Distribuição

Apesar da crise, consumo é semelhante a 2007

Por a 17 de Novembro de 2009 as 2:00

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Embora mais concentrado em cestas maiores, o consumo está a voltar ao que era em 2007. Esta é a principal conclusão do estudo da TNS Worldpanel “A resposta dos portugueses à crise”, apresentado ontem num encontro com jornalistas e divulgado amanhã (Quarta-feira) junto do mercado.

O estudo da consultora indica que os portugueses, comparando os primeiros oito meses de 2008 com os de 2009, visitaram menos centros comerciais (-5,72%), aparecendo um consumidor a efectuar compras mais organizadas, mais planificadas, a comprar mais cestas de despensa, mantendo a infidelidade às insígnia, verificando-se, também, um desaceleramento do crescimento das marcas próprias da distribuição (MDD).

Fundamentalmente, o consumidor está a comprar menos vezes, mas em maior quantidade, mostrando os números da consultora que os gastos por acto e compra aumentaram 4%, enquanto o volume por acto de compra cresceu 6%. Na comparação YTD P8.09 vs. YTD P8.08, registou-se um aumento do volume de compras do total de produtos FMCG em 2,8%, enquanto em valor esse crescimento não foi além dos 0,3%. Os dados indicam, também, que o gasto médio baixou em 0,9%, enquanto o preço médio e a frequência de compra decresceram 3 e 4,4%, respectivamente.

Os produtos frescos (fruta, legumes, carne e peixe) foram os que sofreram uma maior redução no preço comprado pelos consumidores, verificando-se que, enquanto o preço médio total FMCG desceu 3%, os preços dos produtos frescos caíram 7,4%, mantendo-se o preço os FMCG (sem frescos) estagnado.

Se de 2007 para 2008 os dados mostram um quebra nas compras de cestas com mais de 15 categorias, 2009 parece querer regressar ao “normal”, registando-se um aumento de 6%, representando estas cestas de despensa 28% do valor total das compras.

Mas não foram só as várias categorias que compõem os produtos FMCG que cresceram. Também os artigos de beleza e higiene, após quedas de 7,6 e 3,3%, respectivamente, voltam a crescer de 2008 para 2009. No caso dos produtos de beleza, a consultora indica um crescimento de 2,1%, enquanto nos produtos de higiene esse aumento foi de 3,5%.

Não se pense, contudo, que este aumento nas compras por parte dos portugueses foi feito às “custas” das MDD, pois os dados da TNS Worldpanel mostram que o gasto em MDD continua em alta, mostrando, no entanto, um abrandamento. Ou seja, se o crescimento das MDD YTD P8.08 vs.
YTD P8.07,em valor, foi de 21,6%, no período YTD P8.09 vs. YTD P8.08 essa subida ficou-se pelos 7,4%, situando-se a quota das MDD no final de Agosto em 33% contra os 31% de período homólogo.

Mas como é que os portugueses reagiram há crise? Pois, segundo a TNS Worldpanel existiram quatro maneiras diferentes de viver a crise – despreocupados, solidários, influenciáveis e impactados – sendo que os dois primeiros representam 28% da população, ficando os outros dois grupos com um peso de 72%. Destes, os impactados constituíram 22% da população nacional e foram verdadeiramente afectados pela crise económica, avançando a TNS que 52% deste grupo mudou de loja habitual na procura de melhores preços, sendo que são um grupo muito preocupado com as compras.

Factor importante na crise, foi a questão ligado ao (des)emprego, verificando-se uma interessante correlação negativa entre as preocupações com o desemprego e os gastos no grande consumo. Ou seja, a forma como a população viu a situação social é o maior optimismo ou pessimismo com que encarou o contexto, influenciou o seu consumo mesmo que não existam razões objectivas ou financeiras para o fazer.

“Felizmente vemos hoje sinais de recuperação no comportamento de consumo, mas de algum modo esta crise criou um consumidor mais racional e mais contido, sendo ainda cedo para afirmar que este tipo de comportamento será duradouro” admitiu Paulo Caldeira, director de Comunicação da TNS Worldpanel Portugal, no encontro com os jornalistas. “Notámos que o impacto nos hábitos de consumo foi claramente induzido pelo ambiente social, mais do que propriamente pela situação financeira efectiva dos portugueses, daí que um dos grandes desafios para 2010 passe por reconstruir a confiança do consumidor”.

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