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“A entrada de um novo operador é um sinal de vitalidade do mercado da distribuição”, Pedro Pimentel (Centromarca)

Por a 12 de Dezembro de 2016 as 14:47
Pedro Pimentel, director-geral da Centromarca
Pedro Pimentel, diretor-geral da Centromarca

Três perguntas a…
Pedro Pimentel

diretor-geral da Centromarca
Associação portuguesa de empresas de produtos de marca


Que valor acredita que a Mercadona pode acrescentar ao mercado português?

Não me parece que cadeias como a Sonae MC, a Jerónimo Martins ou a Lidl estejam, ao nível de conhecimento de negócio (com a vantagem de operarem há muito no mercado nacional), de gestão de loja, da própria conceção do espaço de venda ou das diferentes mecânicas de interação com o consumidor, em patamar inferior. O setor da moderna distribuição atingiu em Portugal um nível de sofisticação e de qualidade que está ao nível do que de melhor se faz em qualquer parte do mundo.

Acresce que alguns fenómenos de que, por vezes, o setor se queixa – por exemplo, a excessiva dependência da mecânica promocional – resultam em muita larga medida dos condicionalismos do próprio mercado, do formato de captação de rentabilidade pelos distribuidores e do baixo rendimento disponível das famílias portuguesas e não tanto de uma qualquer incapacidade de gestão dos operadores que os limite nas opções a adotar.

Que repercussão terá a entrada da Mercadona no mercado português? O que vai mudar no puzzle que atualmente compõe o setor da distribuição organizada?

A entrada de um novo operador é um sinal de alguma vitalidade do mercado da distribuição alimentar. Quando o entrante é a cadeia líder do setor na vizinha Espanha, onde nos últimos anos, vem adquirindo projeção, reconhecimento e liderança, a repercussão, pelo menos a nível potencial, é ainda maior.

Presumindo que, a médio-longo prazo, a Mercadona queira conquistar uma parcela de mercado que lhe permita competir fortemente com os dois grandes operadores nacionais, a sua estratégia de crescimento, de incremento de quota e de imposição de um modelo específico de negócio interferirá, logicamente, com o puzzle atual do retalho alimentar em Portugal e obrigará a movimentações agressivas dos seus principais concorrentes. A eventual incapacidade de traçar um percurso próprio no nosso mercado e a adoção de uma linha mais seguidista relativamente às tendências prevalentes em Portugal dificilmente proporcionará aos espanhóis a capacidade de se imporem e adquirirem uma posição substancial no nosso retalho alimentar.

Como devem preparar-se os retalhistas portugueses para o impacto desta entrada?

Julgo que, pelo menos nesta altura e face aos investimentos anunciados, a questão se deverá colocar maioritariamente de forma inversa: de que forma deve a Mercadona preparar-se para combater o modelo de negócio do Continente, do Pingo Doce ou do Lidl. Naquele que poderá ser o fator de distinção mais relevante – a variedade e perceção de qualidade dos produtos de marca própria – parece estarem já a surgir estratégias, por exemplo, no Pingo Doce e no Lidl, de elevação do patamar de notoriedade, de qualidade e, diria até, de glamour de algumas das suas marcas de distribuidor.

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