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A fórmula que atrai investimento imobiliário para Portugal

Por a 30 de Novembro de 2017 as 11:16

Ativos imobiliários de “baixo valor” e a “abertura de capital” nos mercados internacionais constituem desde 2014 uma fórmula de sucesso para atrair investimento estrangeiro para Portugal, revela em entrevista ao HIPERSUPER Roberto Xavier, Diretor do Dolce Vita Tejo

Há quanto tempo está à frente dos destinos do Dolce Vita Tejo? Qual o seu percurso profissional?

Trabalho em gestão de centros comerciais há cerca de dez anos. No Dolce Vita Tejo estou há dois anos e meio. Fui convidado para o projeto na altura em que foi adquirido pelo novo proprietário [Eurofund compra Dolce Vita Tejo em janeiro de 2015] no sentido de fazer o reposicionamento do centro comercial, inaugurado em 2009. O meu percurso começou em 2008. Este setor sofreu grandes transformações nos últimos dez anos, talvez os anos que mais marcaram o setor do retalho pelas alterações e mudanças, tem sido um desafio muito grande.

Vem do grupo Eurofund, atual proprietário do shopping?

Não, venho do grupo Chamartin Imobiliária, antiga Amorim Imobiliária. Comecei na Amorim Imobiliária que, entretanto, foi adquirida pela Chamartin Imobiliária [Chamartin compra em outubro de 2016 100% do capital da Amorim Imobiliário por 500 milhões de euros]. No decorrer da crise económica, houve algumas alterações a nível de empresas, sendo que desde 2014 estou ligado à Inogi Asset Management, empresa dedicada à gestão de ativos imobiliários e que tem a sua génese na Amorim Imobiliária. Atualmente, é uma empresa com uma estrutura acionista independente que gere dezenas de ativos imobiliários em Portugal para clientes nacionais e internacionais, entre os quais o Eurofund Group.

Na sua experiência de 10 anos, quais considera serem as principais transformações do setor?

O que considero que veio mesmo alterar o paradigma do consumo e da compra foi a componente promocional e de descontos e que obrigou marcas e os centros comerciais a redefinirem as estratégias. As pessoas procuram as melhores oportunidades para comprar, uma tendência que se acentua de ano para ano. É a maior transformação, a par da digitalização da experiência de compra.

Em que consiste o projeto de reposicionamento do Dolce Vita para o conceito de “Shopping Resort”?

Quando o shopping abriu, em maio de 2009, vivíamos um período bastante conturbado em Portugal. Ao longo dos anos, este espaço tentou encontrar o seu lugar neste mercado competitivo, como é o dos centros comerciais em Portugal. Em 2014, um pouco fruto da retoma económica, várias entidades internacionais começaram a olhar para Portugal como uma oportunidade de investimento. O Eurofund foi uma delas. O fundo está sedeado em Madrid e foi responsável pelo desenvolvimento do conceito de “Shopping Resort” em Saragoça.

Quais os principais atrativos de Portugal na captação de investimento estrangeiro?

Os atrativos são os mesmos desde há alguns anos, talvez desde 2014. Tem a ver com as consequências da crise económica que fez com que os ativos se tornassem muito apetecíveis pelo baixo valor comparativamente com outros países. E também pela própria disponibilização de capitais no mercado internacional que permitiu a fundos e outras entidades bancárias voltarem a investir em ativos imobiliários. Estas duas componentes acabaram por ser uma ótima fórmula para trazer o investimento em Portugal.

Considera que o mercado nacional de centros comerciais se concentrou?

Não, pelo contrário, os ativos dispersaram por mais operadores até porque, há uns anos, o setor estava distribuído por quatro ou cinco operadores. No âmbito da crise económica, alguns operadores alienaram ativos e, atualmente, os ativos estão mais dispersos, tem diversos proprietários. O que também é mais uma mais valia porque trouxe conhecimento internacional ao setor que estava muito concentrado em grupos nacionais. Isto também teve muito a ver com o crescimento do turismo e de estrangeiros que vieram viver para Portugal, o que ativou fortemente o mercado imobiliário em Portugal.

 
*Entrevista originalmente publicada na edição de novembro do Jornal Hipersuper

 

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