FMCG Marcas

O quase negócio Danone

Por a 19 de Setembro de 2005 as 12:57

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O pretenso interesse da PepsiCo na aquisição do Groupe Danone causou diversas reacções quer no seio da empresa francesa, maior produtor mundial de iogurtes e que emprega 90 mil assalariados em todo o mundo, quer da parte do governo do país. Em cima da mesa, estaria uma suposta oferta pública de aquisição (OPA) hostil sobre a empresa agro-alimentar, cujo portfólio viria completar a oferta da empresa norte-americana, que comercializa, além da conhecida marca de cola, a bebida energética Gatorade, os sumos Tropicana e os cereias Quaker. As marcas da Danone, como a Evian e os iogurtes (possui ainda biscoitos e cereais), constituiriam um valor acrescentado para a resposta da PepsiCo à crescente procura de produtos saudáveis, possibilitando, simultaneamente, a penetração em vários mercados à escala mundial e conquista das respectivas, e na maior parte dos casos significativas, quotas de mercado.

Além disso, a PepsiCo iria beneficiar dos canais de distribuição do grupo francês, o que facilitaria o acesso a determinadas regiões do globo inacessíveis, até à data, para si. Paralelamente, além do governo francês, que manifestou a intenção de travar o negócio, especulou-se acerca da possível intervenção de outras “forças de bloqueio”, nomeadamente, outros grandes grupos alimentares. Coca-Cola, Nestlé e Kraft Foods foram nomes veiculados como possíveis interessados em socorrer a Danone, que encontraria numa série de aquisições a resposta imediata para ampliar a sua dimensão e contrariar os avanços de um potencial comprador. No entanto, a empresa norte-americana, em comunicado, veio pôr fim à especulação, negando a possibilidade da compra. Porém, o boato não deixou de suscitar repercussões para o grupo francês. As acções da Danone, que integram o principal índice da Bolsa de Paris, o Cac 40, caíram numa das sessões 7,58%, para 81,80 euros, com mais de cinco milhões de acções transaccionadas, e atingido durante essa mesma sessão um mínimo de 80,50 euros, valor muito distante do máximo do ano: 96,25 euros. Situação que contrasta significativamente com o verificado aquando do início dos rumores, onde chegou a subir 11%, fruto da expectativa de aquisição. No entanto, a empresa quer reforçar o núcleo duro accionista, pretendo para esse efeito que o Crédit Agrícole assuma uma posição accionista no grupo. A empresa quer reunir 15 a 20% do capital num grupo “amigável” de accionistas, de forma a ajudar a bloquear qualquer OPA hostil, depois de não confirmada a intenção da Pepsi.