do consumo de compota para a fruta fresca. A suportar esta suposição, refiram-se os problemas de sobrepeso e obesidade, o aumento da diabetes tipo II, as constantes referências à necessidade de restrição do consumo de alimentos muito açucarados e à importância da fruta fresca para uma dieta saudável”. A corroborar esta opinião, Lúcia de Freitas aponta, em função da estação, a variedade de frutos frescos nacionais e importados à disposição dos consumidores a preços que são acessíveis a diversas bolsas e exemplifica com o caso do ananás fresco que “há uns anos era considerado “fruta de rico”, devido à escassez de oferta e ao alto preço, passando o seu consumo muito à base de compota, podendo hoje ser adquirido no nosso mercado a um preço acessível”.

No caso dos doces, a gestora da marca Diese refere que “o aparecimento de alternativas mais saudáveis tem sustentado o nível de vendas deste mercado”, adiantando que na Categoria da Alimentação Saudável, onde a Diese se insere, “a oferta existente apresenta baixo teor da açúcar, a substituição da sacarose pela frutose de assimilação mais lenta e tolerada por diabéticos, combinação interessante de frutas, resultando propostas alimentares mais saudáveis”, contribuindo estes factores para um crescimento de volume de vendas, embora, como nos confidenciou Lúcia de Freitas, “não existam dados Nielsen para confirmar esta realidade”.

Marmeladas em volume

Detendo cerca de 57 por cento do mercado dos Doces e Similares em volume, as marmeladas continuam a dominar este mercado, apesar de terem registado uma descida no Ano Móvel Dezembro/Janeiro 2006. Os sete pontos de diminuição colocam as vendas em quantidade das marmeladas ligeiramente acima dos 2,6 milhões de quilos, significando isto uma perda de aproximadamente 185 mil quilos face a período homólogo.

Se em volume de vendas, o mercado é liderado pelas marmeladas, em valor, as posições invertem-se a favor dos doces. Na realidade, os 57 por cento de quota em volume não são acompanhados em valor, perdendo as marmeladas para os doces, detendo neste particular 40 por cento de quota. A situação actual das marmeladas revela uma descida de 8,6 pontos, fixando o valor de vendas nos 6,7 milhões de euros, ou seja, menos 577 mil euros que em período homólogo.

À quebra do segmento das marmeladas não deixará de ser estranho o facto de este ser um produto associado a alguma tradição, verificando-se que, de maneira geral, serem os consumidores de faixas etárias mais altas os que mais consomem este tipo de doce.

Doces em valor

Marcado pela alternância entre descidas e subidas, tanto em volume como em valor, o segmento dos doces inverteu a tendência apresentada no último Barómetro da AC Nielsen referente ao ano 2004. Detendo 41 por cento de quota de mercado em volume, os doces cresceram uns ligeiros 0,3 por cento no Ano Móvel Dezembro/Janeiro 2006, ultrapassando assim os 1,9 milhões de quilos. Este facto vem contrariar os dois últimos anos analisados pela AC Nielsen, dado se terem verificado descidas de oito (2003) e dois (2004) pontos percentuais, ficando o ano de 2001 marcado pela maior evolução registada neste segmento com uma subida de 14 por cento.

Já em valor, a situação é oposta, sendo que é no ano 2003 que se verifica a única descida dos doces na última década, com quatro por cento. Os restantes nove anos mostram subidas, apresentando-se 1998 como o melhor ano no segmento dos doces com uma evolução na casa dos dois dígitos (11%). Possuindo 56 por cento de quota de mercado, invertendo aqui a situação registada no volume de vendas com as marmeladas, os doces apresentaram no período em análise uma quebra de 4,4 pontos percentuais, fixando o valor comercializado ligeiramente abaixo dos 9,3 milhões de euros, isto é, menos 408 mil euros que no período homólogo.

Neste caso particular dos doces, Lúcia de Freitas refere que “pelos elevados teores em açúcar e índices calóricos, nem sempre as compotas e os doces de frutas tradicionais são uma boa alternativa alimentar”. Sabendo-se hoje que uma dieta, por mais equilibrada que seja, só é verdadeiramente saudável se acompanhada por exercício físico, “os doces com reduzido teor de açúcar, elevado conteúdo em frutas, sendo por isso de baixo valor calórico e indicados para dietas com restrição ao açúcar (sacarose) inserem-se no segmento de maior dinamismo do mercado. Ao nível dos sabores, verificam-se misturas saudáveis de frutas variadas com alguns legumes, resultando um valor nutricional interessante ou mesmo superior: a selecção de frutas e legumes rica em substâncias antioxidantes e vitaminas apresenta benefícios nutricionais e fisiológicos que ajudam a promover o bom funcionamento do organismo humano”, não sendo por isso de estranhar que, em termos de futuro, “tudo indica que a compota e o doce tradicional continuarão a perder consumidores e que as propostas de baixas calorias conseguirão segurar o volume de vendas”, diz Lúcia de Freitas, embora “a taxa de penetração dos doces da Categoria da Alimentação Saudável, um nicho de mercado, seja ainda baixa”.

Por último e fazendo ainda parte do universo dos doces e similares analisados pela AC Nielsen, as geleias registaram a maior descida em ambos os indicadores. Com uma quota de mercado de apenas dois por cento, a descida de 20 pontos fixou a quantidade comercializada um pouco acima dos 96 mil quilos. Já no caso das vendas em valor e apesar da descida ser ligeiramente inferior, 17,7 por cento, a quota de quatro por cento fixa as vendas em 582 mil euros.

Para concluir e relativamente à importância da Moderna Distribuição na comercialização deste tipo de produtos, Lúcia de Freitas admite que “os canais modernos revelam uma grande apetência pelas propostas de valor acrescentado e por esta razão é neles que as novidades aparecem em primeiro lugar”. Por outro lado, refere a gestora da marca Diese, “sendo as lojas da Moderna Distribuição um local de eleição dos consumidores para a compra dos géneros alimentares, é natural que da conjugação destes factores resulte uma importância deste canal para a venda das propostas alimentares mais saudáveis”.