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2017 foi um ano de reorganização para os dois fabricantes de pão de forma em Portugal

Por a 2 de Fevereiro de 2018 as 12:19

2017 foi um ano de reorganização para os dois fabricantes de pão de forma em Portugal. A Bimbo comprou 100% dos ativos da Panrico mas, em simultâneo, alienou o negócio de pão de forma à Adam Foods

O ano que terminou foi certamente desafiante para os dois fabricantes de pão de forma em Portugal que sofreram mudanças estruturais em resultado de negócios de aquisições e vendas. Em julho de 2016, o grupo mexicano Bimbo recebeu luz verde dos reguladores português e espanhol para a compra da totalidade do capital da Panrico. Fora desta transação, ficaram as marcas de pão de forma da Panrico que, em simultâneo, a Bimbo alineou à Adam Foods S.L.

A dona de marcas como Cuétara, La Piara, Bocadelia, Ovomaltine e Cola Cao, ficou, assim, com o negócio de pão de forma e derivados da Panrico, entre outros ativos, como as fábricas localizadas em Portugal (Gulpilhares) e nas Canárias (Espanha), além das patentes de produção e licenças para comercializar os produtos em Itália, França e Alemanha. Segundo contas do jornal espanhol Expansión, a integração da Panrico na Adam Foods representa vendas de 70 milhões de euros.

O grupo mexicano Bimbo, que detém a Bimbo Ibéria, dono de oito fábricas na Península Ibérica (uma em Portugal) ficou sobretudo com o negócio do pão doce. O seu portefólio saiu reforçado na Península, onde comercializa cerca de 100 referências de marcas como Donuts, Bollycao e La Bella Easo.

Pão desce, padaria cresce

O ano passado, em resultado das alterações estruturais nos dois fabricantes de pão de forma no mercado português, através destas aquisições e alienações, foi, assim, um ano de reorganização do negócio para estas empresas.

A acompanhar as alterações no seio destas empresas está um mercado de padaria a perder vendas, segundo os mais recentes dados da consultora Nielsen, que analisa as vendas no retalho alimentar. A categoria de produtos de padaria representou até novembro de 2017, face aos 12 meses anteriores, 139 milhões de euros. O segmento de pão embalado perdeu 6% das vendas para um total de 121 milhões de euros. A quantidade vendida caiu 9% para 43 milhões de quilos. O segmento de tostas embaladas valeu, assim, no mesmo período, perto de 18 milhões de euros, menos 2% face ao período homólogo. Em quantidade caiu 7% para 4,2 milhões de quilos.

Pelo contrário, a categoria de produtos de pastelaria está a crescer. As vendas do segmento de bolos individuais embalados cresceram 3% para 85 milhões de euros, no período analisado pela Nielsen. As vendas em volume subiram 1% para 16 milhões de quilos. Os bolos familiares embalados, por sua vez, aumentaram as vendas em 3% para quase 27 milhões de euros, enquanto em volume cresceram 1% para 4,8 milhões de quilos.

Setor espera “estabilidade” em 2018

No decorrer deste ano, não são esperadas grandes alterações na categoria de pão embalado que deverá apresentar uma performance estável, diz em entrevista ao HIPERSUPER Ana Morais, Brand Manager da Nutpor Breads, produtora e distribuidora do grupo Adam Foods. A dona da Panrico ainda encontra no “pão branco” a base do seu negócio mas, tal como nas restantes categorias de grande consumo, o futuro do consumo está em linha com a procura de produtos mais saudáveis. “Em novas fórmulas com redução do teor de sal e de açúcar e com cereais alternativos ao trigo”, explica Ana Morais, acrescentado que é o “segmento de pães integrais e com cereais e sementes que tem tido a melhor performance de vendas, em substituição do tradicional pão branco”. Além do eixo saudável, as oportunidades de crescimento para a categoria estão na inovação. “A Panrico tem sido pioneira ao longo dos últimos anos no lançamento de diferentes tipos de pão com o intuito de trazer novos consumidores para a categoria”. Como é exemplo a gama Especial Torradas, que tem na sua essência a ideia de possibilitar aos portugueses fazer comodamente o pequeno-almoço e o lanche em casa que tradicionalmente tomam nas pastelarias.

Aliás, comodidade, conveniência e uma textura “fofa” é o que procura o consumidor deste tipo de produto. “Quer ter em casa pão fresco a qualquer momento para não ter que se deslocar diariamente ao ponto de venda”. A empresa delineou uma estratégia, comum a todos os canais de distribuição, cujo objetivo é aumentar a frequência de compra. E está a apostar em produtos feitos em Portugal, “ao gosto do consumidor português”. No futuro, “todas as inovações seguirão este critério”, garante Ana Morais. Quanto a desafios, o maior entre os fabricantes de pão embalado é mesmo a concorrência das próprias cadeias de distribuição. “O maior desafio é combater a concorrência dentro da loja, ou seja as áreas de fabrico próprio que existem já num grande universo de lojas”.

 

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