UPREL vai lançar linha de bebidas orgânicas

A União de Produtores de Refrigerantes de Estarreja vai aventurar-se no lançamento de uma nova marca de bebidas orgânicas, deixando de ser um produtor exclusivo de refrigerantes

A União de Produtores de Refrigerantes de Estarreja está a preparar o lançamento de uma nova área de negócio em 2022. A propósito das comemorações dos 60 anos de atividade, a UPREL vai lançar uma marca de bebidas orgânicas engarrafadas em vidro, confidenciou Abílio Silveira, diretor geral da UPREL, em entrevista ao Hipersuper. “Vamos lançar uma linha de produtos orgânicos, 100% naturais e com características funcionais e benefícios para a saúde e o bem-estar”. Sem querer revelar mais pormenores sobre a nova linha de bebidas, Abílio Ferreira adianta que o alargamento da atividade da UPREL a esta nova área de negócio vai “forçar” a empresa a levar a cabo uma renovação de imagem que incide sobretudo na substituição da palavra refrigerantes no logotipo pela palavra bebidas.

O próximo ano é a altura ideal para “virar a página” para outras áreas do mercado, considera Abílio Silveira. São áreas “com as quais não estamos familiarizados, mas que nos parecem um desafio e uma aposta perfeita para esta fase”. A empresa fez um “largo investimento” em investigação, desenvolvimento e produção para lançar os novos produtos. O responsável está convicto que a nova linha de bebidas “diferenciadoras e todas com características funcionais ao nosso bem-estar e saúde” será “uma aposta vencedora” e que, se tudo correr como planeado, a empresa fará novos lançamentos nesta área de negócio a curto e médio-prazo.

Em 2022, a empresa prepara ainda o relançamento da Cirel (Consórcio industrial de refrigerantes portugueses S.A.R.L.), marca adquirida em 2007 e “com enorme reconhecimento na zona Sul do País”.

Algumas das iniciativas para assinalar o 60º aniversário da UPREL já tomaram forma no final do ano passado. É o caso do lançamento de uma edição limitada dos sabores originais Laranjada e Gasosa, em garrafa pirogravada que pode ser reutilizada, nos tradicionais canais de distribuição da empresa.

No conjunto destes projetos, a UPREL investiu até à data cerca de 100 mil euros. “Nos últimos anos, investimos cerca de meio milhão de euros na empresa, parte com recurso a uma candidatura a fundos comunitários. É realmente um esforço grande que estamos a realizar para que estes lançamentos sejam um ponto de viragem”, detalha o diretor geral.

Com o lançamento desta nova área de negócio, a UPREL, que conta com 18 funcionários a tempo inteiro, estima aumentar a faturação em 25% em 2022. Em 2019, antes da pandemia, a empresa faturou pouco mais de um milhão de euros, valor que prevê ultrapassar em 2021. “Em 2019, a faturação foi de 1.031.512 milhões de euros. Estimamos que este ano consigamos ultrapassar esse valor, apesar de todas as condicionantes provocadas pela pandemia de Covid-19, e que afetaram fortemente o mercado local onde atuamos, o de proximidade com muitas lojas de conveniência a fecharem”, detalha o diretor geral da UPREL.

60 anos de história para contar

A UPREL conheceu a luz do sol, em 1962, quando as empresas Vidoranja, Riamar, Confiança, Bedueiro, Flor de Loureiro e Santa Luzia se juntaram para a constituir. Esta operação de concentração foi fundamental para a empresa se preparar para os desafios que se adivinhavam, como, por exemplo, o fortalecimento da concorrência estrangeira.

“Num mercado com mais de um século de existência em Portugal, e quando na década de 50 existiam mais de 450 pequenos produtores de refrigerantes, a junção de esforços e competências mostrou-se fundamental”, considera Abílio Silveira. “Foi isso que os nossos fundadores fizeram, e em boa hora. O balanço destas seis décadas só pode ser positivo, conseguindo ultrapassar todos os desafios e dificuldades que se nos apresentaram, assim como alcançando formas de dinamização e evolução dos nossos processos, que nos deixam realmente satisfeitos”.

Neste mercado competitivo, manter uma empresa atualizada é um desafio diário, afirma o responsável. “Temos tido um especial cuidado na redução da quantidade de açúcares utilizados, no tipo de embalagens que utilizamos, assim como na imagem e comunicação das mesmas, apostando conceito ‘o que é nosso é bom’”. Além disso, é preciso “conseguir formas de superar a concorrência de escala estrangeira, que consegue praticar preços muito abaixo das empresas portuguesas”.

A fábrica em Estarreja tem capacidade para produzir quatro mil garrafas anualmente, repartidas pelas diferentes capacidades e produtos. Atualmente, a unidade de produção está a laborar em pleno. A empresa consegue controlar a produção praticamente desde a origem, uma vez que tem capacidade para controlar todas as fases do processo desde a receção das matérias-primas até ao carregamento dos contentores que seguem para os clientes finais. A empresa está atualmente a concluir o processo de certificação de qualidade alimentar ISSO 22000:2018, que abrange todos os processos da cadeia alimentar e garante a segurança do produto final.

Apesar de a maior parte do processo de produção estar modernizada, a fase inicial de mistura dos xaropes, a base das bebidas, é ainda feita manualmente. “Seguimos ainda hoje as receitas dos produtos originais, nos casos em que se aplica, recorrendo posteriormente a equipamentos mecanizados que nos permitem garantir maior capacidade de produção e um controlo mais apertado no que diz respeito à qualidade”.

Em setembro do ano passado, a fábrica estreou uma central fotovoltaica com recurso a uma técnica inovadora na instalação de painéis solares, que utiliza estruturas de betão, num investimento de 50 mil euros. Com esta nova central, a empresa consegue produzir mais de metade da energia que necessita para o funcionamento da empresa, o que poderá representar poupanças anuais superiores a 15 mil euros, estima o diretor geral.

“Este projeto marca mais uma etapa do caminho que pretendemos seguir com vista à diminuição do impacto ambiental das nossas operações, fundamental para garantirmos um crescimento sustentável por muitos e bons anos”, afirma Abílio Silveira.

Vendas online arrancam em 2022

A UPREL distribui as suas bebidas no comércio de proximidade, no canal Horeca e em alguns espaços da grande distribuição. Além de vender a distribuidores, armazenistas e cash&carrys ainda produz para outras marcas. 2022 marca ainda o alagamento do portefólio ao comércio online. “Temos como objetivo iniciar as vendas online, em algumas das nossas linhas de produto e em algumas marcas específicas, no decorrer de 2022”, adianta o responsável.

Mais do que uma estratégia por canal de distribuição, a empresa está a desenvolver diferentes estratégias para cada uma das marcas, atuais e das que irá lançar em 2022. “Julgamos que cada tipo de produto necessita de um enfoque específico e que nem sempre poderão ser abordados da mesma forma. Em alguns iremos apostar mais no online, outros terão uma equipa comercial própria e no que se respeita à comunicação alguma será interna, mas em alguns casos será em regime de outsourcing”, conta.

Cerca de 5% das vendas da UPREL são feitas em mercados externos nos continentes europeu e africano. “Temos cada vez mais procura por parte de clientes que trabalham mercados estrangeiros, nomeadamente o africano e o do leste europeu. Estamos, por isso, a ultimar alguns contactos e produtos específicos para abordar estes mercados”.

Uma das maiores preocupações da empresa tem sido a adaptação constante da composição e das embalagens das bebidas que comercializa às novas tendências de consumo. “Além da redução de açúcar e consequentemente o valor calórico dos nossos produtos atuais, lançamos recentemente uma linha Zero, totalmente livre de açúcares”. No futuro, “vamos reduzir a gramagem de todas as garrafas PET e ainda estamos a preparar a inclusão de garrafas R-PET, com 30% de PET reciclado, em algumas das linhas de produto a serem lançadas em 2022, com o objetivo de ultrapassar os objetivos fixados na diretiva europeia relativa às embalagens de bebidas. Vamos ainda lançar a nossa linha de produtos orgânicos em embalagens de vidro”, detalha.

Para desenvolver os projetos, a empresa conta com um gabinete químico interno, responsável pelo desenvolvimento e controlo de todas as fórmulas e processos dos artigos, e subcontrata empresas que dão apoio à elaboração de alguns dos novos produtos.

*Artigo originalmente publicado na edição 398 do jornal Hipersuper