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Fernando Guedes Oliveira, CEO da Sonae Sierra, em discurso directo

Por a 9 de Março de 2012 as 12:11

O responsável pela operação de centros comerciais do universo Sonae mantém-se confiante para 2012, apesar de reconhecer que será um ano de “recessão, decisivo para a União Europeia”

P: Como foi o desempenho da Sonae Sierra ao longo dos últimos doze meses? O ano teve os resultados que esperava?
R: Estou muito orgulhoso dos resultados reportados dos últimos doze meses, apesar dos desafios colocados pelas condições de mercado. Aumentámos o nosso Resultado Líquido em 2011 graças à manutenção do fluxo de receitas e à redução de custos. No geral, e numa base comparável, as rendas globais subiram, e a nossa taxa de ocupação manteve-se acima dos 96% ao longo do ano – um feito assinalável em alguns mercados onde as vendas dos lojistas foram afectadas por uma redução do poder de compra do consumidor. Também mitigámos alguns dos riscos de mercado fora do nosso controlo directo, como a subida das yields e as limitações de capital, pelo que emergimos de um ano difícil relativamente intactos.

P: No actual contexto de turbulência económica, quais foram os principais acontecimentos de 2011?
R: Apesar das dificuldades cada vez maiores para assegurar novo capital e refinanciar dívida, especialmente na Europa, continuámos a sustentar o crescimento do nosso negócio através de novos projectos, e iniciamos a fase de construção em dois novos centros, no Brasil e na Alemanha. Isto foi possível graças à nossa estratégia pró-activa de reciclagem capital. No Brasil, a OPV do nosso negócio gerou fundos significativos, e na Europa essa estratégia incluiu a venda de dois centros comerciais em Espanha.

Ainda que as medidas governamentais de austeridade em alguns mercados europeus tenham afectado claramente o poder de compra e reduzido as vendas dos lojistas, conseguimos proteger os nossos fluxos de receitas e manter níveis de ocupação elevados. Isso foi possível graças à eficiência e à atenção da nossa gestão de activos, assim como à nossa disponibilidade para trabalhar de perto com os lojistas para proteger a viabilidade dos seus negócios.

Por último, continuamos a beneficiar da nossa expansão internacional, e o nosso crescimento em economias de crescimento rápido como o Brasil restringe o nosso risco em outros mercados onde o PIB está em menor crescimento. Em 2011, estabelecemos presença em Marrocos e na Argélia como fornecedor de serviços a terceiros, e passámos também a prestar serviços a um novo projecto na Croácia. O crescimento do nosso fornecimento de serviços a terceiros é outro factor de sucesso que nos permitiu reter talento, desenvolver novos fluxos de receitas e aumentar o nosso conhecimento de novos mercados.

P: Quais são as expectativas da Sonae Sierra para 2012? As perspectivas de negócio irão piorar antes de poderem melhorar?
R: Nos últimos anos tivemos de nos concentrar em manter a nossa estabilidade financeira, aumentando a eficiência operacional, controlando os custos e mantendo as nossas competências principais. Enquanto negócio, demonstrámos uma enorme resiliência e devemos emergir da actual crise financeira numa posição forte para regressar ao crescimento no contexto de uma nova realidade mundial.

2012 será um ano de recessão, decisivo para a União Europeia. Não há dúvida de que as condições económicas, que tiveram um impacto particular sobre Portugal, Grécia, e, em menor medida, sobre Espanha e Itália, irão afectar inevitavelmente o nosso desempenho na Europa.

No entanto, estamos confiantes de que continuaremos a apresentar resultados positivos, graças em parte à nossa distribuição geográfica, que nos permite estar presentes em países onde o crescimento económico é uma realidade. No Brasil, por exemplo, temos duas inaugurações marcadas para 2012: o Uberlândia Shopping e o Boulevard Londrina Shopping.

Em mercados maduros, manteremos o nosso empenho em melhorar a nossa eficiência operacional, e continuaremos a procurar novas oportunidades de investimento, com um enfoque na Alemanha e na Itália, onde este ano inauguraremos o Le Terrazze, em La Spezia.

Tenho o privilégio de liderar uma organização que é muito bem considerada pelos nossos clientes, parceiros, bancos e fornecedores, uma organização que age de forma responsável com as comunidades locais e com o ambiente, que é impulsionada por colaboradores dedicados que estão sempre à procura de melhores formas de fazer negócio. É por isso que estou confiante de que manteremos uma posição sólida em 2012, e continuaremos a crescer nos próximos anos.

P: No ano passado destacou uma série de oportunidades de expansão em mercados novos e emergentes. Foram materializadas? Planeia continuar a expandir o negócio em novas geografias?
R: Acreditamos que temos a combinação certa de capacidades para explorar o potencial oferecido por mercados novos e emergentes. Continuamos a explorar activamente oportunidades de exportar o nosso modelo de negócio. Alguns dos princípios-base que suportam a nossa estratégia de crescimentos para mercados novos e emergentes são:

Fornecimento de serviços a terceiros antes do investimento directo, para ficar a conhecer as características do mercado em primeira-mão, assim como os principais riscos e oportunidades.

Proceder à venda de alguns dos nossos centros operacionais em mercados maduros, para reequilibrar o nosso portfólio a favor de economias de crescimento mais rápido.

Estabelecer parcerias com investidores/operadores de centros comerciais de mentalidade semelhante, para partilhar conhecimentos, capacidades e riscos de investimento.

Actualmente estamos a explorar activamente mais oportunidades na Baía do Mediterrâneo (Marrocos e Argélia) e na Colômbia.

P: Quer comentar o desempenho ambiental e social da Sonae Sierra no ano que passou? Quais foram os principais destaques e desafios, e como é que a RC contribuiu para os objectivos de negócio?
R: Já estamos a colher os benefícios financeiros do aumento da ecoeficiência em todo o nosso portfólio – por exemplo, calculámos que em 2011 evitámos custos de 7,3 milhões de euros como resultado das medidas de eficiência energética que temos vindo a implementar desde 2002. Também mantivemos um forte desempenho nas nossas áreas de impacte social, mantendo os níveis de satisfação dos lojistas e visitantes, o nosso investimento nas comunidades locais, e reduzindo os acidentes entre a nossa força de trabalho.

Para a Sonae Sierra, a sustentabilidade significa a avaliação contínua da nossa performance económica, social e ambiental, procurando alcançar um equilíbrio harmonioso entre as três áreas. Continuamos a ser encarados como uma referência internacional de excelência em sustentabilidade no sector dos centros comerciais, tendo os nossos fundos de investimento sido recentemente considerados os mais sustentáveis pelo Global Real Estate Sustainability Benchmark. Acreditamos que a sustentabilidade será, cada vez mais, um factor decisivo nas nossas relações com os nossos stakeholders. A sociedade está cada vez mais atenta a questões ambientais e sociais, e está a premiar as empresas que mantêm estratégias de negócio responsáveis e resilientes. A legislação reflecte esta tendência, e é cada vez mais exigente.

Finalmente, através de uma cuidada análise custo/benefício, conseguimos provar que os princípios de sustentabilidade incorporados em todas as nossas áreas de negócio podem resultar numa redução dos custos operacionais, que por sua vez reduzem as taxas de serviço dos lojistas e contribuem para níveis de ocupação e satisfação mais elevados.

 

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