Editorial

Respeitinho Senhores, respeitinho!

Por a 20 de Março de 2009 as 6:35

vitor jorge

Numa recente entrevista ao programa Negócios da Semana, da SIC Notícias, Alexandre Soares dos Santos, Chairman do grupo Jerónimo Martins, referiu que os políticos portugueses não se dão ao respeito e que o perigo não está em determinados partidos políticos e seus dirigentes, mas antes no desemprego, no não crescimento, e no facto de as pessoas sentirem que não têm na governação alguém que responda às suas necessidades e ambições.

Ora, bastaram poucas horas para que a confirmação chegasse, não de um qualquer programa de televisão, rádio ou entrevista publicada em jornal, mas do local que deverá, ou melhor, deveria dignificar a nossa democracia, precisamente a Assembleia da República.

Pouco me interessa se foi o Dr. X, do partido político A, a insultar o Dr. Z, do partido B, ou ao contrário.

O facto é que está a tornar-se um hábito, o espaço onde os deputados eleitos pela população de Portugal, debatem tudo menos o que interessa aos que daqui a poucos meses terão de ir por três vezes colocar a cruz num qualquer boletim.

Prometi a mim mesmo, não utilizar nestas breves linhas uma palavra que está a começar a fartar um comum do mortal, sabendo e reconhecendo que os dias não estão fáceis (para ser o mais optimista possível).

No entanto, perante estas dificuldades todas, não deixa de ser, contudo, curioso verificar que as Finanças não cobraram ou preparam-se, ou melhor ainda, desistiram de cobrar 3,6 mil milhões de euros em dívidas ao Fisco e à Segurança Social.

E o mais curioso é a explicação dada para este facto, ou seja, as dívidas passaram de prazo ou o fisco simplesmente reconheceu que não dispõe de condições e forma de as cobrar.

Do total da dívida de 3,6 mil milhões de euros, soube-se que a não cobrança de 1,4 mil milhões de euros ficaram a dever-se à prescrição do prazo para a sua cobrança que, regra geral, é de dez anos.

Sabendo-se que os cofres do Estado não transbordam em dinheiro, e que para combater esta conjuntura (ups, quase que utilizei a tal palavra), o actual Executivo – e o(s) próximo(s) – necessitam, o que o comum popular chama de dinheiro, é, de facto, uma falta de respeito perante o normal contribuinte, reconhecer-se que, ou não se tem condições para cobrar a dívida, ou que se deixou prescrever essa dívida.

Gostaria de saber o que a Direcção-Geral das Contribuições e Impostos (DGCI) faria, caso uma empresa portuguesa em dificuldades chegasse a uma qualquer repartição de finanças e dissesse que não tinha condições para pagar os respectivos impostos?

Por isso, a mensagem que deixo aqui à classe política é a seguinte: que não se queiram respeitar uns aos outros ou que simplesmente não se queiram dar ao respeito é uma problemática que só à classe política diz respeito. Mas pelo menos respeitem quem daqui a poucos meses ficará sujeito a ser “chateado” diariamente para colocar a cruz num qualquer boletim.

Deixe aqui o seu comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *