As desvantagens do sistema de HACCP
por Joaquim Dias, Muito se tem escrito sobre as virtudes do Sistema de HACCP como a forma mais eficaz de prevenir a contaminação dos alimentos e de salvaguardar a saúde […]

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por Joaquim Dias,
Muito se tem escrito sobre as virtudes do Sistema de HACCP como a forma mais eficaz de prevenir a contaminação dos alimentos e de salvaguardar a saúde dos consumidores. Na realidade, este modelo de segurança alimentar é o mais completo e eficaz, pois ao contrário do que sucedia anteriormente, em que a análise do produto final e a reacção após ocorrer problemas era prática comum, o HACCP assenta a sua acção na prevenção, identificando os potenciais riscos antes de se obter o produto final, agindo de forma a eliminar ou reduzir esses riscos para níveis aceitáveis.
Como todos os sistemas, o HACCP apresenta defeitos e problemas que podem tornar a sua implementação uma desvantagem, em especial nas pequenas empresas onde os recursos humanos e monetários são reduzidos. O principal problema que as empresas enfrentam são os custos associados à sua execução e manutenção. De acordo com um estudo realizado em 2003 pela USDA (United States Department of Agriculture), o aumento dos custos provocados pela implementação do HACCP variam entre os 2% e os 5%, tendo como implicação o aumento dos preços dos produtos no consumidor final (os alimentos de origem animal subiram cerca de 1%) e o encerramento de algumas unidades por falta de condições ou por falta de capacidade no cumprimentos dos requisitos, levando outras empresas, já devidamente preparadas, a beneficiarem do aglutinamento de um negócio extra. De acordo com o mesmo estudo, as áreas onde o investimento é mais expressivo, é na criação e no desenvolvimento do sistema de HACCP, na melhoria dos equipamentos e estruturas, na formação, na higienização das instalações e no controlo do sistema através de análises e auditorias. Se os dois primeiros pontos são investimentos iniciais, os restantes são investimentos rotineiros que representam mais de 50% do total do investimento realizado neste sistema de segurança alimentar.
Actualmente, existem três grandes referenciais para a certificação das empresas em segurança alimentar, a ISO 22000, a IFS (International Food Standard) e a BRC (British Retail Consortium). Todas estas certificações têm como base o sistema de HACCP, no entanto, algumas são reconhecidas e exigidas por determinadas empresas para a existência de uma relação comercial e outras não o são. Como exemplo, as empresas norte-americanas e inglesas preferem trabalhar com a BRC, mas a maioria das empresas alemãs preferem a IFS. Isto obriga as empresas exportadoras, a estar em certificadas simultaneamente nos vários referenciais, traduzindo-se numa despesa bastante avultada, quer pela via da implementação, quer pela via da manutenção de certificações que têm por base o mesmo sistema.
Outro obstáculo associado à implementação do HACCP é a resistência à mudança, situação comum sempre que se tenta implementar algo de novo. De facto, pedir às pessoas que alterem os seus hábitos ou procedam de outra forma implica sacrifício e tempo, criando muitas vezes um mal-estar e incompreensão por parte dos colaboradores. Esta situação só é devidamente ultrapassada através da formação e do empenhamento da gestão de topo, sendo o “timing” e o modo da implementação crucial para o sucesso do sistema e para ultrapassar possíveis atitudes de resistência e inércia.
Em termos técnicos, a grande desvantagem do HACCP é a quantidade e complexidade de requisitos exigidos, a documentação e a papelada que irá originar. Este problema não está directamente ligado ao sistema em si, mas a quem o implementa, pois o desconhecimento da matéria e a orientação excessivamente académica leva, na generalidade das vezes, a um sistema desadequado ao tipo de operação realizado, gera registos em massa e cria entraves a um processo eficaz. O conceito de “apenas o que é necessário” é algo muito válido, e deve ser tido em conta sempre que se implementa um sistema deste tipo. Muitos consultores de segurança alimentar, por via da pouca experiência e falta de conhecimento técnico, contribuem largamente para esta desvantagem, esquecendo-se por vezes da regra de ouro das empresas – elas existem para gerar receita.
Mais desvantagens e problemas na implementação do HACCP se poderiam aqui evocar, no entanto, como já foi referido, nenhum sistema é perfeito e este não é excepção à regra. Para aceitar a implementação do HACCP, está a necessidade de compreender os benefícios que este sistema de segurança alimentar contém, para lá de quaisquer imposições legais, e acreditar que as vantagens são superiores às desvantagens.
Director de Qualidade, Grupo GCT